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Telinha paga

PL 29 pode impactar internet

04.12.09

Um ponto do texto do PL 29 - que abre o mercado de TV paga às operadoras de telecomunicações - aprovado nesta quarta-feira (02) pela Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara (leia aqui),  pode ter impacto nos vídeos transmitidos via internet, de acordo com especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo.


Do jeito que está, o texto pode impedir a transmissão gratuita de eventos ao vivo via internet, como jogos de futebol e shows.


O inciso 23 do artigo 2º do projeto, que define o que é o "serviço de acesso condicionado" (como é chamada a TV paga), diz que a recepção de canais na modalidade "avulsa de conteúdo programado" é condicionada à "contratação remunerada por assinantes".


Um evento ao vivo, no caso, se encaixa na definição de canal (inciso 4 do mesmo artigo), que é "arranjo de conteúdos audiovisuais organizados em sequência linear temporal com horários predeterminados".


Dessa forma, a transmissão dos jogos da Copa de 2010 pela internet, por exemplo, poderia ser feita somente a clientes pagantes, e o portal que os transmitisse precisaria de licença de TV paga.


Essa redação foi vista, por algumas fontes do mercado, como uma forma de circunscrever a atuação das teles à TV paga, sem criar concorrentes potenciais (porque gratuitos) à TV aberta.


"O projeto é tão mal escrito e deixa tantas dúvidas que existe o perigo de pegar a internet", afirmou o advogado Marcos Bitelli, especialista em Direito da Comunicação.


Já para Guilherme Ieno Costa, advogado especializado em telecomunicações, uma leitura "bastante cautelosa" do projeto pode levar à interpretação de que terá impacto na internet. "Mas mesmo que a intenção seja essa, acho que, na prática, não será assim."


Ele citou o artigo 61 da Lei Geral de Telecomunicações, que define o que é serviço de valor adicionado (como é classificada a internet) e o caso da telefonia pela rede mundial. Quando uma ligação começa e termina num computador, ela não está sujeita às regulamentações da telefonia.


Os pontos mais polêmicos do projeto, como a criação de cotas para conteúdo nacional, devem ser votados em destaque na próxima semana.


As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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