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‘Fact check’ enfurece Trump, que fala em regulação
Uma ferramenta adotada pelo Twitter para alertar quanto à veracidade de um conteúdo despertou a fúria do presidente dos EUA Donald Trump, que fala em regular fortemente ou até fechar a mídia social. É esperado que nesta quinta-feira, 28, o mandatário americano revele que medida está planejando adotar quanto às redes, o que foi anunciado na véspera pela Casa Branca.
A história começou na terça-feira, 26, quando Trump fez dois tweets a respeito da votação por correio, permitida em alguns Estados no país. O presidente americano postou que esse mecanismo não pode ser outra coisa do que “substancialmente fraudulento”. Os tweets receberam a sinalização da ferramenta de Fact Check (verificação de fatos), que alerta que há conteúdos verdadeiros sobre o tema.
Trump ficou possesso. No dia seguinte, voltou ao Twitter para dizer que "os republicanos sentem que as plataformas de redes sociais censuram totalmente as vozes conservadoras. Vamos regulamentá-las severamente, ou fechá-las, para evitar que isso aconteça".
Em entrevista para a Fox News, uma integrante da administração Trump, Kellyane Conway, mencionou o nome de Yoel Roth, chefe de integridade de site do Twitter. Isso bastou para o executivo virar alvo dos apoiadores de Trump. Mesmo os filhos do presidente fizeram tweets apontando Roth como responsável pela sinalização. Além disso, a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, avisou a imprensa que Trump deverá assinar nesta quinta uma ordem executiva por meio da qual tentará controlar de alguma forma as redes.
O Twitter já foi acusado anteriormente de permitir que políticos, entre eles Trump, façam postagens que seriam contestadas se tivessem sido publicadas por usuários comuns. Desta vez, a empresa tomou uma decisão que atingiu diretamente o presidente dos EUA, que tem mais de 80 milhões de seguidores.
Em 11 de maio, a rede atualizou as regras adotadas para impedir o alastramento de informações enganosas, o que foi feito no contexto da covid-19. O comunicado é assinado por Roth e por Nick Pickles, diretora de estratégia política. O texto diz: “poderemos usar esses avisos e mensagens de alerta para dar explicações adicionais ou esclarecimentos em situações em que os riscos de dano associados ao tweet são menos graves, mas o conteúdo pode ainda assim confundir ou enganar. Isso tornará mais fácil para as pessoas que estão no Twitter o acesso a fatos e a tomada de decisões informada a respeito do que veem na plataforma” (veja aqui).
Jack Dorsey, CEO e cofundador do Twitter, ocupou seu perfil na rede com esclarecimentos, assumindo também responsabilidades pelas decisões da companhia. “Há uma pessoa responsável pelas nossas ações como empresa e sou eu. Por favor, deixem nossos colaboradores de fora disto. Continuaremos a apontar incorreções ou informações questionáveis sobre eleições globalmente. E vamos admitir e assumir erros que cometermos”, escreveu.
Dorsey continuou: “Isso não nos torna um ‘juiz da verdade’. Nossa intenção é conectar os pontos de declarações conflitantes e mostrar as informações em disputa para que as pessoas possam julgar por si mesmas. Mais transparência de nós é fundamental para que as pessoas possam ver claramente o porquê de nossas ações.”
Post excluído no Brasil
Por aqui, o Twitter já havia excluído postagens do presidente Jair Bolsonaro que levavam a população a entender que, apesar da crise da covid-19, não havia problemas em circular livremente pelas ruas. O Facebook, que também está numa cruzada contra informações errôneas disseminadas na mídia social, também excluiu vídeo de Bolsonaro no Instagram pelo mesmo motivo.
A exclusão foi usada por Mark Zuckerberg, CEO da companhia, em recente entrevista para a rádio BBC como exemplo de como estão atentos ao assunto. Segundo ele, a decisão de retirar um post do presidente brasileiro foi porque ele afirmava que cientistas já teriam uma cura para o novo coronavírus, a hidroxicloroquina. A esse respeito, a OMS decidiu na segunda-feira 25 suspender o uso do medicamento em pesquisas contra a covid-19 até que a segurança da droga seja revista: dados recentes indicam que o remédio não é eficaz contra a doença e pode aumentar a taxa de mortalidade.
Na entrevista à BBC, Zuckerberg mencionou o post de Bolsonaro e afirmou que "isso (a cura) obviamente não é verdade e é por isso que removemos. Não importa quem diga isso".