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Um adeus ao Florian Schneider, do Kraftwerk, e o resgate de uma campanha
Cofundador do Kraftwerk - grupo considerado por muitos precursor da música eletrônica -, Florian Schneider morreu aos 73 anos, informação divulgada nesta quarta-feira, 6. Segundo o jornal The Guardian, ele não resistiu a um câncer.
Schneider criou o Kraftwerk com Ralf Hütter, em 1970. O primeiro instrumento que aprendeu a tocar, ainda criança, foi a flauta. Tempos depois, incorporou elementos eletrônicos, criando, desse modo, novos sons, fazendo com que a flauta remetesse a um baixo. Era só o início de sua carreira. Tornou-se multi-instrumentista.
Entre os álbuns do Kraftwerk que viraram referência no mundo da música – e mesmo fora dele – estão "Autobahn" (1974), "Trans Europe Express" (1977), "The Man Machine" (1978) e "Tour de France" (2003). Florian deixou o grupo que fundou em 2008, mas o Kraftwerk segue ativo e ainda faria uma turnê pelos EUA neste ano, projeto que foi cancelado por causa do novo coronavírus.
A história de Florian e sua influência sobre a música é tão grande que estará em veículos de várias partes do mundo. Aqui, vamos falar de um reconhecimento diferente, conquistado também por força de uma campanha. Faz parte do segundo álbum mencionado acima (“Trans Europe Express”) a canção “The Hall of Mirrors”, escrita por Florian e Emil Schult, que embalou um antigo comercial, relacionado aos anos 1980, que apresentou o grupo para uma multidão de brasileiros. Trata-se do filme feito para o calçado Starsax, que mostrava um homem andando em um trilho de trem.
O case Starsax e "The Hall of Mirrors"
Muita gente procurou saber que banda era aquela a partir do comercial. Até hoje busca-se uma versão do filme no YouTube, onde se multiplicam os comentários a respeito da famosa campanha (leia alguns aqui, neste vídeo-homenagem). Mas não se encontra a peça original, o que já gerou comentários como o de que o filme seria uma espécie de "Santo Graal" da propaganda.
A criação da campanha é de uma agência do Rio Grande do Sul, a Proptop. Mais precisamente de Novo Hamburgo, onde também estava instalada a Starsax. Segundo um estudo de 2007, apresentado no V Congresso Nacional de História da Mídia, em São Paulo, por Maria Berenice da Costa Machado e Marcelle Silveira dos Santos, a conta chegou à agência por um diretor da Starsax que desejava um cartaz para seu produto. Daquele pequeno job surgiu um case que até hoje é lembrado. É chamado de “Young Man”.
O criativo responsável pelo trabalho chamava-se Clóvis Noschang. Seu filho, Daniel Noschang, conta, no estudo, que os criativos da agência pensavam em um projeto para marcar a década: “uma coisa muito inteligente, um cidadão caminhante, o young man, que ficava passando de país para país." A música entrou na campanha quando uma equipe da Proptop saía da gravação de um VT na RBS. No estacionamento, ouviram “The Hall of Mirrors”, vindo de outro carro. Clóvis captou que falavam de “stars” e anotou a referência. Ele tinha decidido que aquela seria a música. De fato, a canção estourou e virou um marco para a Starsax.
De acordo com o estudo, o comercial ajudou a Proptop a dar um salto em sua trajetória. A repercussão de “Young Man”, que ganhou prêmios, permitiu que a empresa se instalasse em uma nova sede e desencadeou uma boa fase criativa. Clóvis Noschang faleceu em 1991, aos 49 anos.