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Cannes Lions 2022

GP de Titanium foca em narrativas sobre a violência

24.06.22

O Grand Prix de Titanium Lions, da Engine de Londres para a Kiyan Prince Foundation, EA Sports, QPR e Match Attax, tem como narrativa principal a questão da violência. Kiyan Prince era um jovem talentoso no futebol que foi comprado pelo Queens Park Rangers, time da Inglaterra.

No entanto, ele acabou assassinado por arma branca em meio a uma briga na escola, em 2006. O case quis relembrar o legado de Prince, ao criar um rosto e uma carreira para o jogador, como se ele ainda estivesse vivo, através de análises de dados de seus colegas de equipe, imaginando como teria sido sua vida. Ele se tornou jogador do Fifa 21, com um grau de realismo que impressionou aos jurados. Também estampou cards e foi patrocinado por marcas em anúncios. Uma forma de mostrar o quanto a violência é intolerável, e tabém do potencial da criatividade para mudar narrativas. Nesse caso, a ideia é inspirar jovens a buscarem a melhor versão de si próprios, sempre.

O juri presidido por Rob Reilly, Global Chief Creative Officer do WPP, teve como representante brasileiro Luiz Sanches, CCO North America da BBDO & Chairman/Partner da AlmapBBDO. Ele falou que a narrativa sobre a violência foi o que conquistou o júri, em um contexto de tantas mortes de jovens em escolas em todo o mundo. E o game como meio para despertar essa conversa. “Tenho filho loucos por videogame e futebol, e se visse uma peça sobre o tema em vídeo, não prestaria atenção. Mas a ideia entra na narrativa dele, no game, o que faz ele mesmo querer conhecer a história e ir atrás da notícia. Isso torna o aspecto desse Titanium diferente. A publicidade tem que atuar na questão da violência, pois temos poder forte de tocar o coração das pessoas”, afirma Sanches.

Houve um segundo case que tratou de violência na juventude, “The Lost Class”, da Leo Burnett Chicago para Change The Ref, vencedor de um Titanium Lions. A ação quis levar aos lobistas de uso de armas a consequência de seus atos. A marca convidou um executivo da NRA, associação nacional de rifles, para falar na formatura de uma escola em Las Vegas - fictícia, criada pela agência. Ao chegar, eles andaram em meio a 3.044 cadeiras vazias, representando uma classe que poderia ter se formado, mas que não conseguiu por terem perdido a vida devido à violência de armas no pais nos últimos anos. A ação teve uma petição para demandar aos legislativo do país tomar ações sobre a causa.

Ao todo, 6 cases saíram premiados do Titanium Lions - além dos dois cases, também ganharam “Shah Rukh Kham-My-Ad”, da Ogilvy Mumbai para Cadbudy, “The Unfiltered History Tour”, da Dentsu Creative para Vice Media (ambos cases da Índia), “Dyslexic Thinking”, da FCB Inferno de Londres para Virgin Group, e “Dot Pad, The First Smart Tactile Graphics Display”, da Serviceplan de Munique para DOT.

Diante de um cenário sem presença brasileira na lista de premiados, Sanches afirma que a publicidade brasileira pode estar se preocupando muito em contar seus cases de uma forma “gringa”, e perdendo o que tinha de diferente. “Isso é normal, e acontece de tempos em tempos no festival. Precisamos pensar, para o ano que vem, na forma como estamos contando nossas histórias. O case mexicano, (Data Tienda, GP em Glass Lions e Creative Data) por exemplo, conseguiu contar sua história muito bem. com um problema que é global, mas de um jeito local. Temos que fazer isso agora”, explicou.

A cobertura do Cannes Lions 2022 pelo Clubeonline tem o patrocínio de Asteroide, Canja Audio Culture, Côrtes e Companhia, Fantástica, Google Brasil, MugShot Produtora de Som, Publicis Brasil, Wunderman Thompson e Smiles.

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