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Perspectivas dos presidentes de júri (Rafael Pitanguy e James Pinto)
Apesar de este ser um ano diferente de tudo, o Clube de Criação decidiu manter sua premiação e as razões estão expostas na Carta ao Mercado (que pode ser lida aqui). Como em todas as edições anteriores, o 45º Anuário fará a celebração do melhor que a Criatividade publicitária produziu neste país.
As inscrições estão encerradas, com exceção de duas categorias: Estudante, cujo data-limite vai até 03 de setembro (leia mais aqui), e Periferia Criativa, com prazo estendido até 10 de setembro (confira aqui). Em breve, começa o trabalho do júri. Neste ano temos algumas diferenças. A começar pelo julgamento, que será virtual.
Outra novidade é que todos os júris são compostos de 50% mulheres e 50% homens. A edição traz, desse modo, um importante foco na diversidade (veja quem faz parte dos júris).
O Clubeonline procurou os presidentes de júri para comentar o ano, o 45º Anuário e o valor da Criatividade. Nesta quarta rodada de entrevistas, as considerações são de Rafael Pitanguy, CCO da Y&R, na categoria Criação, e James Pinto, CEO da Jamute, que vai presidir a categoria Trilha (Trilha Original/ Melhor Uso de Música/ Sound Design) + Radio.
Já participaram:
- Laura Esteves, diretora executiva de criação da DPZ&T, e André Kassu, sócio e diretor de criação da CP+B, ambos na categoria Criação (reveja aqui).
- Luciana Haguiara, diretora executiva de criação da MediaMonks/Circus e presidente de júri na categoria Digital, e de Carolina Markowicz, roteirista, diretora e sócia da Rebolucion Brasil, presidente de júri na categoria Técnica Filme (aqui).
- Edu Lima, sócio e ECD da Wieden+Kennedy, na categoria Criação, e Theo Rocha, diretor do Facebook Creative Shop Latam e presidente de júri da categoria Estudantes (aqui).
Confira:
JULGAMENTO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Rafael Pitanguy - Este ano tive a oportunidade de julgar o D&AD, que também aconteceu remotamente e num momento no qual a angústia e a incompreensão com a pandemia eram ainda maiores. Menciono isso porque mesmo ali, com jurados de nacionalidades diferentes, e trabalhos inscritos nos mais diferentes idiomas, tudo correu bem. As discussões foram construtivas e os bons trabalhos, premiados. Acredito que aqui, onde compartilhamos idiomas, amizades e, consequentemente, até critérios criativos mais parecidos, não vejo motivos para termos grande dificuldades com o processo. Essa é a primeira vez que vou presidir uma das categorias do prêmio e eu não poderia estar mais honrado. Tanto pela importância do Clube na preservação e celebração da criatividade, como também por exercer esse papel num ano em que o Clube equilibra a presença de gêneros e dá muito mais foco à diversidade.
RETOMADA E CRIATIVIDADE
Pitanguy - Não tenho uma visão ou uma crença diferente na criatividade em função da pandemia. Até porque acho que ela tem sido essencial tanto em crises como em épocas de prosperidade. O grande problema é que a criatividade, nas mais diferentes áreas, depende de apoio, de investimento e de estrutura para acontecer. Acho perigoso ignorarmos isso. No momento em que verbas, estruturas e investimentos diminuem tanto, a criatividade também sofre. Claro que podemos ser criativos e efetivos fazendo um cartelado, mas é muito melhor quando podemos ser criativos e efetivos fazendo também um cartelado. Quando o Gondry filma um curta ou o Soderbergh um longa usando uma câmera de celular, isso era uma opção e não uma obrigatoriedade. Criatividade é um investimento. Sabemos que todas as agências estão lutando como nunca para fazer bons trabalhos, mas a realidade atual deixa tudo muito mais difícil. De verdade, não aguento mais ouvir que, na lendária sabedoria chinesa, crise e oportunidade são representados pelo mesmo ideograma. O que, aliás, descobri outro dia que é mentira. Prefiro acreditar que a retomada econômica também vai significar uma retomada criativa.
MERCADO ANTES E DURANTE A COVID
Pitanguy - O que mais me impressiona no mercado durante a covid é a nossa imensa capacidade de continuar criando, produzindo, veiculando, pensando mesmo com uma mudança tão grande e tão rápida de realidade. Não estamos num home office padrão, mas numa situação em que trabalhamos enquanto filhos não vão para a escola, em que amigos e familiares ficam doentes, em que passamos álcool em gel até em ovos e tomates. É tudo muito estranho e assustador, mas seguimos fortes, resilientes, dedicados. Falo tanto de agências, como de clientes, de produtoras. Mesmo nesse liquidificador entre a vida pessoal e a profissional, não perdemos nossa capacidade produtiva. Fora isso, vejo uma ampliação clara nos espaços em que passamos a ocupar dentro dos clientes. Nunca pensamos tanto em produtos, plataformas, estratégias, canais digitais. Pela enorme quantidade de pontos de interrogação que a pandemia criou, nos mais diferentes segmentos, ter pessoas com backgrounds diferentes, com uma crença forte em criatividade e até com menos expertise no segmento pode ajudar muito nas formas de solucionar determinadas questões. Como as perguntas mudaram, contar só com quem tinha as respostas prévias ficou muito limitante. É aí que, acredito, a criatividade pode fazer uma grande diferença.
INTENSIDADE DAS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS
Pitanguy – Acho que 2020 vai transformar muitas intenções em gestos. Este ano tem provado que trabalhar apenas no âmbito do discurso ficou absolutamente limitante. Já não basta apenas refletir criticamente. É necessário exercer o poder da ação. Para ficar dentro do dicionário publicitário, chega de awareness. Não adianta o mundo lutar por respiradores enquanto uma parcela da população é sufocada. É tempo de uma urgente transformação. Talvez por isso, não acho que teremos mais peças abordando esses temas. Abordar o tema ficou pequeno. Há tempos que agências criam peças com temas inclusivos. Motivados tanto por responsabilidade como, infelizmente, também por oportunismo. Mais importante que criar qualquer peça é criar um júri 50/50, é criar escolas de publicidade capazes de inserir profissionais que não teriam chance de chegar a grandes agências, é pensar em representatividade quando criamos da campanha mais careta à mais premiada.
JÚRI 50/50
Pitanguy - Tenho a sorte de minha mãe ser uma grande militante do movimento feminista no Brasil, tendo dedicado sua vida a uma luta ativa pela saúde reprodutiva, pela representatividade, e contra a desigualdade de gênero. Ver que essa conquista chegou à área em que trabalho me emociona profundamente. Como publicitário e, também, como filho.