arrow_backVoltar

O Espaço é Seu

Estou no melhor lugar do palco (por Fábio Barreto)

15.10.15

Durante o desenrolar da carreira, é normal que a gente mude, acerte, teste, erre, evolua ou até, infelizmente, regrida, em alguns casos. Muitas coisas nos levam a isso: escolhas boas ou ruins, oportunidades aproveitadas ou não, decisões acertadas, atitudes equivocadas. Começamos nossa trajetória e não sabemos onde o caminho de tijolos amarelos vai nos levar.

Mas, enquanto sigo em frente, uma coisa fica muito clara na análise de dezenas e dezenas de casos e "causos" ao meu redor: seja qual for o momento da nossa vida profissional, a insatisfação costuma dar o tom e apontar o norte. Ela está sempre lá. Presente. Latente. Na cabeça, na forma como a gente analisa as coisas, no inevitável queixume, nas conversas, nas dúvidas que nos tiram o sono. Pode ser o salário, pode ser a cadeira que nos deram, pode ser o ambiente, pode ser a rotina ou a insegurança. Mesmo que você ainda seja um estagiário. Mesmo que você já seja um profissional renomado.

Às vezes levemente esquecida, às vezes domada, a inquietude não some. Em certas ocasiões, uma felicidade momentânea cria uma cortina de fumaça, mas a tal insatisfação está sempre a postos, esperando o momento perfeito para ressurgir. A sensação de que as coisas poderiam estar melhores parece uma ex-namorada chata e insistente, do tipo que fica nos rondando pronta para pular na nossa frente e iniciar uma DR interminável.

Temos sempre a impressão de que tudo pode ser melhorado. É claro que o ser humano já deu sinais de que a única coisa que não vai mudar é o seu eterno desejo de mudança. É claro que também existe o outro lado dessa moeda, onde percebemos que é essa angústia que nos move, que nos impulsiona. Mas, em muitos casos, também não nos permite curtir o agora, valorizar a alegria da situação, celebrar o momento.

A satisfação do hoje costuma perder de longe para a projeção do amanhã. O que você tem em mãos normalmente está a léguas de distância do que você acha que merece. Resultado: seguimos mudando, acertando, testando, errando, evoluindo e até, infelizmente, regredindo em alguns casos.

Outro dia alguém citou uma entrevista do Miles Davis explicando por que ele andava o tempo todo, durante seus shows, tocando em locais diferentes do palco. Segundo Miles, a cada hora o som parecia soar melhor em um determinado ponto do palco. Interessante. Me parece que na vida também é assim: andamos o tempo todo, testando várias direções e tocando em vários lugares. Para a minha felicidade, eu hoje estou no lugar onde o som me parece estar soando melhor. Pode ser que mude. Pode ser que não.

E você? Caminhando pelo palco?

Fábio Barreto, sócio e diretor de criação e estratégia da Sides

O Espaço é Seu

/