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Iniciativa abraça criativas finalistas do Young Lions Brazil
Depois que saíram os resultados do Young Lions, na semana passada, um grupo de profissionais do mercado se uniu para lançar ação que visa levar umas das criativas finalistas (nenhuma mulher foi contemplada - veja lista aqui) para o Festival de Cannes.
O site Yes, She Cannes, iniciativa tocada de forma anônima, propôs ao júri – composto por cinco homens e quatro mulheres – reavaliar o portfólio das cinco candidatas ao prêmio que estavam na disputa.
A ação gerou também uma campanha no Catarse para arrecadar R$ 15 mil e bancar os custos de passagem, hospedagem e inscrição no festival de ao menos uma finalista. Até o fechamento desta reportagem, as doações alcançaram 12% da meta. Quem puder, contribua.
As cinco finalistas – Dandara Hahn, Gabriella Marcatto, Marina Erthal, Mariana Albuquerque e Raphaella Filippetto – vinham conversando sobre meios de viabilizar a ida de uma delas a Cannes. Mariana, redatora que entrou na disputa quando estava na Ogilvy e que estará de emprego novo em julho, conta que as discussões a respeito foram parar no More Grls, plataforma lançada em abril para dar mais visibilidade a mulheres na publicidade. “Não sabemos quem criou o site, mas achamos bacana a ideia de mostrar como as pastas das mulheres estavam bastante competitivas”, defende a finalista.
Para Laura Florence, cofundadora da More Grls e vice-presidente de criação da Lov, a iniciativa foi uma resposta importante para o mercado. “Desde o seu lançamento, o More Grls formou uma comunidade, com as redes muito ativas. Quando saiu o resultado do Young Lions, foi uma comoção”. A comunidade começou a falar em ter algo paralelo. Foi quando apareceu o site. “A gente também não sabe quem criou, mas divulgamos a ação porque, já que o sistema não favorece o talento feminino, que surja um novo sistema”, destaca Laura. A plataforma reúne atualmente mais de 1.800 cadastradas.
A cofundadora da More Grls sugere que a forma de avaliação do Young Lions mude para um desafio determinado por briefing. “Desse modo, o resultado pode ser mais justo. As chances de inclusão de mulheres seriam maiores”. Segundo Laura, mesmo quando as mulheres conseguem entrar no mercado – e nos departamentos de criação –, elas sofrem discriminação porque vão trabalhar com contas que dão menos visibilidade. Os clientes com verbas maiores, em geral, vão para os homens. Para aparecer mais, as criativas têm de trabalhar além do que os demais, cumprindo assim uma tripla jornada, salienta Laura. “É complicado competir deste modo. Se o sistema for por briefing, haverá mais oportunidades para mostrar a capacidade dessas pessoas”.
Representatividade
O Clubeonline procurou o site Yes, She Cannes para saber como surgiu o movimento. A resposta foi que “a ideia surgiu da indignação.” O grupo que lançou a campanha esclarece que a iniciativa procura fazer com que a mulher seja representada. Na visão dessas pessoas (que não querem se identificar, como já foi dito), houve injustiça no resultado do Young Lions. “Como um concurso deste tamanho, em 2018, não enxerga representatividade como um tópico essencial?”, pergunta o grupo.
De acordo com o Yes, She Cannes, já há conversas com os jurados. Mas o grupo aguarda um posicionamento oficial da organização do programa. Na opinião do site, o júri deverá, sim, escolher uma das finalistas. O que não está assegurado até o momento, segundo elas, é que a criativa seja reconhecida pelo festival como Young Lion. E se a meta de arrecadação não for atingida? “Caso isso aconteça, quem contribuiu terá seu dinheiro de volta e a criativa não será premiada. Mas a sementinha já foi plantada, já temos um bom começo.”
Resposta do Young Lions Brazil
Procurado também pelo Clubeonline, o Estadão, representante oficial do Festival de Cannes, divulgou um comunicado, esclarecendo o posicionamento do programa, que acontece há 23 anos no Brasil - ele é promovido atualmente em conjunto com a Editora Referência e com coordenação de Emmanuel Publio Dias. Os organizadores lembram que o processo de inscrição, julgamento e resultados é regido por um regulamento, aceito por todos no momento da inscrição.
É o próprio conjunto de regras do programa que a organização do Young Lions no Brasil utiliza para valer seu argumento sobre o reconhecimento do que o Yes, She Cannes pleiteia. "Esclarecemos que novas inclusões de Young Lions são previstas pelo regulamento e devem, obrigatoriamente, seguir a lista de classificação elaborada pelo júri de cada categoria. Em respeito a este regulamento, aceito pelos 434 Young Lions que já foram selecionados, aos 331 inscritos e inscritas deste ano nas diversas categorias, ao trabalho dos diversos júris e aos que tiveram seu desempenho avaliado por estes jurados, não é possível incluir uma/um Young Lion à lista de 2018, sem seguir esta classificação."
Sendo assim, a organização esclarece que não se poderia incluir uma das cinco finalistas de criação (elas não estão classificadas logo após os escolhidos).
No comunicado, o Young Lions aponta que os resultados desses 23 anos, além de destacar a excelência de profissionais que posteriormente se tornaram líderes no mercado, refletem também a situação de desigualdade de gênero na publicidade, vista "principalmente nos departamentos de criação". Os organizadores afirmam que "reverter este quadro só será possível com a mobilização de todos os players de nosso setor".
O Young Lions revela ter recebido diversas sugestões para enfrentar esse cenário, entre elas orientar e promover mentorias específicas para mulheres nas escolas e nos programas de estágio; gerar um fundo de bolsas especificamente para mulheres em escolas e cursos profissionalizantes; e incentivar e facilitar a inscrição das profissionais e seus respectivos trabalhos em prêmios. Sobre o programa, as sugestões foram de inscrição anônima e de uma "fase de briefing para solução do problema criativo", que podem ser implementadas na edição de 2019. Outro ponto salientado pelos organizadores é que será aumentada a "participação subsidiada de inscrições de mulheres (este ano foram 30), até chegarmos a um equilíbrio entre os dois gêneros".
A categoria Criação teve este ano recorde de inscritos do sexo feminino: 24,6%. Esse índice, segundo os organizadores, mostra "a necessidade de maiores esforços para aumentar esta participação".
Lena Castellón
Leia todas sobre Cannes aqui.
O Clubeonline estará em Cannes este ano, mais uma vez, com o patrocínio das seguintes empresas:
Alice Filmes
Barry Compan
Corazon Filmes
Estúdio Angels
Hefty
Lucha Libre Audio
Piloto
Vetor Zero
Warriors VFX