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Gláucia Montanha (Convert) e Nathalia Cruz (Porta dos Fundos)
O Clubeonline abriu um espaço para a troca de experiências, ideias, dúvidas e reflexões sobre a mulher no mercado de comunicação.
Para isso, montamos duplas formadas por profissionais que nunca trabalharam juntas antes. A experiência visa mostrar o que evoluímos e discutir para onde vamos. Afinal, se tomarmos como base que a mulher “chegou lá”, o que vem a seguir?
O mais importante nesta proposta é a troca entre as profissionais convidadas. Para isso, elas tiveram liberdade de estabelecer três perguntas para sua “dupla”. E responderam às três encaminhadas por ela.
A série foi inaugurada nesta segunda-feira, 08, Dia Internacional da Mulher, com Ilca Sierra (Via Varejo) e Lica Bueno (Suno) – leia aqui como foi a troca de perguntas.
Agora é a vez de Gláucia Montanha, diretora-geral da Convert (do Grupo Dreamers, dono da Artplan e do Rock in Rio, entre outras empresas), e Nathalia Cruz, atriz e roteirista do Porta dos Fundos.
Até sexta-feira teremos uma dupla por dia.
GLÁUCIA MONTANHA
Formada em Administração e Comunicação Social, Gláucia soma mais de 20 anos no mercado publicitário, tendo atuado nos mais diversos segmentos. Nos últimos anos, tem pautado sua carreira em brand performance, performance, métricas e e-commerce. Em outubro passado, Gláucia assumiu como diretora-geral da Convert, unidade de negócios de digital business e performance do Grupo Dreamers (relembre aqui).
Antes, liderou por três anos a área de Mídia, BI e Performance da VML&Y&R, comandando mais de 60 profissionais. Ela estava na agência desde 2004.
As questões enviadas por Nathalia Cruz e respondidas por Gláucia Montanha são as seguintes:
Nathalia - Depois de tantos anos de carreira e ocupando um cargo de liderança à frente de tantos colaboradores, como você faz para se manter sempre ligada ao novo? O que você mais valoriza na troca com quem está começando?
GLÁUCIA - Existem algumas coisas que me ajudam nisso. As mais importantes que destaco aqui são: empregabilidade, relevância e saber que preciso aprender todos os dias. De forma bem simplista, vou explicar rapidamente a importância de cada uma dessas. Devido à minha história de vida, de sempre precisar ajudar em casa, tinha muito medo de ficar desempregada quando comecei, e isso despertou em mim uma inquietude que até hoje me persegue. De certa forma, é uma das coisas que mais me ajudou a chegar até aqui, e me manter. Para mim, empregabilidade está ligada a se manter atualizada em relação aos principais movimentos que acontecem, seja para buscar ter talentos melhores do que eu ao meu lado para aprender, ou para criar uma rotina semanal de aprendizagem. Isso me permite passar por assuntos e reconhecer o quanto não sei, pois surgem novas frentes de aprendizado todos os dias. Esse movimento impacta diretamente no segundo, que é a relevância. Tenho a relevância como principal objetivo em cada cliente, buscando fazer diferença positiva no dia a dia do negócio dele, entregando além do que podem parecer “commodities”. Busco, de verdade, entender o negócio dele e saber como posso, de fato, ajudar a gerar mais negócios e isso me mantém em uma rotina constante de conversa e de busca por oportunidades. Por isso, quando conheço alguém que está começando, o que mais valorizo é a conversa, porque cada conversa me abre uma série de novas possibilidades. E é menos sobre a conversa de trabalho e sim sobre a pessoa. De repente, quando percebo, estamos em uma troca muito interessante.
Nathalia - Entre tantas especializações em análise de performance e métricas de resultados para clientes, você costuma ser mais ou menos exigente no monitoramento de seus "resultados" pessoais nos papéis sociais que ocupa? Nossa autocobrança, principalmente como mulheres, costuma ser severa. Consegue ser generosa na hora de fazer essa autoanálise?
GLÁUCIA - Nossa, uau, que pergunta! Óbvio que, quando analiso meu resultado versus tudo o que poderia fazer como papel social, posso dizer que estou abaixo na performance, levando em consideração o tamanho de tudo que gostaria de fazer. Mas aprendi a ser feliz e comemorar onde consigo estar. Quando mudei isso na minha cabeça, acredite, parece que comecei a fazer mais coisas. Parece que quando você diminui a cobrança consigo mesma, você faz mais por você. É algo bem especial, onde aprendo que o primeiro passo é aceitar que está tudo bem se não conseguir fazer tudo, mas que amanhã está aí para poder tentar de novo. Já sofri muito com a autocobrança e hoje consigo ser mais leve nesse olhar, mas diria que isso foi um pouco da maturidade e, principalmente, a diminuição do ego, que vem no pacote “maturidade”, a meu ver.
Nathalia - Após mais de 20 anos de carreira e em meio a tantos desafios e conquistas, você acha que o ambiente corporativo em que atua hoje é mais receptivo à presença de mulheres em cargos de liderança? Qual o conselho que se daria se pudesse falar com a Gláucia do começo da carreira?
GLÁUCIA - Hoje a conversa sobre mulher na liderança é mais comum, mas ainda com um olhar social. Algo como “precisamos ter mulheres na liderança”. Muito mais para cumprir o papel com a sociedade do que pela real entrega e formação. De qualquer forma, já acho um avanço, pois fui parte da época em que a mulher na liderança era mais um símbolo sexual do que de líder, e hoje já evoluímos. Óbvio que ainda tem muito para evoluir e, diariamente, precisamos lembrar do nosso papel e entrega, seja na empresa, na sociedade ou no ambiente de amigos, mas com mais naturalidade do que antes. Agora, sobre o conselho, quando olho tudo o que passei, duas dicas eu daria: “Acalma o cérebro! Você vai chegar mais longe do que imagina. Então, sinta menos culpa pelas coisas que acredita que está perdendo agora, porque elas virão de uma forma ainda mais especial”.