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Plantão #CodeRed: Lucas Mello

Marcas e agências: vamos falar sobre o alerta da ONU?

01.09.21

Motivado pelo alerta dado neste mês pela ONU sobre a crise climática, após a divulgação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), o sexto em sua história, o Clubeonline tem procurado agências, produtoras, anunciantes, veículos e especialistas no tema para o fomento do debate em torno das mudanças que nos afetam hoje e irão nos afetar ainda mais amanhã, se medidas concretas não forem tomadas.

O estudo mostrou que o limiar do aquecimento global (1,5 graus Celsius acima do período pré-industrial) será atingido em 2030, dez anos antes do que se projetava. Apontou também que algumas situações são irreversíveis – mesmo que dediquemos séculos para combatê-las.

Com isso, a ONU mudou o tom dos alertas que vinham sendo dados até então, do amarelo, de atenção, para vermelho. E pediu a união de governos, empresas e da sociedade para evitarmos uma tragédia climática. Para discutir esse tema e o que pode ser feito pelo mercado de comunicação, criamos a série Plantão #CodeRed, o “código vermelho para a humanidade”, como sinalizou a entidade.

Já contribuíram com a proposta, compartilhando suas análises:
Raoni Rajão, professor da UFMG e especialista em gestão ambiental, que é um dos participantes do Festival do Clube 2021 falando sobre o futuro do planeta e da Amazônia;
Rui Branquinho, cofundador e CCO da agência GiveBack;
Fernando Meirelles, sócio da O2 Filmes e “diretor-metido-a-ambientalista”;
Marcelo Reis, coCEO e CCO da Leo Burnett Tailor Made;
Denise Hills, diretora global de sustentabilidade da Natura;
Beto Fernandez, fundador e criativo na Activista Los Angeles;
Cecilia Novaes, sócia da consultoria de pesquisa e estratégia A Arte da Marca e professora da Miami Ad School;
Fernanda AntonelliManaging Director da Wieden+Kennedy São Paulo;
Diana Medeiros, gerente de PR da Liv Up.

Agora quem colabora conosco é Lucas Mello, fundador e chairman da Live.




"Queremos ser parte do problema ou da solução?

Os sinais do aquecimento global estão cada dia mais evidentes. Enchentes, queimadas, ondas de calor e frio e degelo dos glaciares e nevados não deixam dúvidas do tamanho da crise que enfrentamos. Mas nem todos enfrentam a crise com a mesma intensidade. As mudanças climáticas acentuam desigualdades sociais e já nos dão tristes amostras de migrações das populações mais vulneráveis que, pouco a pouco, terão de deixar suas terras para trás fugindo de manifestações cada vez mais óbvias e duras do aquecimento do nosso planeta.

Mas o que nós, publicitários, temos a ver com isso?

Somos um elo importante da cadeia climática uma vez que dedicamos nosso tempo, talento e recursos em nome de empresas e marcas para, ao final, vender seus produtos. E o consumo é o pano fundo de grande parte das emissões de carbono na atmosfera. Cada carro, passagem aérea, roupa, bife ou xampu geram impacto. A energia para produzir, distribuir, descartar e, com sorte, reciclar boa parte dos produtos que ajudamos a promover, em última instância, aumentam a pressão climática sobre todos nós. Obviamente já não é mais possível viver sem muitos desses produtos na nossa sociedade - outros, sabemos, são totalmente dispensáveis.

Seria romântico dizer que nós, publicitários, podemos salvar o mundo. Mas o nosso trabalho, que de forma simples e direta se resume em gerar desejo por produtos e marcas, pode sim ser melhor direcionado e gerar impacto positivo.

Novas empresas, marcas e produtos surgem todos os dias tentando ser versões melhores que seus antecessores. Ao mesmo tempo, velhos produtos e antiquadas empresas insistem em não evoluir, muitas vezes comunicando falsamente seus atributos e intenções no que chamamos de greenwashing. São velhos produtos, poluentes e antiquados, mas com selos verdes que servem para iludir e induzir as pessoas ao erro. E nós, da classe publicitária, muitas vezes recebemos esses dois tipos de briefings e temos a missão de comunicá-los como se fossem iguais.

É aí que mora o perigo. Precisamos nos dedicar a comunicar, com nossos melhores talentos e esforços, as boas inovações que vem pela frente, acelerando assim a curva de adoção de novas marcas e linhas de produtos que ajudem a reduzir os impactos do consumo no meio ambiente. Ao mesmo tempo, é necessário exercermos nossa responsabilidade questionando nossos clientes sobre suas práticas sustentáveis e atributos para não sermos mais um elo de práticas de greenwashing. É exercendo o nosso papel de gerar desejo por produtos cada vez melhores e evitar comunicar falsos milagres que poderemos, pouco a pouco, ajudar nossos clientes e os consumidores a reduzirem os impactos provenientes do consumo.

É verdade, porém, que as mudanças mais importantes - e na agilidade que precisamos - só irão acontecer através da combinação com medidas concretas tomadas por governos. Regras, leis e incentivos são as ferramentas mais efetivas para uma mudança em uma velocidade que talvez nos dê chances de sobrevida nesse planeta. Mercados mais regulados reduzem a margem e a circulação de marcas e produtos que intensificam a crise climática. Portanto, eu e você, publicitários, precisamos antes de tudo sermos cidadãos conscientes e ajudar a eleger políticos que estejam comprometidos com a causa climática. Em 2022 temos mais uma oportunidade para fazer isso. Clima não é ideologia, é sobrevivência. Não desperdicemos mais essa oportunidade ou poderá ser tarde demais."

Lucas Mello




Quer participar deste plantão? Escreva para redacao@clubedecriacao.com.br.

Plantão #CodeRed: Lucas Mello

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