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Festival do Clube 2016

Isay Weinfeld: “A liberdade total me restringe”

13.09.16

Arquiteto reconhecido no Brasil e no exterior – a ponto de hoje ter mais trabalhos em andamento fora do país do que em território nacional –, Isay Weinfeld falou de criatividade, relação com cliente, cinema e música, além de seu trabalho, em um painel que pretendia discutir seu processo criativo, assunto sobre o qual, confessou, costuma evitar. “A pergunta que mais me fazem é: ‘qual é o conceito do meu trabalho’. Sempre procuro fugir dela”, afirmou. Mas, sem ser tão direto, ele acabou respondendo à questão ao longo da conversa que teve com a jornalista Ana Paula Sousa.

Weinfeld é graduado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e possui uma carreira de mais de 40 anos. Porém sua trajetória não se limita à arquitetura: ele também está ligado ao cinema (é diretor de Fogo e Paixão) e à cenografia. De seu escritório de arquitetura, na Vila Madalena, assinou projetos como os hotéis Fasano de São Paulo, Punta Del Este, as lojas da Livraria da Vila, o Square Nine Hotel, em Belgrado, e uma linha de móveis para escritório para a Geiger/Herman Miller (leia mais sobre sua carreira aqui). Além disso, há três meses, ele venceu um concurso para projetar o novo restaurante Four Seasons, ícone arquitetônico e gastronômico da cidade de Nova York. Weinfeld será responsável por todo o mobiliário, uniformes dos garçons, talheres.

Questionado a respeito de como é colocar a criatividade a serviço de um cliente, ele revelou que não se incomoda de ter limites. “Liberdade total me restringe. Quando o cliente diz isso, eu fujo. Só consigo trabalhar tendo limites. Talvez essa seja uma das coisas que faz com que eu não concorde, muitas vezes com meus colegas de profissão, que dizem que o cliente atrapalha”. Para Isay, o que faz com que muitos os arquitetos se incomodem com os pedidos dos clientes é o ego. “Geralmente ele é maior do que a obra.

O arquiteto já declarou, em outra ocasião, jamais conseguiria morar em uma casa projetada por ele. “Por um motivo simples: eu não faço para mim, faço para o outro. Tem a ver com quem me contratou e não comigo. Isso porque eu tenho respeito pela pessoa que me procura. Acho isso incrível. O mínimo que tenho que fazer é deixá-la feliz”.

Para se chegar a processo, é fundamental que exista afinidade entre ele e o cliente. “É fundamental. Não aceito um trabalho se não houver isso. O processo em arquitetura demora dois, três, quatro anos. Não posso passar todo esse tempo trabalhando com alguém que não tem nada a ver comigo. Não posso fazer isso nem comigo, nem com quem me contrata”. Segundo ele, parte do segredo para se atingir um bom resultado é saber ouvir. “Sou ótimo ouvinte: 95% do meu trabalho é psicanálise. Os outros 5% são de momentos em que fico pensando no que o cliente falou”.

Quando perguntado sobre o fato de um projeto como o Four Seasons ter acontecido apenas nesta fase da carreira, Weinfeld explicou que as coisas acontecem na hora certa. “Arquitetos são como cirurgiões. Prefiro os que têm mais experiência. Arquitetos também precisam de um tempo para maturar”, salientou.  Weinfeld é o segundo arquiteto brasileiro a construir um prédio na cidade de Nova York – o primeiro foi Oscar Niemeyer, que trabalhou no prédio das Nações Unidas na década de 1940.

Fã de Kanye West e Radiohead – a ponto de acompanhar shows da banda ao redor do mundo –, Weinfeld disse que cinema, música e arquitetura são praticamente a mesma coisa. É preciso que algo toque dentro da pessoa para se ter o melhor resultado possível.

Valerya Borges

Confira a programação completa do Festival, aqui.

Serviço:

Festival do Clube de Criação 2016
Quando: Setembro, 10, 11 e 12 - 2016

Local: Cinemateca Brasileira - São Paulo – Brasil

Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino
Hosted by: Clube de Criação
www.clubedecriacao.com.br
55 11 3030-9322


https://www.facebook.com/clube.clubedecriacao


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#FestivaldoClube2016

Festival do Clube 2016

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