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Lições da franquia que inaugurou uma era
Em 25 de maio de 1977 estreava em 32 salas de cinemas nos Estados Unidos o filme Star Wars. A produção tinha um orçamento modesto para os padrões da época: U$ 11 milhões. Naquele longínquo ano, George Lucas, diretor e criador da saga, não imaginaria as voltas que seu mundo daria a partir daquela Guerra nas Estrelas, nome que o filme ganhou no Brasil, onde chegou às telas apenas no dia 30 de janeiro de 1978.
Star Wars, título da franquia que está entre as mais cultuadas do cinema, já amealhou US$ 7,7 bilhões em bilheteria, de acordo com o Box Office Mojo (clique aqui para ver os números de cada filme). E ainda vai faturar mais porque há novas produções no forno – em 14 de dezembro entra em cartaz o aguardado oitavo episódio: Star Wars – Os Últimos Jedi.
Independentemente da fortuna que venha a amealhar – o que pode elevar o valor da franquia, que perde, em arrecadação, para o universo Marvel –, Star Wars é um marco da cultura pop. Foi o primeiro filme a se tornar um arrasa-quarteirão global, inaugurando a era dos blockbusters. E rapidamente se transformou em um ícone tão forte que ultrapassa o cinema, gerando imagens, expressões e figuras que se perpetuam em outras áreas, como a publicidade.
O Clubeonline procurou profissionais de agências, veículos, produtoras e anunciantes para saber que impacto a história que se desenrola numa galáxia distante pode ter sobre esta indústria e se a marca inspira reflexões sobre a comunicação. Confira as respostas a três perguntas que fizemos. As entrevistas foram divididas em blocos, que vamos publicar nesta quinta-feira.
1. Star Wars completa 40 anos de seu lançamento. Como você se conectou a esse universo? Foi ao cinema na época? Ou a ligação veio depois? Por que se tornou um fã?
2. O que torna a franquia tão poderosa? Que elementos considera os mais importantes para ter transformado a história em algo tão cultuado?
3. Que lições a marca transmite ao mercado (caso seja possível falar em lições)? Cite que comercial, meme, paródia, referência, produto, desenho, momento ficou na memória como algo digno de Star Wars.
Lena Castellón
JEAN BOECHAT, diretor de estratégia digital da Talent Marcel
Como virou fã
“Eu me conectei primeiro a um jogo de tabuleiro que meu irmão ganhou de alguém. Não vi o episódio IV no cinema [Nota da Redação: o longa foi rebatizado como Star Wars – Uma nova esperança em 1981]. Meu irmão viu. Mas já comecei me ligar nas coisas antes de ver o filme. Aí, veio o Império Contra Ataca. Esse eu vi no cinema e pirei completamente pra vida toda. Só fui ver o episódio IV um tempo depois de um jeito inusitado! Meu pai comprou um videocassete e na única locadora perto de casa tinha Star Wars, dublado em espanhol! É isso, a primeira vez que vi o filme foi dublado em espanhol e depois dublado em português na TV Manchete. Gravei essa cópia e assisti muito mais de 30 vezes. Era tão viciado que sabia até cena que tinha erro na dublagem! Com certeza é o filme que mais vi na vida. Fui ver em inglês muito tempo depois. Comprei todas as versões que saíram: em VHS, remasterizadas, alteradas, em DVD, Blu-ray. Na tinha acesso aos brinquedos aqui. Talvez fosse uma grande frustração, mas tinha uma loja chamada A Miniatura onde eram vendidos bonecos do Star Wars genéricos feitos de CHUMBO. Uma atrocidade para crianças. Comprei alguns e brinquei durante anos com eles, até ganhar um C-3PO quebrado de um amigo (a cabeça tava colada com superbonder e não mexia). Anos depois, realizei um sonho, já adulto, de comprar uma Millenium Falcon original da época. Bom, joguei todos os jogos da série Lego Star Wars. E vários outros jogos que existiram. Tenho livros e etc. Mas não sei o nome de TODOS OS PERSONAGENS que aparecem na saga como alguns amigos sabem. Bem, tenho mais 600 mil seguidores no Pinterest. Em parte é por causa disso: https://br.pinterest.com/jeanboechat/starwars. É onde junto tudo o que vou encontrando relacionado ao tema.”
