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O Espaço é Seu

Libertem as ideias das nossas bolhas (Bruno Athayde)

21.08.20

Há pouco me deparei com a matéria de um indiano que inventou um super traje para evitar o contágio do coronavírus (aqui). Aí pensei também naquela notícia de que MIT e Harvard estavam desenvolvendo uma máscara que acende uma luz ao detectar a Covid-19 (aqui).

Essas matérias me fizeram lembrar que em 2017 a rede de supermercados Carrefour e a Saatchi & Saatchi da Polônia lançaram o The Uniform That Cares (assista ao videocase, abaixo), um uniforme feito de tecido especial com propriedades antibacterianas e antivirais. Uma forma não só de diminuir o absenteísmo causado por doenças, mas que demonstra preocupação e cuidado com os seus colaboradores.

Beleza, mas aonde eu quero chegar com esse assunto?

Já imaginou como seria se o Carrefour tivesse produzido esse uniforme em larga escala? Ou se tivesse implementado globalmente em suas redes?

Inúmeros motivos podem ser levantados para explicar o motivo pelo qual a marca não levou a ideia adiante. O mais provável deles, o custo. Mas é aí que o assunto fica mais quente. Como estariam hoje o Brand Value e o Brand Equity do Carrefour se essa ação tivesse sido, de fato, levada a sério e não ficado apenas no universo das premiações. Sinceramente, acho que essas mensurações não estariam mais fortes apenas por conta da Covid.

É normal que a criação hoje pense em soluções que sejam um pouco mais "makers" para atender um determinado briefing. Mas, infelizmente, na maioria das vezes, essas ideias são vistas de forma negativa.

"Ah, mas isso aí é só pra ganhar prêmio".

Eis aí a miopia de muitas empresas.

Se encararmos essas ideias como protótipos, com a pretensão de escalonar num futuro próximo, muitas delas podem gerar valores inestimáveis para qualquer marca. A questão é que nem sempre as empresas levam adiante esses projetos, e ideias tão legais ficam somente na lembrança da Riviera Francesa, como aconteceu com a ação do Carrefour.

O premiadíssimo "Nivea Doll" (abaixo) talvez tenha sido um dos poucos exemplos, no Brasil, onde o marketing enxergou mais longe, já que até há pouco tempo podíamos encontrar a boneca, que precisa de protetor solar, sendo vendida em diversas farmácias.

A culpa de algumas ideias que ficam somente no universo de Cannes não é só do ego dos criativos: precisamos dividir essa responsabilidade. Mas, é claro, da nossa parte entra sim a responsabilidade de levarmos um pouco mais de coragem, sabendo transmitir e compartilhar esse sentimento na hora de vender uma ideia.

Então, segue aqui a reflexão que proponho aos CMOs, Diretores e Gerentes de Marketing: revisem as suas gavetas, dentro delas pode existir alguma ideia que ficou esquecida no universo das premiações, que poderia estar não só gerando um grande valor para a sua marca, mas de alguma forma sendo bastante útil para a sociedade.

Acreditem nessas ideias.

Propaganda hoje, dentre os diversos objetivos, também é sobre legado. Sobre o que realmente vai fazer a diferença na vida das pessoas.

Bruno Athayde, head de criação e diretor de arte da TracyLocke

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