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Somos chatos, seus chatos (Juliana Duarte)
Dia desses, eu estava navegando pela internet, fazendo minhas pesquisas para criação de um conceito de campanha, quando me deparei com um banner gigante de uma marca acolá, que por motivos éticos, não posso dizer o nome.
Fiquei putaaaça porque o banner tomava a tela inteira do computador e o X para fechar o anúncio estava, surpreendentemente, debaixo do menu do site, completamente fora do alcance do mouse.
"Propaganda do ca....ho", gritei. E nem acreditei no que tinha ouvido. Eu, Juliana, redatora publicitária, estava, hipocritamente (existe esta palavra?) xingando um anúncio. Foi um tapa na cara. Por um momento, voltei no tempo, e vi toda a minha vida passar diante dos meus olhos.
Lembrei-me daquele filme que assistia junto a uma paquera e, no momento mais tcham, a musiquinha começou: "comeu vinagrete, spaghetti, croquete... compare, comprove, complete".
"Pxrra! Volta pra cena, c....lho". Daí, me lembrei do dia em que estava decidida a aprender algo útil sobre política. Sim, não entendo de política e nem me interesso pelo assunto, julguem-me. Mas, nesse dia aí, eu tava a fim. Comecei a ler uma matéria da Veja (clichês primeiro, please) e quando estava começando a me sentir capaz de fazer um comentário decente nos posts dos amigos, PAM! Anúncio. E meo, não foi só um, não, foi uma sequência de anúncios e a última palavra da página tinha terminado em uma separação silábica: o hífen FICOU LÁ DO OUTRO LADO DA PU...A QUE O PARIU (sim, tô gritando). Ai que ódio!
Aí me lembrei da minha vida antes do Spotify Premium. Meus melhores programas da rádio eram aqueles "SEM PARAR: UMA HORA DE MÚSICA SEM INTERVALO COMERCIAL". E imagine só você está no ápice do "Hey Jude", esperando ansiosamente pra cantar junto o "na na na na, na na na naaaa" e lá vem aquela voz "Hum, sei que é chato cortar seu clima, mas olha só, isso não precisa acontecer, assine (tom de alegria) SPOTIFY PREMIUM."
Gente, minha vontade era de pegar o primeiro avião pra ir atrás desta pxta e dar na cara dela até o próximo job chegar... É, não ia conseguir dar o primeiro. Uma pena... Anyway! Fui lá, com ódio no coração, peguei o cartão de crédito e assinei esta pxrra só pra não ter que ouvir a voz daquela vadia novamente.
Isso sem falar no desgosto que você sente quando seu celular vibra e você corre achando que é o amor da sua vida, e não. É propaganda da Vivo mesmo.
Tudo isso passou pela minha mente, e em questão de segundos, experimentei uma epifania, misturada com algum tipo de crise existencial e a janta de ontem. "Sou a pessoa que faz as propagandas que todo mundo odeia! Sou a chata que interrompe um bom filme, a melhor cena da novela, o clímax das músicas preferidas, uma boa leitura. OH MY GOD! E agora?"
- Ju, chegou alteração, tá no seu e-mail. Coisa rápida.
Tudo isso para dizer aos diretores de criação que acham uma chatice a insistência de quem quer mostrar pasta: eiiiii! Somos chatos, seus chatos! O mínimo que o estagiário tem de saber fazer é te incomodar. Isso já mostra que ele tem tudo para dar certo como publicitário. :D
Juliana Duarte, redatora publicitária, artista plástica, escritora, violinista viciada em Tolkien, George Martin, Star Wars, esportes radicais e café