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Inteligência artificial ajuda a criação. Não a substitui
Conversar com máquinas já foi coisa de ficção científica. Não é mais. O Watson, da IBM, é capaz de processar qualquer linguagem natural (humana), se for treinado. Ele aprendeu português com o pessoal do Bradesco e seus múltiplos usos mal começam a ser experimentados, ante as possibilidades que a inteligência artificial – ou inteligência cognitiva, como a IBM prefere – já apresenta para o presente e sinaliza para o futuro.
“O Watson raciocina formulando hipóteses dentro da sua base de conhecimento para chegar a uma resposta. Damos a ele feedback positivo ou negativo, em caso de erro ou acerto. Ou seja, ele aprende com a gente”, explicou o líder do Watson no Brasil, Guilherme Novaes. Respondendo a uma dúvida que angustia profissionais das mais diversas áreas (não apenas publicitários), Novaes garantiu que a tecnologia não veio para substituir, mas para complementar nossa capacidade de criação.
O papel das máquinas inteligentes, tema do painel “Inteligência Artificial: como calibrar dados, algoritmos e emoções”, é uma discussão que deve esquentar com o surgimento de aplicações práticas, como a BIA – Bradesco Inteligência Artificial. Os usuários são os 65 mil funcionários do banco, que utilizam a inteligência cognitiva da IBM para encontrar mais rapidamente as respostas e soluções aos problemas do dia a dia dos clientes. E o fato é que ela já chegou também ao consumidor – desde 15 de agosto está no celular.
Vale lembrar que os quatro principais sistemas do mundo são liderados por IBM, Microsoft, Google e Amazon. O Bradesco se aliou à IBM e o português começou a ser ensinado à inteligência cognitiva. A instituição foi a primeira empresa da América Latina a usar o Watson em larga escala. “Temos um time dedicado a ajudar, atualizar e ensinar o Watson continuamente. Era para ser um projeto pequeno, desenvolvido por nossa equipe interna, e acabou virando a maior aplicação do Watson no mundo”, contou o líder de inteligência artificial do Bradesco, Marcelo Câmara.
O fator humano é essencial nesse processo, seja com o sistema da IBM ou de outra empresa que fornece essa tecnologia. “Conseguimos treinar as máquinas na medida do que entendemos do assunto. Por isso, quem tem que treiná-las é quem tem expertise naquela área”, resumiu o diretor de projetos e tecnologia da Publicis Brasil, Rafael Fragoso. No caso do Bradesco, por exemplo, o treinamento foi feito por funcionários que trabalham nas agências. Exatamente para que o sistema entendesse o “Bradesquês”, termos próprios de quem atua no atendimento do banco – e não de qualquer outra instituição financeira.
Outro exemplo é o Adobe Sensei, a inteligência artificial por trás das ferramentas da Adobe. O Sensei ajuda os profissionais a criar peças personalizadas para cada perfil de consumidor, identificando se é criança ou adulto, suas áreas de interesse etc. “Com ele, cada pessoa recebe uma mensagem relevante para ela, no lugar e no momento certos”, afirmou o head of practice do Sensei, Fernando Teixeira.
As agências também se preparam para esse novo cenário, ao menos, as grandes redes. A Publicis está trabalhando num sistema para interligar suas várias operações ao redor do mundo. Batizado de Marcel, tem previsão de lançamento para 2018 e vai conectar os 80 mil funcionários de todas as agências do grupo, para trabalharem em cases globais. Outras redes globais, como a JWT, estão fazendo investimentos robustos nessa área.
Como se preparar?
Para se mover nesse ambiente em constante mutação, é preciso sair da zona de conforto, defendeu Cleber Paradela, vice-presidente de estratégia e criatividade da Sunset. Ele mesmo resolveu se preparar passando uma temporada em Seattle e São Francisco. E recomendou diversos cursos em instituições como as instaladas no Vale do Silício, inclusive programas de ensino à distância.
Rafael, da Publicis, salientou que, para que as agências acompanhem essa evolução, elas devem investir na formação de pessoas. “Vemos os clientes investindo em equipes internas, por que não fazermos o mesmo?”, questionou.
Na visão de Cleber, porém, o negócio é ser pró-ativo. “Quem ficar esperando a poeira baixar vai ficar para trás, porque isso não vai acontecer. Tem de correr atrás, e não apenas esperar que a empresa invista no funcionário”, aconselhou.
Mulheres na tecnologia
Um dos assuntos abordados no painel, que teve mediação da jornalista Lena Castellón, foi a presença de mulheres nas áreas em que se trabalha com a inteligência artificial. Marcelo Câmara revelou que as melhores cabeças dentro desse setor no Bradesco são exatamente de mulheres. Ele argumentou ainda que sistema inteligente do banco recebeu um nome feminino.
Cléber chamou atenção para o fato de que no Vale do Silício já se questiona o uso de vozes de mulheres nos assistentes virtuais, como o Alexa (Amazon) – entre as reclamações está a de que isso refletiria um posicionamento de colocar as mulheres em cargos de assistentes. Câmara observou, então, que o Bradesco chegou a pensar em adotar o nome de Jarvis para a IA do banco, mas isso esbarrava nos altos custos de direitos autorais (J.A.R.V.I.S. - Just a Rather Very Intelligent System - é o nome do sistema inteligente que atende o personagem Homem de Ferro, da Marvel).
Profissão reinventada
Uma das tônicas dos participantes do painel é que a inteligência artificial não deveria ser vista com tom catastrofista, como os filmes de Hollywood dão a entender. Guilherme Novaes, que brincou ao comentar que o Watson não é a Skynet (o sistema que tenta destruir os homens em O Exterminador do Futuro), ressaltou que a profissão será reinventada. Processos repetitivos, estes sim, deverão ser eliminados. Mas, desse modo, haveria mais condições para que os profissionais se dedicassem mais às atividades criativas.
O líder do Watson afirmou que há 2,5 bilhões de gigabytes produzidos diariamente. Apenas um quinto disso se transforma em dado estruturado. Com as informações mais organizadas, haveria mais chances de se usar dados específicos que poderiam gerar insights criativos.
No “cantinho do palestrante”, área criada neste ano pelo Festival do Clube para que as pessoas tenham a oportunidade de conversar mais com os convidados, Guilherme Novaes contou que uma empresa preparou um projeto mobile para que fosse feita uma grande venda de um determinado produto. Na hora de treinar o Watson, a companhia pensou em colocar gerentes de marketing para preparar o sistema. A IBM, então, esclareceu que a empresa deveria treinar a inteligência artificial não com esses profissionais, e sim os funcionários do departamento de vendas.
Ante os novos cenários que estão sendo construídos, Cléber perguntou a todos se o Festival de Cannes de 2018 já terá cases em que a inteligência artificial ajudou a desenvolver algum case criativo. Agora é esperar pelo futuro para obter a resposta.
Eliane Pereira
Serviço:
Festival do Clube de Criação 2017
Quando: Setembro, 16, 17 e 18 - 2017
Local: Cinemateca Brasileira - São Paulo – Brasil
Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino
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