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Festival do CCSP 2013

Por que estamos escrevendo menas?

01.10.13


A redação publicitária brasileira foi alvo da palestra “Por que estamos escrevendo menas?" (sic), no Festival do CCSP 2013. E como o próprio nome do painel demonstra, a qualidade dos textos produzidos nas agências é vista como uma das principais responsáveis pela perda do vigor criativo da propaganda brasileira. O diagnóstico foi claro: as gerações mais novas estão lendo pouco e criando textos com menor qualidade e relevância. 



Segundo Pedro Prado, redator e diretor de criação da F/Nazca Saatchi&Saatchi, os meios eletrônicos até estão forçando as pessoas a escreverem mais, só que os raciocínios de composição dos textos publicitários estão cada vez mais rasos. “A propaganda está se tornando superficial”, dispara Prado, que integrou o debate ao lado de Fernando Nobre (Borghi/Lowe), André Kassu (AlmapBBDO), Erick Rosa (JWT) e Rafael Merel (Y&R).



Em uma conversa informal, baseada na troca de experiências do dia a dia, os publicitários disseram que a instantaneidade da comunicação do mundo contemporâneo é uma das causas das deficiências dos mais jovens. “Está tudo instantâneo. O déficit de atenção é geral. Os redatores perderam a capacidade de raciocínio”, critica Nobre.



Os redatores também assumiram uma posição mais dura em relação a certas “desculpas” que tentam isentar os criativos da baixa qualidade dos textos. Uma delas, em geral, é dirigida à formulação dos briefings. “A gente reclama que o atendimento não gastou tempo escrevendo aquele briefing, mas acho que a gente também tem que gastar mais tempo no anúncio que estamos fazendo”, afirma Prado.



Para Kassu, o hábito de “driblar” o briefing tem que acabar. E parte da solução desse problema precisa contar com a participação dos próprios criativos. “Temos que enfrentar o briefing e ajudar um pouco a construí-lo”, afirma. “Algumas vezes, podemos até gastar mais tempo no briefing do que criando, efetivamente, mas o resultado será melhor”.



Rafael Merel trouxe alguns exemplos de respostas dadas por alunos que prestam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para demonstrar que as perspectivas de uma melhor qualificação dos textos nas agências podem não ser boas. "As pérolas do Enem ilustram um pouco do que está vindo por aí", acredita Merel. 



Apesar de a palestra transcorrer em tom bastante informal, ilustrada por situações cotidianas das agências, os redatores deram um recado bem claro para os jovens redatores do mercado: a tolerância com erros de ortografia não pode mais existir nas agências. “É inadmissível erro de ortografia de um redator”, diz Nobre afirmando que quem quiser continuar na profissão terá que ter a gramática na ponta da língua e do lápis.



Ruy Barata Neto



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