arrow_backVoltar

#StopHateForProfit

WFA mostra que boicote ao Facebook ganha impulso

01.07.20

Um levantamento da World Federation of Advertisers (WFA) aponta que 31% dos anunciantes consultados pela entidade suspenderam ou devem interromper investimentos em redes sociais em virtude do discurso de ódio que se espalha nesses ambientes.

O índice reflete quanto as marcas estão aderindo ao movimento Stop Hate For Profit, que pede boicote de um mês ao Facebook pela falta de uma política mais eficaz contra mensagens de supremacistas brancos (leia mais aqui). O início dessa suspensão proposta pelo grupo se dá nesta quarta-feira, 1º de julho, nos EUA.

A pesquisa foi feita online entre os dias 25 e 26 de junho com executivos de nível sênior de 58 empresas que investem, juntas, US$ 92 bilhões em publicidade por ano. Dos entrevistados, 5% disseram que já suspenderam os budgets e 26% responderam que deverão fazer isso, somando 31% com intenção de interromper campanhas na mídia social.

Estão indecisos 41% dos entrevistados. Dos executivos consultados, 17% responderam que seria improvável reduzir suas verbas destinadas para as plataformas e 12% afirmaram que não suspenderiam os investimentos.

De acordo com o levantamento, mais da metade dos anunciantes teve conversas diretas com as redes para saber sobre suas políticas contra discursos de ódio. Além disso, 48% estão envolvidos com entidades que debatem o assunto como a Global Alliance for Responsible Media (GARM), da própria WFA.

Entre os entrevistados, 13% informaram que estão investindo em veículos mais orientados a minorias ou que abordem o tema do racismo. Há empresas monitorando e avaliando o papel das redes no mix de mídia.

Na visão da WFA, as plataformas sociais precisam fazer mais para enfrentar o problema. “Nenhuma marca quer ser associada ao discurso de ódio. Como patrocinadores do ecossistema da mídia social, os anunciantes têm uma voz que precisa ser ouvida. Estamos dispostos a trabalhar com as plataformas em melhorias que beneficiarão a sociedade, os anunciantes e as próprias plataformas. Isso precisa ser resolvido rapidamente porque o discurso de ódio passou de um desafio de gestão de mídia para um problema na sala de diretoria de muitas empresas”, disse Stephan Loerke, CEO da WFA.

Mais empresas

Com o movimento ganhando adesão, o preço das ações do Facebook sofreu uma queda brusca na sexta-feira passada, com a empresa perdendo US$ 7,2 bilhões de valor de mercado. Na terça-feira, 30, no entanto, elas se recuperaram um pouco e subiram 3%.

Na mesma sexta-feira, a Unilever havia anunciado que deixaria de investir no Facebook e em suas propriedades e também no Twitter não apenas por um mês, porém pelo resto do ano.

Na segunda-feira, 29, Ford e Adidas informaram que iriam participar do movimento, cujo pedido foi de suspensão para o mês de julho. Starbucks e Coca-Cola comunicaram que iriam interromper seus investimentos, no entanto não se posicionaram oficialmente como parte do Stop Hate For Profit.

Na Europa, três montadoras, Volkswagen, Honda e Ford, avisaram que estão aderindo ao boicote.

Reação do Facebook

Na segunda-feira, o Facebook informou que uma auditoria ajudaria em seus processos de controle de discurso de ódio. No dia seguinte, a companhia promoveu encontros com anunciantes.

Segundo a Reuters, executivos da rede, entre eles Carolyn Everson, vice-presidente de soluções globais de negócios, e Neil Potts, diretor de políticas públicas, participaram dessas reuniões para que pudessem evitar o boicote. Mas as marcas consideraram as abordagens insuficientes.

O impacto do boicote, se for cumprido pelo mês de julho nos EUA, terá um efeito mais simbólico do que financeiro, avisam empresas que analisam a veiculação de campanhas na mídia social. Segundo dados do Facebook divulgados no ano passado, a receita gerada por 100 de seus principais anunciantes representaram menos de 20% do total do montante gerado com publicidade.

#StopHateForProfit

/