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Fabricação digital, a nova revolução industrial (Nagib Nassif)
A Maker Faire é a meca dos makers e adeptos do DIY (Do It Yourself). Nós, da Bolha, estúdio de tecnologia criativa, nos dirigimos a ela anualmente para renovar nossa fé no movimento que acreditamos que vai mudar o mundo (ou melhor, que já está mudando). Quando possível, viajamos duas vezes no mesmo ano, visitando tanto a feira de San Francisco, a original, quanto a de Nova York, intitulada World Maker Faire.
A World Maker Faire deste ano abordou quase os mesmos assuntos que nas últimas três edições, com sua mistura usual de ciência, prototipagem, arte e performance. Um espaço democrático voltado à inovação que coloca, lado a lado, nerds que bolaram protótipos em uma garagem e caçam apoiadores no Kickstarter e gigantes como Google, Intel e Nasa.
A primeira coisa que me perguntam quando sabem que voltei da Maker Faire é qual a maior novidade em hardware, gadgets e afins. É natural. Novos sensores e controladores são a base das inovações apresentadas. O movimento maker nasceu graças ao surgimento de nanoplacas como Arduíno, Beaglebone e Raspberry Pi. Elas continuam seguindo a Lei de Moore e ficando cada vez mais poderosas, menores e mais baratas.
A grande diferença neste ano é que todas trazem agora capacidade de comunicação wireless – seja Bluetooth, WiFi ou o novíssimo protocolo LoRa (tecnologia de rádio frequência que permite comunicação a longas distâncias) –, apontando para uma integração cada vez maior com a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). A Eslov, por exemplo, é uma plataforma que permite criar uma solução IoT em alguns minutos, segundo seu desenvolvedor. O FenSens é um exemplo de como alguém com uma boa ideia consegue transformá-la facilmente em produto comercial nesse novo universo. É um IoT device que traz sensores de distância para qualquer carro, facilitando manobras e evitando acidentes. Uma simples armação de plástico com câmeras e sensores que você pode instalar na traseira do carro e conectá-lo a um aplicativo no seu smartphone. Em cinco minutos você tem um carro inteligente.
Frequentar assiduamente uma feira dessas gera uma visão aérea do movimento, com a qual se percebe com muita clareza a evolução dos assuntos e a tendência do que vai ter um ciclo mais longo ou não. Na minha opinião, um tema se destacou este ano: a fabricação digital.
Desde o início, ela vem sendo propalada como a “Nova Revolução Industrial”. Uma revolução liderada por hackers em suas garagens em vez de grandes empresas investindo bilhões em departamentos de pesquisa. Seus defensores vislumbram um futuro no qual o consumidor não vai simplesmente comprar produtos de massa, mas vai comprar conceitos e designs que podem ser modificados e personalizados segundo seu gosto.
O aparelho ícone dessa ideia é a impressora 3D. Como toda tecnologia, ela teve seu momento de hype, quando se imaginava, lá em 2012, que em 2017 cada casa teria uma impressora 3D e seus proprietários imprimiriam de tudo, dos brinquedos das crianças a peças de automóveis.
O hype não se concretizou, mas a manufatura aditiva (o nome técnico da impressão 3D) atingiu seu platô de produtividade dentro de um nicho específico: a prototipagem. A Maker Faire mostrou uma nova tendência: a impressão 3D não é a única ferramenta da revolução maker. Outros mistérios da produção industrial e equipamentos que, até bem pouco tempo atrás só existiam em versões colossais, agora aparecem em versões desktop para qualquer um utilizar e desenvolver seus produtos em pequena escala.
Alguns exemplos dessa tendência:
Integração homem-máquina
https://shapertools.com/
A SHaper Origin é a primeira CNC (máquina controlada por comando númérico) de mão do mundo. Uma fresa superpotente que é operada com as mãos e possui inteligência embutida para corrigir eventuais erros do operador. Uma evolução concebida dentro do MIT que pode ser o início de uma grande linha de artefatos cyborg para serem utilizados em trabalhos pesados e de precisão.
Personal CNC
http://www.tormach.com/
Empresas como a Tormach vendem máquinas de usinagem desktop, que permitem a uma pequena empresa criar peças, protótipos e até produtos finais em metal, madeira e uma variedade enorme de materiais.
Precisão industrial
http://www.wazer.com/
A Wazer faz corte com água e é a grande máquina do momento. Ela corta todo tipo de material, de vidro a titânio, com alta precisão, sem fazer sujeira e ocupando o menor espaço possível.
Laser doméstico
https://glowforge.com/
A Glowforge é uma cortadeira laser com scanner. Finalmente uma ferramenta a laser ganha uma versão doméstica incluindo a capacidade de escanear desenhos deixando tudo mais fácil e divertido.
Impressão de circuitos
https://voltera.io/
A Voltera não só imprime um circuito utilizando um composto condutivo especial como também pode aplicar a solda em um circuito já desenhado em outro processo. A precisão é incrível.
Automação industrial em casa
http://www.chipsetter.com/
"O chão de fábrica na sua mesa" é o slogan da Chipsetter. Já tínhamos as impressoras de circuito, agora também temos máquinas pequenas para distribuir todos os componentes nela prontos para soldar, uma tarefa muito trabalhosa. Foi-se o tempo de reunir amigos e família para ficar soldando chips em uma placa.
Impressoras 3D
Elas continuam bombando, cada vez mais versáteis, de vários tipos, tamanhos, formas e tecnologias. Mas o que mais surpreendeu foi o avanço das impressoras de porte maior que não utilizam mais filamentos e sim pellets de plástico (os mesmos utilizados na indústria) derretidos na própria cabeça de impressão. As nano impressoras 3D para smartphone também, como a ONO, chamaram muito a atenção.
Nagib Nassif Filho, sócio-fundador da Bolha