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Zezão, o grafiteiro dos lugares desprezados
José Augusto Capela, o grafiteiro conhecido como Zezão, comandou uma apresentação na sala Twiter, no último dia do Festival do Clube. Sobre a conexão entre o mercado publicitário e mundo do grafite, Zezão afirma que se trata de uma parceria próspera para ambos os lados e que vem crescendo consideravelmente nos últimos dez anos. “As empresas que procuram grafiteiros para desenvolver ações para seus clientes, buscam um olhar diferenciado, mais humanizado”, acredita. “Não estou falando de 2015, pois com a crise econômica, as pessoas deixam de investir em arte, mas a indústria da propaganda vem enxergando as artes visuais e as intervenções urbanas como uma boa ferramenta de comunicação”, avalia.
Um bom exemplo citado é ação da Gol, que no ano passado deu à dupla Os Gêmeos a missão de pintar o avião que transportou a Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo. Estratégias como essa geram visibilidade e simpatia.
Zezão já desenvolveu desenhos para algumas marcas, entre elas Havaianas. Mas ele se diz meio ciumento em relação às suas obras, por isso não mergulha muito fundo nessas parcerias. “Sou mais do tipo reservado: prefiro fazer arte para a grande massa através dos murais e intervenções urbanas em grandes centros. E arte para poucos, com peças encomendadas, individualizadas”, conta.
Perguntado sobre a possibilidade de viver de grafite, Zezão disse que é possível, mas que não é fácil. Para ele, que está no mercado há mais de 20 anos (antes era pichador) e conseguiu posição de destaque em um nicho que chega a ser discriminado, o segredo é ter um pensamento estruturado e pautar suas intervenções em conteúdo relevante. “O mais bacana da arte é a história que está por trás dela”, garante.
Zezão já exibiu seu trabalho em diversas galerias e instalações por todo o mundo, mas é aqui no Brasil, em um ambiente reconhecidamente pesado, que ele se sente verdadeiramente em casa. Seu ateliê fica na Cracolândia, em São Paulo, e grande parte de suas intervenções acontece em galerias pluviais e ruas da cidade. Sim, nos subterrâneos e áreas próximas aos esgotos. “Gosto muito de explorar lugares de abandono. É sensacional imprimir a minha arte em um edifício antigo, em ruínas. Mas, por outro lado, sinto muita falta de uma política mais severa de preservação de edifícios. O País poderia ter valorizado e tirado proveito da rica arquitetura que existia por aqui”, finaliza.
Serviço:
Festival do Clube de Criação 2015
clubedecriacao@clubedecriacao.com.br
#festivaldoclube2015