Razões para o sucesso da franquia
“O filme ficou muito poderoso pela exploração do licenciamento. Foi o que fez a coisa pegar. Fora que o filme é basicamente um filme de velho-oeste no espaço. O licenciamento ajudou muito na construção do sucesso todo. Como falei, a primeira coisa que tive contato foi um jogo de tabuleiro. Aqui no Brasil. A construção épica da saga ajudou a criar um treco sensacional, com games, quadrinhos etc. O mais impressionante é como isso atingiu muita gente. Abriu espaço para que as pessoas expandissem mais ainda o universo. Aí, eles quase perderam o controle e, ao mesmo tempo, enxergaram o potencial da franquia. No inicio da internet, existiam grupos e mais grupos de discussões e de jogos tipo RPG virtuais baseados no universo Star Wars. A Lucasfilm aproveitou isso para gerar outros filmes, que não são muito bons, mas para o fã isso nem sempre é um problema.”
Lições da marca Star Wars para o mercado
“O universo Star Wars praticamente criou o tal do transmedia storytelling. É pegar uma boa história e ir ampliando-a. E fazer isso também a partir de ouvir e conhecer os fãs e seus desejos. Essas talvez tenham sido as grandes lições. É entender que uma boa história é uma boa história. Ela foi contada no espaço, mas tinha referências do velho-oeste, de mitos diversos, do cinema japonês. Tanto é verdade que para os filmes mais recentes - o episodio VII e mesmo Rogue One [leia aqui sobre os números dessa produção que ajudaram a Disney, que comprou a Lucasfilm em 2012, a bater um recorde histórico no ano passado] –, a construção é muito alinhada com amarrações com o que existe no coração dos fãs.”
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THIAGO FERRAZ, diretor de grupo de mídia da Lew’Lara\TBWA
Como virou fã
“Disclaimer: Todos os meus comentários são referentes apenas a trilogia clássica (IV, V e VI). A trilogia nova precisa e deve ser descartada desta avaliação (rsrsrs). Eu sou de 80. Portanto, só vim a descobrir o universo SW muitos anos depois do lançamento de O Retorno de Jedi (1983). A idade, não me recordo, mas me lembro que foi muito por acaso, na locadora de vídeo. Me encantei com a capa. O rapaz da locadora me perguntou se já tinha visto o primeiro e logo me "empurrou" os três filmes de uma vez (porque a terceira fita era de graça e poderia devolver só na terça feira!). Só fui ver a primeira fita, no domingo... Simplesmente pirei. Aluguei novamente, por alguns finais de semana. E sempre mostrando para algum amigo aquela ‘descoberta’. Mas ficou nisso. Até mesmo porque a febre de Guerra nas Estrelas havia passado na década de 90. A Abril Vídeo relançou a trilogia, o que reacendeu a chama e comecei a caçar mais materiais pela Mandic, BBS... Era um relançamento com cenas adicionais e remasterizadas. Naquele momento, já encontrava muito material na internet e fui desbravando o universo expandido da franquia. Nunca soube explicar ao certo porque me tornei fã da saga. Simplesmente aconteceu. A trilha, efeitos especiais, a trama, personagens... tudo aquilo me encantou.”
Razões para o sucesso da franquia
“Aposto que devem existir uma dezena de explicações sociológicas, psicológicas e semânticas para explicar o sucesso. Mas acho que é mais simples do que se imagina. Ele [George Lucas] conseguiu construir uma trama simples (com a clássica jornada do herói e, ao mesmo tempo, com um plot twist nunca visto antes), com personagens fortes e efeitos audiovisuais espetaculares (nesse caso, estou incluindo tudo: direção de arte, efeitos especiais, trilha). E o mais espetacular é que, até hoje, os filmes são referências em dezenas de outros. Talvez seja por isso que muitas pessoas, ao assistir pela primeira vez, se identificam com o filme. Eles já foram tão referenciados ao longo dos anos que aquilo parece familiar. Somaria a isso outro fator, que acredito que é fortíssimo para o sucesso: licenciamento. George Lucas soube explorar como ninguém os licenciamentos, o que permitiu às crianças de ontem e permite às de hoje fazer uma imersão no universo SW.”
