Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Quino, o criador da Mafalda. Aos 88 anos
“Morreu Quino. Todas as pessoas boas do país e do mundo vão chorar.” Com essas palavras, o editor Daniel Divinsky, amigo do desenhista argentino Joaquín Salvador Lavado, comunicou a morte do criador da icônica personagem Mafalda. Divinsky, da Ediciones de la Flor, publicava desde 1970 os livros de Quino, um autor referendado dentro e fora da Argentina. Ele revelou a notícia em post no Twitter nesta quarta-feira, 30. Quino estava com 88 anos.
O desenhista estava em Mendoza, sua terra natal. Seus primeiros passos na carreira foram dados em sua cidade. Aos 13 anos entrou no Colégio de Belas Artes de Mendoza, mas logo se sentiu "cansado de desenhar ânforas e emplastros" e transformou sua genialidade em quadrinhos e humor – ainda que na primeira fase os desenhos não tivessem palavras -, apontou o jornal Clarin.
O primeiro cartoon veio aos 18 anos. Mas sua personagem mais famosa, Mafalda, só veio ao mundo quando ele tinha 30 anos.
No ano passado, em 29 de setembro, os fãs de Mafalda comemoraram os 55 anos da personagem. O Clubeonline publicou na época a história do surgimento dessa figura tão contestadora quanto carismática. Originalmente criada como parte de uma campanha publicitária - que nunca veio a público -, a menina de seis anos, de cabelos pretos e que odeia sopa teve sua primeira aparição na revista Primera Plana, cerca de um ano depois de ter sido elaborada por encomenda.
Quino trabalhava com outro desenhista, Miguel Brascó, que, em 1963, foi procurado pela agência Agnes Publicidad. Os criativos planejavam uma história com uma família constituída de pai, mãe e um casal de filhos para a marca Mansfield. A ideia era promover uma nova linha de eletrodomésticos por meio de quadrinhos. Brascó disse para a agência que esse trabalho não tinha nada a ver com o que fazia. Então, indicou seu colega.
A agência pediu a Quino que os personagens criados tivessem nomes que começassem com a letra “M”. Quino estudava alternativas até uma noite em que viu um filme onde aparecia uma bebê chamada Mafalda. Naquela hora, escolheu o nome da garotinha que se tornaria tão emblemática não apenas para o cartunista como para a própria história dos comics na América Latina e no mundo (leia mais aqui).
Em junho de 1973, 1.928 tiras depois, Quino decidiu que não iria mais desenhar as histórias de Mafalda, cansado da entrega rotineira para o jornal. Aposentava, desse modo, seu lápis para a personagem e seus amigos. No entanto, ele liberou a produção de novas versões, como uma animação para a TV.
Certa vez lhe perguntaram se não pensava em ressuscitar Mafalda, que tem uma estátua na região de San Telmo em Buenos Aires. “Mas ressuscitá-la significaria que está morta. Ninguém tem dúvidas de que ela está bem viva”, declarou.
Alguns desenhistas homenagearam o autor nas redes. O argentino Liniers agradeceu ao mestre em uma foto em que está com Quino e com um desenho no Instagram. E Laerte relembrou no Twitter desenhos que fez sobre Mafalda. Em um deles, colocou a garota na cadeira de um tribunal, dizendo que ela é a culpada de ser o que é.
Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, também deixou uma mensagem para homenagear o cartunista argentino. "O amigo Quino está agora desenhando pelo universo com aqueles traços lindos e com um humor certeiro como sempre fez. Criou sua Mafalda, hoje de todos nós, no mesmo ano em que eu criei a Mônica, em 1963 - mas ela só estrearia nas tiras no ano seguinte. Por isso, nos tornamos irmãos latino-americanos para desbravar o mundo dos quadrinhos. Estive com ele em 2015, em Buenos Aires, no Centro Cultural Brasil-Argentina, onde o presenteei com uma Mônica ao lado da Mafalda na comemoração dos 50 anos das duas personagens. Uma pessoa dócil e um dos maiores desenhistas de humor de todos os tempos. Quino vive agora mais forte dentro de nós”.