SxSW 2016

Um dos bate papos que o Austin Convention Center recebeu durante o SxSW 2016 foi o Listening in High Definition: Future Music Consumption. Os convidados falaram sobre a qualidade sonora da música que será consumida no futuro e o áudio aplicado em Realidade Virtual.

Segundo os convidados David Chesky, Cherry Smith, Ben Webster e Anna Siegele, o maior problema do som em alta resolução é o processo, que precisa ser feito inteiro em alta resolução, da gravação à masterização. Outro ponto importante é saber se a mídia que vai tocar a música consegue receber essa tecnologia.

Um exemplo é um CD, que é gravado em 44kHz com 16 bits, mas quando colocado em um aparelho de som bom você escuta como se tivesse 12 bits. Ou seja, o áudio sofre degradação. É como um som de Blu-ray, que tem altíssima qualidade mas quando passa pelo processo mecânico para tocar (cabos, laser e rotação) perde definição.

Outro ponto que eles debateram foi o streaming: como que esse áudio seria quando escutado pela internet? A conexão teria que ser muito boa porque o arquivo seria muito pesado.

O mais interessante foi quando eles falaram sobre integrar som de alta definição com Realidade Virtual, permitindo ao usuário identificar de qual direção o som está vindo.

Na Realidade Virtual, o áudio 3D é tão importante quanto a imagem, pois sem a conexão direta entre os dois, o cérebro não aceita aquilo como realidade.

Para que o truque dê certo, a paisagem sonora tem que estar totalmente ligada à paisagem visual.

A gravação do áudio e a sua reprodução ainda estão em estado de desenvolvimento.

O sistema binaural, aquele do barbeiro que a gente cansou de ouvir, não é suficiente pro desafio da VR. Várias novas tecnologias estão sendo desenvolvidas, tais como a Atmos, da Dolby, e a Ambisonics, que é um microfone esférico que capta em todas as direções, entre várias outras.

Vamos torcer pra que tudo isso venha logo.

Publicidade vs Realidade Virtual

No painel “New Advertising Models for Virtual Reality”, os convidados debateram como a publicidade pode ser inserida na Realidade Virtual.

Estamos condenados a reconstruir o sistema existente ou podemos inventar um novo modelo de publicidade que beneficie marcas, editores, criadores de conteúdo e os próprios usuários?

Bom, a discussão vai longe e todos estão tentando descobrir uma maneira eficaz de trabalhar a publicidade na Realidade Virtual, mas alguns testes já mostraram que fica muito forçado se a marca colocar um comercial qualquer ali no meio e que o Product Placement pode ser o melhor caminho, pois fica mais natural, já que o produto está no conteúdo que a pessoa está inserida. Um exemplo é uma campanha para um novo carro, na qual ao invés de somente visualizá-lo, você pode estar dentro dele interagindo, o que é muito mais interessante.

Um dos palestrantes observou que mesmo com centenas de atividades no SxSW, às vezes o visitante que encara uma fila de duas horas para sentar na cadeira e ter uma experiência em VR e sair muito mais feliz do que depois de ver uma palestra. Isso, para ele, fala mais alto do que qualquer número. A experiência vale a pena.

Quem participou?

Rene Pinell - Fundador da Kaleidoscope, uma comunidade de criadores VR. Apoia artistas independentes por meio da promoção de seu trabalho em Realidade Virtual, ajudando-os a levantar fundos e produzir novos projetos que explorem a realidade virtual como forma de arte.

Alex Rosenfeld - CEO na Vrideo, startup de Realidade Virtual com sede em Los Angeles e Nova York. Antes, foi Diretor de Desenvolvimento da Redstar Ventures, incubadora de startups com sede em Boston. Fez MBA em Harvard e trabalhou no grupo Live Nation e no banco de investimento JPMorgan.

Aaron Koblin - Artista, desenhista, programador e empresário, especializado em dados e tecnologias digitais. Co-fundador e CTO da Vrse, empresa de realidade virtual. Aaron liderou equipe de artes de dados no Google, recebeu inúmeros prêmios, incluindo um Emmy, em 2014, e chegou a ser indicado ao Grammy.

Nicholas Dicarlo - VP de Realidade Virtual na Samsung. Já foi Gerente de Desenvolvimento de Negócios e de Negócios Emergentes na Nokia e Project Leader na GE.

Além de centenas de painéis, Meet Ups (encontros para networking) e filmes, o SxSW 2016 reuniu mais de 2.000 artistas fazendo shows, espalhados pela cidade.

Veja a seguir algumas das bandas que a gente mais curtiu:

Jack Garratt
Você não pode deixar de ouvir: Jack é o cara! O inglês foi um dos destaques do SxSW 2016. Além de carismático, o artista chama a atenção por ser 'uma banda de um homem só'. Transitando entre piano, guitarra e drum pads, ele arranca uns beats imprevisíveis. Seu som é impecável!

https://www.youtube.com/watch?v=8KCIShFyz4o

The Digital Wild
Banda indie-eletrônica de Austin, formada no final de 2012, lançou seu álbum de estreia em 2014 e agora se prepara para lançar seu sucessor. O quarteto fez algumas apresentações no SxSW 2016 e, por ser uma banda relativamente nova, tem uma excelente presença de palco.

https://www.youtube.com/watch?v=IUWJ-G_gGCY

RDGLDGRN (Red Gold Green)
Apesar no nome estranho, a banda RDGLDGRN lotou o bar da Monster Energy Out Break House. Os caras levantaram a galera com um mix de hip hop, rock e batidas eletrônicas. Eles gravaram um disco de estreia, em 2012, no Sound City, e já trabalharam com artistas como Pharrell Williams, Outkast, The Killers, Foo Fighters e Lauryn Hill.

https://www.youtube.com/watch?v=8bszvAgSwWQ

CHVRCHES

Os escoceses do CHVRCHES começaram em 2011 e durante a apresentação de 30 minutos que rolou no Austin Convention Center deu para entender porque em 2013 eles foram eleitos pela BBC como um dos novos talentos mais promissores da música. A vocalista Lauren Mayberry estava bem inspirada e sua performance vocal foi perfeita.

https://www.youtube.com/watch?v=7XrTEjwpAjU

YATCH

A dupla Jona Bechtolt e Claire L. Evans já está na estrada faz tempo. Tiveram seis álbuns lançados pela DFA Records e já fizeram remixes pro Snoop Dogg, Kings of Leon, Phoenix, Neon Indian, Stereolab, RATATAT e Classixx. Foi um dos shows mais concorridos do SxSW 2016. Jona tem energia de sobra e subiu no palco agitando todo mundo. O show foi dos mais animados, certeza que quem ficou na fila pra assistir não se arrependeu.

https://www.youtube.com/watch?v=Id1UhrnwYKM

 

Por Juliana Andrade, Coordenadora de Novos Projetos, e Henrique Racz, produtor, ambos do Studio Tesis

Leia texto anterior da dupla, aqui.