Lições da marca Star Wars para o mercado
“Acredito que, meio que sem querer, a saga descobriu o verdadeiro potencial da comunicação 360. Em especial na década de 90, com o desenvolvimento de jogos, brinquedos, séries, livros. Desde sempre, filmes, séries e jogos parodiam Star Wars. De quadrinhos da Turma da Mônica aos da DC e da Marvel. De filmes dos Trapalhões a grandes películas de Hollywood. Particularmente, tenho dois momentos que marcaram como uma paródia de Star Wars: episódios de Family Guy (se não me engano, existem uns cinco episódios dedicados a SW - veja uma compilação mais abaixo) e um filme de Mel Brooks chamado Space Balls [Nota da Redação: no Brasil o filme, de 1987, se chama S.O.S. – Tem um louco solto no espaço - veja o trailer aqui]. São demais!”
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ANA PAULA CAVAGNOLI, supervisora de operações do Grupo Newcomm
Como virou fã
“Sempre ouvi falar da saga. Havia assistido aos filmes picados, até o lançamento do Episódio 1 [A ameaça fantasma, de 1999]. Minha sobrinha Camila, na época com cinco anos, é filha de um pai fã de SW. E ela queria ver o filme no cinema. Em paralelo, namorava com Gabriel, também fã. Aí, as duas coisas se juntaram. Não poderia levar Camila ao cinema em uma sessão mega VIP e especial sem conhecer a saga direitinho. Passei a semana e o final de semana assistindo a todos os filmes com o namorado. Em seguida, assisti ao episódio 1. E pronto: apaixonei! Tenho um R2D2 projetor de DVD [veja em vídeo mais abaixo] e uma tatuagem que diz ‘The Force is Strong in my Family’.”
Razões para o sucesso da franquia
“Não sei. Só sinto <3.”
Lições da marca Star Wars para o mercado
“A melhor lição: faça o que precisa ser feito do melhor jeito e como acredita que deve ser. O sucesso vem e seguidores surgirão. Star Wars é quase uma religião, um estilo de vida. E não acho que George Lucas tenha planejado algo tão grandioso.”
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MARIANO ALVAREZ, sound designer e sócio da Punch Audio
Como virou fã
“Lembro que a minha primeira experiência com Star Wars foi em 1979, ao ver os bonequinhos do Luke Skywalker e Darth Vader na casa do meu primo. Fiquei louco. Na sequência, fomos toda a família ao cinema assistir ao filme Star Wars: A New Hope. Lembro da minha māe ler as legendas para mim. De lá pra cá, virei fã da saga, vendo todos os filmes na semana de estreia. O que me atraiu em Star Wars à primeira vista foi todo esse universo futurista, com naves, sabres lasers, vilōes, heróis, monstros, robôs, e o tema do bem contra o mal.”
Razões para o sucesso da franquia
“Acho que o que torna essa franquia poderosa é o universo futurista criado por George Lucas, é o roteiro muito bem amarrado entre toda a saga, e personagens fortes, mais produção e pós produção impecáveis. Também marketing, marca e produtos atrelados ao filme.”
Lições da marca Star Wars para o mercado
“A grande influência de Star Wars na minha vida foi o SOM do filme. Com certeza foi um dos motivos de me tornar um amante por som e música de cinema. O universo sonoro que Ben Burtt criou para o filme é um divisor de águas na linguagem de ficção científica. A respiração de Darth Vader, os grunhidos de Chewbacca, os beeps de R2D2, os som do sabre laser, os tiros, as naves, entre tantos outros sons, dāo personalidade e vida a máscaras, cenários, bonecos e objetos inexistentes. É toda uma nova linguagem sonora. Lembro de ter uma nave de brinquedo que reproduzia o mesmo som do filme, o que já despertava minha atenção e curiosidade por efeitos sonoros mesmo que indiretamente.”