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O que aprendi no Cíclope (Alessandra Terpins)
Ter acesso aos bastidores e processos do que é produzido no hemisfério Norte faz com que um grupo de diretores, produtores, agentes e publicitários se desloquem até o ainda pequeno, mas muito interessante, Ciclope Festival, que terminou no último dia 04, na cidade de Berlim, na Alemanha.
São profissionais focados em dar aquele passo à frente, rompendo o limite entre o comercial e o artístico, prezando tanto pela técnica e funcionalidade, quanto pela estética, em suas peças.
É o sétimo ano do evento, que acontece num cinema lindíssimo da antiga parte oriental de Berlim. O edifício traz toda uma nostalgia dos tempos pré-derrubada do muro.
Rolaram palestras de nomes de peso como Mike McGee, da Framestore, que contou detalhes sobre design e execução de efeitos visuais em seus últimos trabalhos, inclusive sua familiarização, cada vez maior, com a “virtual reality”.
McGee focou a conversa em campanha que a Framestore cocriou com a McCann NY para Lockheed: “The Field Trip to Mars”, que abocanhou 19 Cannes Lions. Sua equipe criou uma excursão à Marte dentro de um ônibus escolar, chegando ao ápice do que pode proporcionar uma experiência total de VR. O “ônibus marciano” se movimentava em tempo real de acordo com a topografia das ruas de Washington, onde foi realizada a ação.
McGee sublinhou o fato de que a execução deste projeto foi extremamente difícil, tanto quanto gratificante. Eles tiveram que sair de sua zona de conforto e atuaram quase que como físicos e cientistas, criando do zero materiais que se comportariam perfeitamente na recepção e atuação das tecnologias que seriam aplicadas posteriormente. Frisou a necessidade da experimentação, defendeu que “Creativity + Technology + Ingenuity” (Criatividade + Tecnologia + Inventividade) são responsáveis, juntas, por criarmos consistentes memórias emocionais em nosso público.
Teve também apresentação e bate-papo com o descolado Sam Spiegel, que também foi o DJ da festa de encerramento, no Soho House. Ele levou um Ciclope Award pela música que compôs, junto com o Ape Drums, para o comercial “My Mutant Brain", da marca Kenzo. E focou a conversa na importância da sua relação com os artistas visuais e músicos, fora do mundo publicitário. Ele acredita que a colaboração com esses profissionais enriquece suas peças, pois eles as executam com total sensibilidade artística, sem se preocuparem com a limitação geralmente imposta aos produtores pela publicidade. A confiança desses artistas nele é imprescindível para o sucesso de suas produções.
Outro papo muito instigante foi com Mark Woollen. Ele é responsável pela produção de trailers de filmes muito consagrados como "A Lista de Schindler”, “Lost in Translation”, “Crash”, “Birdman”, “A Serious Man” e “The Big Lebowsky”, entre tantos outros.
Mark Woollen reconhece que o trailer é conduzido pela música, muitas vezes composta especialmente para esse pequeno formato, mas que suas peças mais interessantes fogem de qualquer expectativa convencional do público. Ele busca utilizar elementos visuais e sonoridades fortes do filme, que considera responsáveis pela mudança do enredo ou de sensações, e os extrapola, sobrepõe, brinca, até encontrar a fórmula capaz de levar o público ao sentimento ‘core’ do filme. Sensacional!
Diferente de festivais aonde os speakers acabam sendo quase inatingíveis, no Ciclope o grupo é pequeno e, quando você vê, está tomando um café e trocando ideia com esses feras. É uma convivência única, um condensado de dois dias muito inspiracionais.
A presença tupiniquim no festival foi forte. Produtores compareceram, alguns trouxeram prêmios, mas o mais interessante foi sentir, através das conversas, que existe no país uma sede de fortificarmos e internacionalizarmos o setor. E essa mudança começa de dentro pra fora. A quantidade de produtoras e os novos formatos adotados por elas crescem exponencialmente, e acompanhar e adaptar-se a essa diversidade nos obriga a voltar ao princípio mais básico: a troca de experiências. Tem para todo mundo.
Alessandra Terpins - Responsável por Inovação e Novos Negócios na produtora A Voz do Brasil