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Os novos rumos do streaming no Brasil
Os serviços de streaming transformaram a forma como o conteúdo é produzido, distribuído e consumido em todo o mundo. No Brasil, as plataformas estiveram entre os negócios que se destacaram na pandemia, quando, por conta do isolamento social, o consumidor voltou à atenção para o entretenimento. Por outro lado, as produtoras tiveram de esperar o momento de retomar projetos pelas medidas sanitárias impostas pelas autoridades de saúde e depois, ao voltar, elas precisaram se adaptar aos protocolos de filmagens. O que esperar daqui para frente?
Os novos formatos e as apostas do streaming, bem como os próximos passos do setor foram temas do Festival do Clube 2021, na mesa “Desafios e oportunidades para o streaming: séries, realities, talent shows, filmes e…novelas”, que contou com a participação de Adriana Silva, a Dida, vice-presidente da produtora Floresta, Daniela Busoli, CEO da Formata Produções, Erick Brêtas, diretor de produtos e serviços digitais da Globo – o que inclui o Globoplay –, e João Palomino, CEO da agência e produtora LiveSports. A discussão foi mediada pela jornalista Lena Castellón, do Clube de Criação.
Com a aceleração, houve oportunidade de transformação para toda a cadeia criativa, com ampliação do escopo para produtoras nacionais e internacionais. É o caso da Floresta, produtora da Sony Pictures Television lançada no Brasil em 2010, que tinha como principal foco o entretenimento e hoje está ampliando sua presença na ficção. Na proporção atual, ela tem 70% de produções para projetos como realities (um dos formatos da área de entretenimento). Mas vai avançando em séries e filmes – muito brevemente a empresa vai produzir para cinema, adiantou Dida.
A produtora é responsável por algumas das produções mais populares do momento, como o reality “De Férias com Ex”, da MTV, e a série “Bugados”, do canal infanto-juvenil Gloob. Ela também está envolvida na premiação MTV Miaw, que aconteceu no final de setembro. "Atualmente temos 16 produções em andamento", resumiu, explicando que estão trabalhando para 12 players.
Para o streaming, uma das fortes expectativas da Floresta está na série “Rio Connection”, uma parceria entre Globo e Sony Pictures. Trata-se de uma história de época que aconteceu no Brasil e envolve personagens estrangeiros. Ela será falada em inglês. Em breve as filmagens vão começar.
Ambicionando ser o streaming número 1 do Brasil em dez anos, o Globoplay está em franca expansão, com 40 produções originais para estrear em 2022, entre elas “Verdades Secretas 2”, que teve seu primeiro trailer exibido, em primeira mão, no Festival do Clube (veja mais abaixo). E o mercado também está em evolução. "Isso se explica. Tivemos mudanças na infraestrutura do país, com o crescimento da banda larga, mais famílias com acesso à internet de alta velocidade. Uma década atrás, o streaming era uma experiência diferente”, lembrou Brêtas. As mudanças vistas nos serviços hoje são radicais.
O esporte avança
Brêtas destacou as Olimpíadas de Tóquio como um dos grandes momentos da plataforma nos últimos anos. Aliás, ele afirmou que dramaturgia e esportes são os filões que devem atrair mais assinantes para as plataformas no futuro próximo.
Quem também aposta no esporte é João Palomino, jornalista, diretor de canal esportivo e ex-narrador com uma carreira de mais de 25 anos no segmento. Há um ano, ele abriu a LiveSports, um mix entre produtora e agência, que é focada em produção esportiva para streaming, como um facilitador de inteligência de conteúdo.
"O maior ativo de quem trabalha com esporte é o fã e sua paixão e nós sabemos que há uma demanda reprimida para esse público, que é consumidor ativo e não encontra o que procura em uma plataforma regular. Por isso, atuamos como um intermediário, mostrando para clientes como federações e clubes a importância de cuidar bem desse consumidor", declarou. Entre seus clientes estão a Fórmula Indy, o Rally dos Sertões e outros conteúdos abrigados na plataforma Kwai.
Nascida em 2015, a Formata já produziu mais de 600 horas de conteúdo original e adaptado. Daniela disse que seu DNA estava muito em não-ficção. “Mas isso mudou com a entrada dos streamings”, explicou. A vocação fortemente orientada a realities, game shows e outros formatos non-scripted foi se transformando. Hoje, 70% dos projetos são de ficção e 30% para não-ficção.
Dentre as produções da segunda parte estão “Adotada”, da MTV (que foi indicada ao Emmy), “Fábrica de Casamentos”, do SBT, e projetos da ITV, uma gigante inglesa que representam. Entre os filmes produzidos estão os sucessos de “Os Parças” e “A Suspeita”, com Gloria Pires.
Atualmente, a Formata está produzindo uma série musical para o Disney+, com criação de Miguel Falabella. Está em pré-produção um reality de comédia para o Amazon Prime Video, “LOL: Se rir, já era” (que teve filmagens no Uruguai). Também está em andamento um longa de Luccas Neto para a WarnerMedia. Daniela contou que logo a Formata irá produzir mais uma série, esta para o Globoplay, que mostrará a vida do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, um projeto em parceria com o Afroreggae.
