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O outro lado do balcão (Fabio Pinheiro)
Desde que saíram algumas notas sobre a minha nova função de diretor de criação, aqui na Hungry Man (leia aqui), muitos amigos criativos me ligaram desejando sorte e tudo mais. É sempre muito bom ouvir o incentivo e o apoio de quem a gente gosta. Mas, a pergunta que ficou no ar, na cabeça de muitos e, que nem todos tiveram a coragem de me fazer, foi:
- Mas que p* exatamente você vai fazer aí?
Imagino que seja difícil, mesmo, para as pessoas entenderem o que está havendo com o nosso mercado. É muita mudança, é muita gente prevendo o que vai acontecer, é teoria pra cá e pra lá, são Mães Dinahs brotando do chão e palestrantes cheios de certeza. O storytelling virou a bola da vez, o live marketing idem, e, quem sabe, até o fim do mês, inventem algum termo novo, em inglês, é claro. O fato é que eu só sei de uma coisa que não é novidade pra ninguém: a ideia sempre vai mandar. Ela sempre vai ser a atriz principal de qualquer filme ou ação.
Mas, tentando responder à pergunta "que cazzo eu estou fazendo", prefiro dizer que estou fazendo diferente. Além de continuar como sócio da Hungry Man Projects, comecei a me envolver com a publicidade convencional, também.
Ao invés de duplar com um diretor de arte, eu duplo com um diretor de cinema. Ao invés de pegar um briefing no cliente, eu leio um roteiro. O papel não está mais em branco, mas há muito espaço para sugerir coisas novas. E o trabalho está mais colaborativo. Os criativos das agências estão esperando sugestões dos criativos das produtoras. Fazer o arroz com feijão não cola mais. Por mais que ele seja um prato delicioso, precisa de um temperinho mineiro pra realçar o sabor.
Quando comecei em agência, a gente só criava para TV, revista, jornal e rádio. Hoje, muita gente em criação já diz que os anúncios estão quase em extinção. É mais fácil encontrar um mico leão dourado em cima das mesas do que um envelope-pardo pedindo um deles.
Aqui na produtora, agora, faço tratamentos de filme, de projetos e séries de TV. E é como fazer uma campanha. Você cria 15 e aprova um. A energia desperdiçada é a mesma, infelizmente.
Mas o que quero dizer é que nós, criativos, temos que abrir o leque, temos que abrir a cabeça para novas oportunidades. Está tudo mudado.
Os saudosistas, certamente, dirão que não. Os mais novos, certamente, dirão que sim. O que fica, na verdade, é a vontade de pegar a onda. E torcer para não se esborrachar nos corais. Mas esse é o risco. O outro lado do balcão é uma incógnita, ainda, mas Robério de Ogum nenhum pode prever o que vai acontecer.
Fabio Pinheiro, creative partner da Hungry Man Projects e diretor de criação da Hungry Man
Leia texto anterior, assinado por Guilherme Jahara, sobre o D&AD, aqui.