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Variante Delta afeta produções e cinemas nos EUA
Uma das produções recordistas de audiência da Netflix, a série “Bridgerton” teve de ser interrompida abruptamente em meados de julho devido a dois casos de covid-19 no time. Mas agora as equipes estão de volta às filmagens. Foi o que revelou o showrunner Chris Van Dusen para a Variety nesta terça-feira, 03. “Estamos de volta ao caminho. Tivemos de atrasar por causa da covid”, contou.
A Netflix não revelou se as pessoas atingidas pelo vírus seriam do elenco ou da equipe técnica. De todo modo, tudo teve de parar – e os doentes entraram em isolamento, tendo retornado apenas agora, como relatou o showrunner.
A companhia, contudo, baixou uma norma no dia 28 de julho requerendo que estejam vacinados todos os atores e demais profissionais que estiverem em contato próximo durante filmagens. Isso vale para as produções nos EUA.
Foi o primeiro estúdio a aderir ao novo protocolo de retomada de trabalhos aplicado em Hollywood. Dias antes, sindicatos e os principais estúdios do mercado de entretenimento concordaram em voltar a estabelecer medidas mais restritas frente à ameaça da variante Delta da covid-19.
Nos EUA, com o avanço da vacinação, alguns Estados começaram a diminuir as restrições sanitárias impostas contra o novo coronavírus. Foi o caso da Califórnia, que atingiu no final de junho um índice de vacinação acima de 60% da população – e com 48% plenamente imunizada.
Com o aumento dos casos em função da variante Delta, a prefeitura de Los Angeles voltou a impor o uso de máscaras em ambientes internos, inclusive para vacinados (em área externas, isso está liberado, mas entre os imunizados). Em relação às produções, o sistema de zonas (que separa os trabalhadores em virtude do risco de exposição) continua valendo e os testes de covid, aplicados regularmente nos times de produção, também foram mantidos.
Comprovante de vacinação
A novidade foi a comprovação de vacinação para quem estiver trabalhando na chamada zona A, em que os atores e as equipes técnicas estão mais expostos a contágio. A regra não inclui as demais zonas.
Segundo as medidas firmadas entre as autoridades sanitárias e a indústria, os estúdios podem pedir prova da vacinação. Outras práticas foram determinadas, como a separação dos times entre vacinados e não-vacinados. No caso de deslocamento por vans ou alimentação em refeitórios, por exemplo, as pessoas seriam direcionadas para os devidos veículos ou espaços.
Estabeleceu-se ainda que, se a taxa de transmissão da covid-19 na região aumentar, novas medidas, mais rígidas, serão adotadas.
O avanço da variante Delta em Los Angeles, meca da indústria do entretenimento, botou o freio em planos de várias empresas. Há situações que demandaram paralisação devido ao surgimento de casos, prejudicando o cronograma. Foram suspensas as filmagens das séries “House of the Dragon”, prequel de “Game of Thrones” (HBO), e “Woke” (Hulu) porque foram notificados testes positivos para covid-19 nas equipes. As duas produções já foram retomadas.
A recusa de Sean Penn
Mesmo as sem registro de casos foram afetadas. Sean Penn se recusou a continuar as filmagens de “Gaslit”, nova série do canal pago StarZ, enquanto toda produção não estiver vacinada. Isso inclui a equipe técnica que atua em outras zonas, e não apenas na A.
A produção da série da StarZ, que gira em torno do caso Watergate e tem Julia Roberts no elenco, estava em andamento. A decisão de Penn veio depois de ele ter se deslocado para o Festival de Cannes, por causa do terceiro longa que dirigiu em sua carreira, "Flag Day". Ao regressar para os EUA, ele informou que não voltaria a filmar sem a garantia de todos estarem protegidos.
O ator, que já tomou as duas doses, alegou que a importância da vacinação da equipe inteira não se restringe a sua segurança, e sim que ela é fundamental para evitar a propagação do vírus, que vem crescendo nos EUA em função da nova variante. Sean Penn é fundador da ONG Core, que tem atuado fortemente no combate à covid. Ele ainda não voltou, de fato, às filmagens.
Volta a escritórios alterada
Agências de artistas também estão repensando o que fazer nos próximos meses. Algumas planejavam reocupar seus escritórios a partir de setembro. Mas agora estão redefinindo o planejamento. De acordo com o Deadline, a CAA deve reabrir apenas em meados de outubro, mas para funcionários vacinados.
A Sony Pictures Entertainment é mais uma empresa da indústria a mudar seus planos quanto ao retorno das equipes para os escritórios. A ideia era reabrir as salas no dia 7 de setembro. O plano foi adiado para o início ou meados de outubro, conforme a situação de transmissão do novo coronavírus. O presidente da Sony, Tony Vinciquerra, afirmou em comunicado que os funcionários que retornarem terão a opção da semana de trabalho flexível (três dias no escritório) até o final do ano.
Com tudo isso, é provável que atrasos em produções voltem a acontecer de modo a impactar toda a indústria, como as plataformas de streaming, ávidas por conteúdo. Para a Netflix, a diminuição da oferta de novas produções (entre títulos inéditos e temporadas novas) está entre as causas da queda no ritmo de adesão de novos assinantes.
Foi o que reportaram na apresentação dos números do segundo trimestre (leia mais aqui). A companhia revelou que houve redução de assinaturas nos EUA e no Canadá. A Netflix perdeu cerca de 430 mil usuários na base de assinantes nos dois países.
Estreia adiada
Além disso, a variante Delta aumentou a insegurança na retomada das salas de cinema. Uma pesquisa do National Research Group, feita no final de julho com frequentadores, mostrou que o nível geral de conforto caiu de 81%, apontado mais recentemente, para 72% no espaço de três semanas. Entre os consumidores ouvidos, o grupo mais preocupado é o das mães, com índice saindo de 75% para 59%, conforme revelou o Hollywood Reporter.
A covid, mais uma vez, está levando os estúdios a mudar datas de estreias de seus títulos nos EUA. Segundo o Hollywood Reporter, a Paramount postergou o lançamento do filme "Clifford the Big Red Dog", feito para a família, que estava previsto para 13 de setembro para uma data futura. O longa havia estreado no Festival de Cinema de Toronto.
Em NY
Na terça-feira 03, a prefeitura de Nova York anunciou que a partir do dia 16 irá exigir comprovante de vacinação para todos os que quiserem frequentar ambientes fechados como cinemas, teatros, restaurantes e academias. É a primeira grande cidade dos Estados Unidos a adotar esse tipo de restrição.