Depois do sufoco, a retomada
A pandemia também entrou no debate. A Floresta conseguiu retomar rapidamente, revelou Dida. Desde que voltaram a produzir, conseguiram entregar 18 projetos, sem nenhum caso de covid-19 nos sets. A ficção foi a área mais afetada, com planos adiados.
Já a Formata – que tem um estúdio de 800 metros quadrados – teve um impacto significativo. A pandemia ainda é um desafio e ainda será por mais um tempo, em virtude das ondas e variantes que ainda assustam o mundo. “Tivemos problemas de paralisações por causa da covid”, contou Daniela. Outro desafio importante é o custo porque as produções ficaram mais caras, devido às necessidades dos protocolos sanitários. Com a alta demanda de conteúdo, ela prevê ainda falta de mão de obra, o que inflaciona o mercado
O lado positivo do período foi ter construído parcerias. Com Miguel Falabella, por exemplo, há mais dois projetos para serem realizados. “Na minha vida profissional, nunca tive tanto projeto na carteira quanto tenho hoje”, completou.
Isso demonstra que 2022 deve ser um ano muito forte para o mercado. “Passamos todos um ano difícil com a pandemia, mas estamos claramente na retomada”, salientou Brêtas. Dentre as 40 produções originais para o ano que vem, ele apresentou no Festival do Clube, também em primeira mão, imagens e informações de “Desalma” (2ª temporada, que terá Fábio Assunção), “Aruanas” (2ª temporada), “Sob Pressão” (5ª temporada, que o Globoplay herda da Globo), “Arcanjo Renagado” (2ª temporada), “As Five” (2ª temporada – e as filmagens da terceira temporada também estão em andamento), e os novos projetos “Rensga Hits!”, “Rota 66” e “Emasculados de Altamira”.
Verdades Secretas e Dona Beija
Com o propalado interesse da Netflix (e do mercado) por novelas, o formato teve destaque no painel. “Novela é o produto cultural mais importante do Brasil e faz parte da memória afetiva das pessoas”, garantiu Brêtas. Para ele, é natural que o gênero chegue ao streaming, mas com adaptações. Antes era possível ter novelas com até 200 capítulos. Agora, não. Elas devem ser mais curtas nas plataformas, com algo entre 30 e 100 episódios.
“Em alguns casos, pode ser que elas nem sejam chamadas de novelas. Pode ser série. O assinante decide o que é”, pontuou o executivo da Globo. É o que se aplica para “Verdades Secretas”. Sua primeira temporada, para usar linguagem de série, teve 64 episódios. A segunda, que estreia no dia 20 deste mês, terá 50. “É um produto híbrido”, emendou.
Dida adiantou que, entendendo o interesse dos streamers em ter novela, a produtora também se lança no gênero. A Floresta está com os direitos de “Dona Beija”, título exibido na TV pela extinta Manchete, e está trabalhando no remake. E fazendo investimentos. “O mercado brasileiro tem condições de fazer produções grandes. Mas a questão da estrutura é muito importante”, disse, referindo-se, sobretudo, a estúdios, equipamento e mão de obra. A Floresta não informou mais detalhes da produção, que pode ser anunciada neste ano por um dos players do mercado.
Players demais?
A mediadora Lena Castellón mencionou uma pesquisa deste semestre que mostra que, nos Estados Unidos, o consumidor assina, em média, 4,7 serviços de streaming. O número de plataformas do gênero vem crescendo consideravelmente nos anos recentes, com cada vez mais players investindo em um serviço próprio, caso do recém-lançado Star+, que faz parte do conglomerado da Disney. Entre as perguntas do público, uma versou exatamente sobre a abundância de oferta. O consumidor não ficaria sobrecarregado?
"O consumidor passou anos e anos pedindo liberdade de escolha, agora ele tem", avaliou Brêtas. Se o público for assinar todas as plataformas disponíveis, o investimento fica mais alto do que o custo da TV por assinatura. “Combo é um fator importante. Quem facilitar a vida do consumidor, seja nos empacotamentos, seja oferecendo descontos, seja em combo com operadoras ou streaming de música, tem vantagens”, esclareceu.
É claro que conteúdo de alta qualidade sempre fará diferença para o público. "O que não falta é história boa para ser contada com ótimos personagens para retratarmos. Streaming é um meio natural de celebrar o conteúdo", comentou Palomino, referindo-se também às possibilidades de projetos no esporte, que vão além da simples transmissão de uma disputa. Em relação às tendências de conteúdo, Daniela salientou que, fora esportes e novelas, os nichos de humor e estilo de vida serão os que mais crescerão. "A vida ficou muito complexa e as pessoas querem coisas mais leves daqui para a frente".
Raissa Coppola, em colaboração para o Clube de Criação
Todos os painéis do Festival do Clube 2021, realizado entre os dias 22 e 23 de setembro, foram transmitidos pelo Globoplay. O evento deste ano foi gratuito.
O conteúdo do Festival já está disponível na plataforma de streaming. Até o dia 27 de outubro - acesse a partir daqui.
Reveja a programação completa aqui.
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