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Economia compartilhada

Da hospedagem ao turismo, Airbnb vive o desafio de crescer

21.03.17

Famoso por ser uma plataforma de hospedagem, o Airbnb vem apostando na força do turismo, e não apenas como fornecedor de casas, apartamentos, quartos e até moradias inusitadas como iglus e castelos. Em novembro passado, o CEO da empresa, Brian Chesky, anunciou que a companhia estava se transformando em uma plataforma de viagens. Lançava o serviço Airbnb Trips, que disponibiliza itinerários e passeios criados por moradores de uma cidade com o objetivo de oferecer experiências locais autênticas. A novidade chega em junho ao Brasil, a começar por São Paulo e Rio de Janeiro.

A informação foi dada nesta terça-feira, 21, por Chris Lehane, diretor global de políticas públicas do Airbnb, que esteve em São Paulo no seminário Digital + Local, que discutiu transformações nas cidades e nas relações entre as pessoas na era da economia compartilhada. O evento, organizado pela empresa, focou boa parte das apresentações e dos debates em números de crescimento da companhia e também nos desafios enfrentados pelas corporações nascidas na era digital.

Experiência está no centro”, disse Lehane. No Japão, é possível passar um dia com um artista especializado em espadas samurais. Em Cuba, pode-se fotografar cenas pela ótica dos moradores locais. O executivo do Airbnb já até experimentou uma das propostas que entrará para o “cardápio” da empresa no Brasil: um roteiro de bares em Copacabana para conhecer a cachaça. “O Airbnb se trata de conectar pessoas a pessoas e aumentar a interação humana”, afirmou Lehane, reforçando que a plataforma adentra o mundo das viagens.

Enquanto os novos passos não são dados no país, a empresa celebra os números conquistados até agora. O Brasil e a América Latina são regiões que demonstram potencial de crescimento. Para ilustrar como se expande o negócio por aqui, o diretor-geral da operação brasileira, Leonardo Tristão, apresentou os resultados obtidos em 2016 no Rio de Janeiro, ano de Jogos Olímpicos. Foram 85 mil pessoas hospedadas (veja mais abaixo dados de uma pesquisa da Fipe sobre o impacto do Airbnb).

O Airbnb está em 191 países e 65 mil cidades. Em 2016, no Réveillon, a empresa bateu seu recorde de hospedagem: 2 milhões de pessoas passaram a virada do ano em algum propriedade listada na plataforma. No Brasil, de 2015 a 2016 houve um crescimento de 101%. Hoje, no país, estão disponíveis cerca de 137 mil imóveis, contra 58 mil de 2015.

Turismo em transformação

Lehane, em sua apresentação, lembrou que a atividade turística está se transformando. Ele apontou que o segmento representa 10% da economia global (no Brasil, equivale a 9% do PIB). Nestes tempos de compartilhamento, destacou, há outros fatores influenciando a atividade. Entre eles estão: mais pessoas trabalham em lugares que não são fixos (o que facilita viagens e deslocamentos por outras regiões) e muitos homens e mulheres desenvolvem uma função durante o dia e outra à noite (artista no horário comercial e motorista depois disso).

A experiência do Airbnb, de acordo com Lehane, revela ainda que muitas mulheres têm obtido renda extra com a hospedagem (elas representam 57% dos anfitriões), especialmente as mais velhas, cujos filhos já saíram de casa. A classe média também tem encontrado uma importante fonte de rendimento. Além disso, com a oferta de propriedades pela plataforma vem gerando novas receitas para o comércio e serviços em torno e “democratizando o turismo”, ao ampliar oportunidades de negócios. O executivo do Airbnb contou que em 2016 as hospedagens em 36 cidades renderam US$ 4,5 bilhões para os restaurantes que circundaram os imóveis alugados.

É claro que há pontos de atenção no avanço do Airbnb. Em diversos países, há resistências ao modelo. A rede hoteleira, em especial, tem pressionado governos a discutir novas aplicações de impostos sobre o serviço. E o mesmo vem acontecendo com as plataformas de car sharing.

Estudo da Fipe

No evento organizado pelo Airbnb, o economista Eduardo Haddad, da USP e da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), antecipou alguns dados de uma pesquisa que está sendo feita pela fundação sobre o impacto socioeconômico local, regional e nacional da plataforma em cinco cidades brasileiras. Dizendo que o estudo será divulgado "em breve", Haddad mostrou que, em 2016, o Rio de Janeiro teve um valor de produção (faturamento) de US$ 436 milhões com o Airbnb, com uma renda de US$ 114 milhões proporcionadas às famílias. O montante total do valor de produção se explica pela extensão de negócios para lojas e serviços. “Para cada dólar pago ao anfitrião, US$ 4,11 são gerados para a economia da cidade”, disse Haddad, observando que essa estimativa se refere à capital paulista.

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