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Anos de proibição do futebol feminino no Brasil em destaque
A Copa do Mundo de Futebol Feminino está para começar. No dia 07 de junho, França e Coreia do Sul abrem o torneio em Paris. Pela primeira vez, a disputa do Mundial feminino, que existe desde 1991, será exibida no Brasil pela TV Globo. Se isso pode ser considerado uma vitória para as jogadoras em atividade, imagine para quem teve de transgredir a lei para praticar o esporte.
O fato é que muitas pessoas não sabem que entre 1941 e 1979 as mulheres estavam proibidas de jogar futebol no Brasil. Mesmo impedidas, elas seguiram disputando o esporte. As histórias dessas pioneiras podem ser contadas e documentadas de forma oficial por meio de uma iniciativa do Google Arts & Culture e do Museu do Futebol, com parceria da AKQA.
Nesta quinta-feira, 23, foi lançado o Museu do Impedimento, uma experiência digital colaborativa que irá retratar a batalha das mulheres para poder jogar futebol. Quem tiver fotos, documentos, artigos, áudios ou depoimentos poderá compartilhar no site criado para colher conteúdo relativo aos tempos de proibição: www.museudoimpedimento.com. Um vídeo, feito pela AKQA, orienta a colaboração e mostra como ajudar a inspirar novas gerações (veja mais abaixo). O filme tem produção da Iconoclast e trilha da Antfood.
Especialistas do Museu do Futebol estão encarregados da curadoria de conteúdo. O site foi lançado em branco para reforçar a falta de informações sobre essas mulheres. Gradualmente irá exibir o material que for enviado pelas pessoas. O projeto se estenderá até o dia 26 de junho. Depois, irá virar uma exposição virtual na plataforma Google Arts & Culture.
O Museu do Impedimento terá depoimentos de mulheres que foram pioneiras no esporte, como a ex-árbitra Leá Campos, que foi presa 15 vezes nos anos de proibição do futebol feminino. Também contará sua história a ex-jogadora Michael Jackson, como é conhecida Mariléia dos Santos, integrante da primeira seleção brasileira a disputar a Copa.
“Queremos dar visibilidade à importância de recuperar a história do futebol feminino no Brasil e garantir que um público mais amplo tenha a oportunidade única de conhecer as histórias dessas mulheres pioneiras que continuaram jogando bola mesmo nos anos de proibição e abriram as portas para as novas gerações”, afirma Lauren Pachaly, diretora de marketing do Google Brasil.
Daniela Alfonsi, diretora de conteúdo do Museu do Futebol, celebra o projeto colaborativo que ajudará a descobrir acervos sobre esse perído. “É uma iniciativa que faz com que o futebol se torne ainda mais importante para a história brasileira”. Para Camila Machado, atendimento da AKQA, a participação no projeto é emocionante porque dá à agência a oportunidade de contar parte da história que permanece em branco.
A proibição foi determinada pelo decreto-lei 3.199, artigo 54, de 14 de abril de 1941. O texto diz o seguinte: "Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”. Entre esses esportes considerados “incompatíveis” estava o futebol.
O Clubeonline abordou como essa proibição afetou o futebol feminino - e a prática de outras atividades, como beisebol e polo - em 2018 (leia aqui). A discussão aconteceu no evento “As conquistas delas: a história oculta das mulheres no esporte”, organizado pelo projeto Dibradoras. Nestes tempos de Copa, é mais do que importante resgatar a história e mostrar o quanto nossas jogadoras lutam para fazer o esporte crescer no país que é chamado do futebol.