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O Que a F/Nazca Ainda Pode Fazer Por Você (Marcello Noronha)
O Que a F/Nazca Ainda Pode Fazer Por Você
(ou Trocando o Bill Murray Pelo Fábio Fernandes)
Acabei de assistir o episódio do Insights do Clube de Criação com o Fábio Fernandes e o seu dream team composto por Keka Morelle, Edu Lima, André Kassu e meu amigo Papito - o “Pedro Prado”. Vi com um certo atraso porque ficou perdido no meio de tantos streamings, lives e calls. Mas sem dúvida foi uma ótima maneira de investir duas horas em frente a tela. Vale bem mais que o filme da Sofia Copolla na AppleTv, acredite. E olha que lá tem o Bill Murray. Foi como penetrar numa noite da agência e ouvir as histórias e as crenças de uma galera talentosa e apaixonada.
Sabemos que tem gente que sentiu um certo prazer quando a F/Nazca acabou. Ou porque rola aquele excitamento pela tragédia ou porque não pertencia e tinha dor de cotovelo. Tudo muito humano. Mas têm os que acham que tinha envelhecido e já tinha passado o tempo dela. Pois é, acho que aí tem uma questão importante. A F/Nazca representava, não uma linguagem de propaganda, mas um jeito de pensar. E bancava isso. Disruptiva antes de eu saber que essa palavra se quer existia. Eles já faziam o “digital” na TV. Ser abusado na Globo era muito mais difícil, acredita. O que hoje é briefing era briga. Vai no YT e olha o canal da agência. Por favor, seja fair e dê uma atualizada de formato etc. Inri Cristo está olhando, hein? Tá tudo lá. Formiguinha é meme puro. Gigante é storytelling forte. É conteúdo na veia. Tem muito 30” desformatado. Só que na ideia. Claro que tem que dar uma editada porque os códigos mudaram e algumas abordagens envelheceram. Mas o que quero chamar atenção aqui é a matéria-prima da criatividade. O mais puro pensamento criativo transgressor e visceral. Rompendo padrões de conformidade, muitas vezes hipócritas. Criatividade e ousadia que ajudaram a formar muita gente. Dentro e fora da agência. Mexia com os brios do mercado e de cada um de nós. Meus trabalhos mais criativos e contundentes, como Mesmice, Monocalça pra Oi e Cabeças pra BomNegócio, por exemplo, não sei se existiriam sem o espírito criativo dessa galera me assombrando. É lógico que também dava ruim. Mas porque abusavam. Cansei de usar como referência um filme de cerveja pra Skol ou Brahma em que uma roupa pendurada num varal saltava pra beber o produto. Achava o filme bem ruim, mas eu admirava muito a busca, o risco de tentar algo completamente diferente e esquisito.
Isso tudo fazia ir pra rua – isso mesmo, na vida - um trabalho que, mais que jumping into the conversation, era o foco do diabo da conversation. Interrompia? Sim, mas muitas vezes essa interrupção era melhor do que o que estava sendo interrompido. Com o passar do tempo, eles continuaram phodas, continuaram inquietos. Ficaram mais cool e internacionais. Por vezes até herméticos. Experimentar tem dessas coisas. Mas o molho nunca sumiu. A agência morreu atirando contra o conformismo reinante e sua alma está aí pra quem tiver o mínimo de sensibilidade pra ver e aprender. Tem bastante coisa pra absorver se você olhar com muita humildade e pouco preconceito. E mesmo que você não ame tanto o que essa galera fez (será!? será!?), assista ao vídeo ainda assim. Impossível não sentir uma ponta de inveja do carinho e admiração profunda que eles têm um pelo outro. E todos pela criatividade. Ah, o Fabio Fernandes ameaça voltar em dois anos, tomara. Minha criatividade conta com um siri puxando meu pé.
Marcello Noronha vive atualmente trancado em casa no Rio de Janeiro com a Sabrina e a Mia e é Diretor de Criação na Artplan