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Fabio Porchat comenta atentado e adaptações do Porta
Muito se fala do e-commerce quando se buscam exemplos de quem conseguiu se adaptar ou até se sair bem durante a quarentena. Isolados em suas casas, os integrantes do Porta dos Fundos, entre atores, roteiristas e equipe técnica, conseguiram superar as barreiras impostas para a produção e desenvolveram uma série de formatos e projetos que estão permitindo a empresa se aproximar da meta financeira estabelecida para 2020.
Quem conta como tem sido o ano para a companhia é um de seus fundadores, Fabio Porchat. Nascida em agosto de 2012 como um coletivo de humor, a produtora amplia seus negócios e lança uma consultoria para as marcas criarem conteúdo em seus canais no YouTube (leia aqui sobre o Porta dos Outros, a nova área da empresa). Ele revela como foram os primeiros dias da quarentena e fala também da falta de resultados da investigação sobre o atentado que sofreram, no final de 2019.
Porchat foi um dos líderes do Porta que esteve na apresentação ao mercado dos números e projetos da empresa, feita na quarta-feira 19. No evento, ele participou de uma rodada de perguntas. Mas também esteve em um vídeo que mostrou como a companhia se reinventou na pandemia.
Confira:
E veio a pandemia...
Fabio Porchat – Tinha ficado dois meses e meio fora do país. Cheguei dia 1º de março e aí veio a quarentena. E agora? Como vai ser? Não havia nenhuma perspectiva sobre o que ia acontecer. A gente via a Itália, mas não dava para saber como ia ficar. A gente precisava discutir como iria funcionar, o que a gente precisava fazer para manter a empresa como estava. A Viacom nos deu muito apoio. Tínhamos vídeos para dois meses. Mas a gente precisava criar mais, discutir como fazer. A discussão de roteiro começou a ser virtual. Tudo feito à distância, mas tudo leva mais tempo. Tivemos war room no final de março com todos os redatores. Montamos tutorial para os atores, com orientações de fotografia, maquiagem. Enviamos um kit, com ring light, suporte para celular. Tudo para manter a qualidade artística e a técnica. A gente não queria perder isso. Mesmo assim lançamos mais vídeos, contratamos mais talentos. Minha mulher foi contratada como produtora. A gente fez um branded content para a Sky e foram dois dias de filmagem. Em abril, fomos até procurados por TVs para saber como estávamos fazendo.
Investigações sobre o atentado
As investigações estão no zero. Descobriram um homem na Rússia que agora não se sabe onde está. A gente esquece que no Brasil há um grande número de crimes sem resolução. Eu não estava aqui. Viajei no dia 21 de dezembro e o atentado foi dia 24. Estava viajando e voltei dois meses e meio depois, mas claro que acompanhava tudo. Continuamos esperando respostas.
Retomada e projetos com marcas
Em janeiro e fevereiro, normalmente, não tem muita coisa. Em janeiro já fizemos projetos com marcas, que vêm no embalo do final do ano. Mas fevereiro é mais difícil. A gente tinha dúvidas: será que vamos retomar? Em março, veio Dorflex. Tudo indica que vamos bater a meta financeira. A meta foi estabelecida em 2019. Isso mostra que o Porta transcende qualquer polêmica. Temos as esquetes, temos o “Que história é essa, Porchat”, o “Greg News”, que nós fazemos. Temos a série “Homens”. O especial de Natal já está escrito. Vamos filmar em setembro. A nova temporada do “Que história é essa” já está fechada com 17 episódios e adaptada para este novo mundo. Nossas redes sociais estão ativas, novos projetos como o do Totoro revisitando esquetes (#TBTotoro). Contratamos um talento de Curitiba, o Joel Vieira, que faz os vídeos de lá. A única coisa que parou foi nosso reality show para o YouTube Originals, o “Futuro Ex-Porta”, porque a gente ia viajar pelo Brasil (leia aqui).
Evolução na relação com anunciantes
No início, a gente esperava as marcas chegarem. Em dado momento, invertemos isso. Nós começamos a procurar as marcas. A Viacom nos profissionalizou e com o Crocas (o CEO Christian Rôças, que assumiu o posto no início de dezembro passado) organizamos nossa pegada digital. O que não mudou nesse tempo todo foi nossa forma de produzir humor. Continuamos com o foco em ser engraçado acima de tudo. Somos fiéis a isso. A marca já sabe como atuamos e ela vem para ser inserida na cultura pop. Claro que a gente vê os “do” e os “don’ts”. Mas a gente mantém nosso processo de criação.
Sempre brincamos com as marcas. A ponto de as pessoas não saberem quando tem projeto com marca. O que a gente fala para os anunciantes é para acreditarem que o trabalho tem graça e entenderem que isso não é propaganda. Nossos vídeos com marca são muito assistidos, às vezes até mais do que os editoriais. No Porta conseguimos conquistar a “ironia”. O público sabe que fazemos isso. Temos a liberdade de falar de tudo. Podemos fazer humor com tudo. E, por isso, escolhemos com o que vamos fazer humor.
Racismo
Sempre fomos muito engajados. Em nosso primeiro ano fizemos um vídeo, o “KKKKKK”, falando de Ku Klux Klan. Agora temos no time a Noemia Oliveira, que é atriz, a Nathalia Cruz, que é atriz e roteirista, e o Jhonathan Marques, que é roteirista. Também trabalhamos com o Yuri Marçal. Tem ainda o Pedro Ottoni, que foi descoberto pelo Instagram. Temos alguns projetos para lançar. É claro que não podemos ficar só na fala. Precisamos ter mais diversidade.
Lena Castellón