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Cinemateca Brasileira

Artistas e trabalhadores cobram retomada

13.04.21

A crise da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, fechada desde agosto passado, se prolonga e coloca em risco seu acervo estimado em 240 mil rolos. Nesta segunda-feira, 12, houve uma audiência pública extraordinária da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. Representantes do setor audiovisual cobraram soluções urgentes.

Um compromisso havia sido assumido publicamente pelo secretário especial de Cultura Mário Frias na época do fechamento, quando também foram demitidos os funcionários da instituição (ao todo, 62 pessoas). Ele se comprometeu a passar a gestão da Cinemateca para a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) em 12 de janeiro, para que esta iniciasse um processo de transição para um novo modelo de administração desse espaço, importante centro de preservação da produção audiovisual do país.

O fato, porém, é que esse processo nunca foi iniciado e nem a gestão passou a ser da SAC, presidida por Carlos Augusto Calil, ex-presidente da Embrafilme e da Cinemateca e ex-secretário de Cultura de São Paulo. Na audiência, ele alertou que a instituição está em coma.

Os representantes do audiovisual defenderam a imediata retomada das atividades da Cinemateca principalmente porque o acervo corre riscos à preservação. “É uma questão de segurança patrimonial, explicou Calil. Ele lembrou da tragédia do Museu Nacional, que ocorreu não por falta de advertências. O perigo de se perder a memória do cinema brasileiro é real.

Na Cinemateca estão depositados 100 anos da história do cinema”, reforçou o cineasta Silvio Tendler, que participou da reunião. Também esteve presente outro cineasta, Cacá Diegues, que declarou que a instituição não sobrevive sem o “apoio desinteressado do Estado”. A Cinemateca não dá lucro e nem dará, acrescentou. Ela é mais como um templo – e dos templos não se esperam lucros.

Pelo governo federal, quem respondeu foi Hélio Ferraz, diretor do departamento de políticas audiovisuais da secretaria. Ele afirmou que será lançado um edital para definir o novo gestor, porém não há uma data precisa para publicação.

Manifesto

Os ex-funcionários da Cinemateca publicaram na segunda, 12, um manifesto, que circulou nas redes, a respeito da situação da instituição. Eles recordam que, desde agosto, não há corpo técnico contratado e observam que o acervo segue desacompanhado, não havendo informações sobre suas condições.

Por esse motivo, lançamos um alerta acerca dos riscos que correm o acervo, os equipamentos, as bases de dados e a edificação da instituição. A possibilidade de autocombustão das películas em nitrato de celulose, e o consequente risco de incêndio frequentemente recebem mais atenção da mídia e do público. A instituição enfrentou quatro incêndios em seus 74 anos, sendo o último em 2016, com a destruição de cerca de 500 obras. O risco de um novo incêndio é real”, ressalta o grupo.

Os trabalhadores prosseguem: “Perante o quadro atual, pleiteamos o imediato retorno dos trabalhadores a seus respectivos postos de trabalho, cuja experiência é crucial para a recuperação da instituição. (...) Solicitamos esclarecimentos à Secretaria Nacional do Audiovisual sobre a efetivação do plano emergencial, anunciado pelo secretário especial de Cultura Mário Frias em dezembro de 2020. Reivindicamos ainda o pronto lançamento do edital prometido desde julho de 2020 para seleção da nova Organização Social responsável pela gestão da Cinemateca Brasileira, assim como a garantia dos recursos necessários para dirimir problemas decorrentes da suspensão dos trabalhos, para o pleno funcionamento da instituição e para a construção de uma solução perene para a instituição.

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