SxSW 2015

O sábado, 14, começou cheio de zonas cinzentas para mim. Por que? Porque vi o painel formado pela Monika Bickert, Head of Global Product Policy do Facebook, e por Matthew Zimmerman, Senior Product Counsel do Twitter. Perceberam os cargos estranhos?

A palestra era sobre a liberdade de expressão nas redes sociais. Na mesa, ainda tinham representantes de associações governamentais e não-governamentais americanas. Medo do que eu nunca tinha imaginado. O governo americano afirma que o Facebook e o Twitter têm mais controle sobre o que é dito do que o próprio governo. Os representantes das redes sociais falaram em filtros para proteger a população de movimentos terroristas.

E, ao mesmo tempo, afirmaram que prezam “pela liberdade de expressão”.  Mais: a discussão caminhou para a regulamentação das redes sociais de acordo com a primeira emenda do governo americano. A representante do Facebook afirmou algo do tipo: “Não vamos fazer isso. Somos uma empresa mundial e 80% dos meus clientes não estão nos EUA”.

Confesso: saí sério e tenso com todos os temas que não foram discutidos (e nem consigo imaginar... mas existem).

Mas quando “tudo acabou”, fui para outra sala. Nela, designers e tecnólogos discutiam os caminhos e éticas envolvendo o já badalado tema IoF (internet of things). A dinâmica da palestra foi bem interessante. Eles lançavam o tema (perfeitamente implementável nos dias de hoje) e discutiam sua aplicabilidade e destino. Vou dar apenas dois exemplos:

1 - uma camiseta que mede a quantidade de sorrisos que uma pessoa recebe por dia. Pra quê? Está provado que ao receber sorrisos sua autoestima melhora. Seu índice de felicidade sobe. As consequências possíveis desta tecnologia: medir se você precisa mudar de atitude (para receber mais sorrisos) e até se precisa tomar medicamentos. Medir o nível de autoestima de uma cidade ou nação (o que implicaria em discussões que poderiam impactar governantes). Uia!

2 - chips que gravariam todas as nossas atitudes. Um mediria as que são moralmente aceitáveis (ou não). Eles chamaram isso de Self-Actualization. O lado positivo: seria uma auto-regulamentação de toda uma sociedade. Mas, pense em seitas religiosas medindo atitudes de seus seguidores, pense no governo monitorando tudo (até a eles mesmos?).

Sim, o nosso hoje é extraordinário e está cheio de discussões éticas, que estão acontecendo aqui, no SxSW2015, dentro de Universidades, nos Governos, nas empresas de tecnologia e, agora, neste artigo.

Sorria para mim, por favor.

Rui Piranda, Diretor Executivo de  Criação da FCB Brasil

O Rui e o Clubeonline estão no SxSW 2015.

A cobertura é um oferecimento da BorghiLowe, DM9DDB, FCB Brasil e HungryMan.

Leia o texto anterior do Rui Piranda com foco no SxSW aqui.

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