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Publicis e a travessia da tempestade

Arthur Sadoun: 1º semestre melhor do que o esperado

23.07.20

O Publicis Groupe divulgou o balanço financeiro do primeiro semestre nesta quinta-feira, 23. O resultado da receita orgânica foi de -8%, sendo que o segundo trimestre registrou -13%. Os números são melhores do que a redução de 23% prevista pelo Zenith para a publicidade mundial.

Nos EUA, a receita orgânica do Publicis foi de -3,3% na primeira metade do ano, em comparação ao mesmo período de 2019. No segundo trimestre, o índice foi de -6,8%, quando havia uma perspectiva de que os investimentos em publicidade cairiam 18%. A América Latina teve queda de 20,2% (veja o relatório aqui).

Diante do resultado global, Arthur Sadoun, presidente e CEO do Publicis Groupe, declarou que a holding tem fundamentos fortes para enfrentar a crise. Por sinal, a expressão “enfrentar a crise” percorreu o relatório diversas vezes.

Como previsto, fomos atingidos no segundo trimestre pelas primeiras consequências econômicas da crise do coronavírus. Mas graças a nossa oferta única, que combina perfeitamente criatividade, mídia, dados e tecnologia a nossa espinha dorsal inigualável de serviços compartilhados e a nosso forte balanço patrimonial, conseguimos reduzir seu impacto”, explicou em carta aos investidores.

A política adotada para reduzir custos apresentou números importantes. E, ao mesmo tempo, o grupo obteve conquistas significativas no período, como a Sephora na América do Norte e o McDonald's na China.

Em entrevista ao site The Drum, Sadoun destacou o impacto da Epsilon, empresa de análise de dados, dizendo que ela teve um papel maciço para os negócios. Além de a companhia adquirida pelo Publicis poder ajudar clientes a retomar o controle de seus dados primários, ela permitiu que o grupo criasse produtos, entre eles o The Pact, uma ferramenta que garante KPIs de vendas, clientes, aquisições e ROI.

No caso das despesas, o programa do Publicis, que visa economizar € 500 milhões, conseguiu cortar € 286 milhões no período. Sadoun reportou que despesas de viagem representaram uma economia de cerca de € 50 milhões. Contratações e promoções foram congeladas e os salários dos executivos de primeiro escalão foram reduzidos (como ocorreu com Sadoun, que teve queda de 30% em seus rendimentos nos dois trimestres), entre outras medidas.

O CEO da holding não descarta mais cortes, se a crise demandar mais ajustes. Quanto a demissões, elas são tomadas por cada operação em suas regiões, informa o grupo.

Segundo semestre

Ao The Drum, Sadoun afirmou que, embora o Publicis tenha demostrado ter condições de atravessar tempestades, é preciso ter cautela quando se trata do segundo semestre. "O nível de incerteza é tal que é impossível alguém fazer previsões." De acordo com ele, os números estão melhorando, mas a previsão do setor em geral não parece boa. “Meu dever é proteger meu povo e minha organização durante a tempestade”, completou (confira a matéria aqui).

Para a Campaign, o CEO do Publicis Groupe reforçou sua cautela ao dizer que é prematuro falar se o semestre será melhor ou pior. "Ninguém sabe qual será a forma da recuperação", afirmou.

Sadoun comentou que é provável que teremos de conviver com o vírus por um bom tempo e suas consequências econômicas e sociais vão continuar atingindo a indústria na segunda metade do ano e provavelmente além.

Leia aqui a entrevista para a Campaign.

Publicis e a travessia da tempestade

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