Desde que a ONU atualizou os dados sobre a crise climática, fazendo a alteração de alerta amarelo, de atenção, para vermelho, o Clubeonline tem procurado agências, produtoras, anunciantes, veículos e especialistas no tema para o fomento do debate em torno das mudanças que estão nos afetando hoje e irão nos afetar ainda mais amanhã, se medidas concretas não forem tomadas.
Um relatório produzido a partir do trabalho de centenas de cientistas (disponível aqui) mostrou que o limiar do aquecimento global (1,5 graus Celsius acima do período pré-industrial) será atingido em 2030, dez anos antes do que se projetava.
Apontou também que algumas situações são irreversíveis – mesmo que dediquemos séculos para combatê-las. O estudo alerta que as ondas de calor e incêndios vistos recentemente, mais os furacões devastadores e outros eventos climáticos extremos, se tornarão mais severos.
Diante do cenário, o secretário-geral da ONU, António Guterres, recomendou o fim do uso do carvão e de outros combustíveis fósseis altamente poluentes para evitarmos uma catástrofe ambiental. Ele pediu também a união de governos, empresas e sociedade no esforço para recuperar o planeta dos danos causados pela ação humana.
Para discutir esse tema e o que pode ser feito pelo mercado de comunicação a partir do alerta da ONU, dado ao divulgar o sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), criamos a série Plantão #CodeRed, o “código vermelho para a humanidade”, como sinalizou Guterres.
Já contribuíram com a proposta, compartilhando suas análises:
- Raoni Rajão, professor da UFMG e especialista em gestão ambiental, que estará no Festival do Clube 2021 falando sobre o futuro do planeta e da Amazônia;
- Rui Branquinho, cofundador e CCO da agência GiveBack;
- Fernando Meirelles, sócio da O2 Filmes e “diretor-metido-a-ambientalista”;
- Marcelo Reis, coCEO e CCO da Leo Burnett Tailor Made.
Agora a palavra está com Denise Hills, diretora global de sustentabilidade da Natura.
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Proteção e regeneração das condições que sustentam a vida no planeta são um imperativo de todos. O relatório precisa ser visto como um grande chamado para uma ampla cooperação internacional, da mesma forma como tem sido a luta contra o coronavírus: um esforço que ocorre em diversas geografias, governos, academia, empresas e lideranças da sociedade civil.
As empresas precisam estabelecer um claro plano de metas para toda sua cadeia de valor com o intuito de movimentar o setor privado e estimular o olhar integrado para a gestão de carbono. É fundamental criar uma agenda de ação integrada para abordar as questões de clima, biodiversidade, florestas, oceanos e desenvolvimento sustentáveis.
Fizemos isso recentemente com a nossa Visão de Sustentabilidade 2030, documento que batizamos de Compromisso com a Vida por ser um plano ambicioso de sustentabilidade, que reúne 31 metas com ações concretas para enfrentar alguns dos desafios globais mais urgentes como a crise climática e a proteção da Amazônia. Além disso, é importante se somar a movimentos como o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Coalizão Brasil Clima Floresta e Agricultura, Rede Brasil do Pacto Global etc.
Buscamos ser agentes de diálogo e cooperação, formando parcerias que gerem transformações positivas para o mundo. Nossa Visão 2030 - Compromisso com a Vida é um marco nesse sentido. Nele, antecipamos em mais de 20 anos a meta do Acordo Paris.
Até 2030, buscamos nos transformar de uma empresa carbono neutro para carbono zero. Essa ambiciosa meta visa chamar atenção frente ao urgente desafio da crise climática. Nossa estratégia também se conecta à valorização da sociobiodiversidade, à promoção da bioeconomia da floresta e de soluções regenerativas na Amazônia.
Atualmente a Natura é reconhecida como uma das companhias globais dentre os 7% de empresas que mais engajam seus fornecedores em mudanças climáticas, segundo o CDP (Carbon Disclosure Project). Em 2020, já havíamos figurado no Índice de Engajamento com Fornecedores (SER – Supplier Engagement Rating), divulgado pela organização.
A Natura ainda lançou, em 2017, em parceria com o Itaú Unibanco e o Instituto Ekos Brasil, a plataforma Compromisso com o Clima que reúne projetos de compensação das emissões de carbono. Atualmente, temos mais de 1,46 milhão de créditos de carbono disponíveis na plataforma para comercialização por meio de 15 projetos aprovados nos quatro anos do programa. Todos eles ficam disponíveis para as empresas participantes da plataforma.
Além de promover a compensação, o programa alerta as empresas sobre a relevância de uma gestão completa, que inclui mapear todas as fontes de emissão, priorizar o esforço de redução e, por fim, compensar as emissões que não podem ser evitadas. Hoje, entre as empresas participantes, também contamos com a participação de B3, Lojas Renner, MRV Engenharia, Grupo RaiaDrogasil, Mattos Filho e Localiza.”
Denise Hills
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