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O que pensam os jurados (Fernando Nobre)
O Clubeonline apresenta um bate-bola sucinto e objetivo com todos os jurados que irão representar o Brasil no Cannes Lions, este ano.
Acompanha abaixo o que tem a dizer Fernando Nobre, da Borghi/Lowe, nosso jurado em Film.
1. Nome, cargo e há quantos anos comparece ao Cannes Lions.
Fernando Nobre, Vice-Presidente de Criação da Borghi/Lowe.
A primeira vez que estive em Cannes foi em 1999, como Young Creative.
De lá para cá, já fui dez vezes ao Festival.
2. É sua primeira vez como jurado neste Festival? Qual a importância deste convite?
Sim, eu nunca havia sido jurado em Cannes. E a primeira vez ser logo em Film, a categoria que está no DNA do Festival, me deixou muito feliz. Saber que a sua trajetória e o seu critério foram considerados suficientemente bons para que você fizesse parte de um grupo muito pequeno de pessoas que vão apontar os melhores filmes publicitários do ano, no mundo, é muito bacana.
3. Como você está se preparando para o julgamento?
Trabalhando! Quer dizer, exercendo diariamente o critério em cada job que fazemos na agência, me atualizando por meio de sites daqui e de fora sobre o que de melhor e de mais novo está sendo feito em filmes, assistindo aos breaks comerciais, sendo impactado por filmes o tempo todo nas redes sociais, enfim, nada de espetaculoso, de especial. Seguindo os meus hábitos de redator e diretor de criação.
4. Já viu trabalhos, nacionais ou internacionais, na sua categoria ou em outras, nos quais aposta?
Já vi muita coisa daqui e de fora na minha categoria. Estou bem focado nela. Inclusive já começamos a julgar o long long list de Film. Mas apostas não faço, não. A chance de acertar é infinitamente menor do que a de errar :-) Na verdade, é tanto filme bom, de tantos lugares do mundo; que, mesmo estando bem informado, você não conhece muitos deles. E como é uma competição, impossível cravar quem vai levar. Sempre aparece um concorrente que acaba derrubando os prognósticos.
5. De modo geral, quais suas expectativas em relação ao desempenho do Brasil, este ano, no Festival?
Também é uma resposta difícil de se dar. De novo, porque você só vai ter uma visão geral e acurada do todo ao julgar o todo. Hoje, qualquer resposta ainda é imprecisa. Mas comparando a produção brasileira de filmes com, digamos, os últimos 5 anos, a minha sensação é a de que evoluímos em termos de formatos - temos mais filmes on-line, mais branded content em filme, além de continuarmos sabendo fazer os comerciais de 30". E do ponto de vista da execução, também comparando com alguns anos atrás, demos um salto qualitativo. Temos mais trabalhos bem cuidados, com produção e linguagens de padrão internacional.
6. O Cannes Lions virou um grande Festival, com mais categorias a cada ano e no qual as agências brasileiras investem um grande montante de dinheiro, não só em inscrições, mas também no envio de suas equipes. Você mudaria alguma coisa no Festival, se pudesse?
Mudaria, sim. Mas não posso. ;-)
Falando sério: todo mundo tem um ponto de vista sobre Cannes, o que melhorou, o que ainda poderia ser melhorado, o que devia mudar de vez e coisa e tal. A verdade é que o Festival é um organismo vivo, que acompanha tendências do mercado e busca refleti-las em suas categorias. E que também inspira tendências para a nossa indústria. Em processos assim, é preciso estar o tempo todo atento, monitorando o que funciona e o que não, promovendo ajustes, eventualmente voltando atrás, revisando categorias etc. E isso tudo não se pode negar que a organização do Festival de Cannes faz.
7. Como avalia a qualidade das palestras e a infraestrutura do evento?
Palestras são como as ideias que são inscritas em Cannes. Tem long list, finalistas, leões e GPs. Você vai ver algumas coisas fracas no long list, mas também vai sair inspirado por algumas palestras com nível de leão de ouro.
Quanto à infra, o Festival cresceu muito nos últimos tempos. Quantidade de categorias, quantidade de delegados, quantidade de palestras, workshops, jornalistas, mas o Pallais é o mesmo e aí sentimos todos um pouco as dores do crescimento.
8. O fato de agora haver um grande número de ‘celebridades’ anunciadas dentre os palestrantes te parece um diferencial atraente?
A palavra-chave para mim é relevância. Seja uma celebridade do momento ou um até então ilustre desconhecido, se o assunto que abordar na palestra for relevante, terá valido a pena ficar num auditório escuro ao invés da ensolarada Croisette.
9. Recomenda alguma palestra nesta edição do Festival?
Separo aqui cinco palestras nas quais eu iria. Mas não irei, afinal vou estar enfurnado a semana toda numa salinha julgando Filmes.
SENTIENCE: THE COMING AI REVOLUTION
Tim Berners-Lee - Computer Scientist, best known for inventing the World Wide Web
Mike Cooper - Worldwide CEO - PHD Worldwide
#WEHAVEAPLAN - 7 BILLION PEOPLE 7 DAYS
Richard Curtis - Filmmaker, Humanitarian, Campaigner - Project Everyone
Sir John Hegarty - Founder, Creative - Bartle Bogle Hegarty (BBH)
Mariella Frostrup - British Journalist, TV & Radio Presenter
9TH ANNUAL GREY MUSIC SEMINAR.
Tor Myhren - Worldwide Chief Creative Officer - Grey Group
Marilyn Manson - Musician
HOW CREATIVITY IN LATAM HAS BECOME A REFERENCE FOR BRANDS.
Joanna Monteiro - VP Creative Director - FCB Brasil
Jose Miguel Sokoloff - President, Mullen Lowe Group Global Creative Council and Co-chairman and CCO Lowe SSP3 Colombia - Mullen Lowe Group
Pablo Rodriguez - President, World Markets, Latam - IPG Mediabrands
Laurel Wentz - Global and Multicultural Editor - Ad Age
CREATING CONSTELLATIONS: UNLEASHING CREATIVITY THROUGH COLLABORATION
Bob Pittman - Chairman, CEO - Clear Channel
Pharrell Williams - Artist
10. Algo mais?
Cannes tem o lado competição. Natural no nosso negócio. Mas não podemos nunca deixar de olhar o Festival como fonte de inspiração, como momento para revisar critérios etc. Quanto mais sairmos de lá nos sentindo burros, mais inteligentes serão os trabalhos que faremos voltando para cá.
Leia anterior, com o jurado Guilherme Jahara, da F.biz, aqui.