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‘Máquina oculta’

Conar abre processo para apurar denúncia contra iFood

12.04.22

Uma reportagem da Agência Pública, empresa de jornalismo investigativo fundada em 2011, aponta que o iFood é responsável por uma campanha feita às escondidas nas redes sociais com contas e perfis falsospara desmobilizar movimento de entregadores”. Agora a denúncia será investigada pelo Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, como a entidade divulgou em seu site nesta segunda-feira, 11.

Intitulada “A máquina oculta da propaganda do iFood” e publicada no dia 04 de abril, a matéria afirma que a Pública acessou mais de 30 documentos, de relatórios de entrega a trocas de mensagens, e entrevistou pessoas que trabalharam nas agências que teriam desenvolvido as campanhas da foodtech, um trabalho que teria durado pelo menos 12 meses. O conteúdo detalha reuniões, estratégias e ações feitas para desconstruir narrativas e até mesmo criar outro movimento para esvaziar as reivindicações de grupos de entregadores organizados.

O Conar informou que abriu “processo investigatório sobre campanha em redes sociais atribuída ao iFood, conforme denúncias publicadas na imprensa”. De acordo com a entidade, o procedimento tem o objetivo de apurar “eventual cometimento de infração ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária e identificar a autoria da campanha”.

O Clubeonline procurou três entidades para comentarem o caso. A Abap respondeu que as agências identificadas pela Pública – Benjamim Comunicação e Social QI – não são associadas da entidade. A ABA informou que o iFood não é uma empresa ligada à associação. O IAB retornou com a seguinte mensagem: “o IAB Brasil não comenta política e ações das empresas e aplicativos”. O Clubeonline questionou o que se pode fazer diante de uma prática como a acusada pela reportagem, em que são desenvolvidos projetos de comunicação com perfis falsos e outras estratégias às escondidas com o objetivo de esvaziar narrativas ou mesmo de atacar eventuais concorrentes.

Na extensa reportagem da Pública, o iFood se posicionou dizendo que, como não teve acesso aos documentos mencionados na matéria, não pode opinar sobre o teor desses papéis. “A empresa recebe regularmente abordagens e propostas de campanhas de diversas agências de comunicação, porém nunca teve relação comercial com a empresa Social Qi”.

Sobre sua atuação nas redes, a foodtech afirmou que ela se dá “estritamente dentro da legalidade, não compactuando com o uso de perfis falsos, geração de informações falsas, automação de publicações por uso de robôs ou compra de seguidores”. A companhia acrescentou que contrata agências como a Benjamim, “especializadas em pesquisa de opinião, campanhas de comunicação e monitoramento de redes sociais que acompanham temas em diferentes plataformas”.

A Benjamim diz, em comunicado para a Pública, que foi “contratada pelo iFood para realizar pesquisa de opinião e monitoramento de postagens nas redes sociais e tem em seu escopo ouvir assuntos ligados ao ecossistema do food delivery”. A agência acrescenta que “não aprovou junto ao iFood ideias ou campanhas propostas pela Social QI, sua subcontratada por um curto período em 2021 para monitoramento de redes sociais para diversos clientes”. E completa, afirmando que “não concorda com práticas como produção de fake news, uso de bots ou perfis falsos para interações ou compra de likes e seguidores, sempre realizando seu trabalho dentro da legalidade”.

Já a Social QI responde, via nota, que “como a reportagem não disponibilizou o acesso requisitado aos materiais mencionados, não pudemos sequer verificar sua autenticidade, muito menos tecer comentários sobre seu suposto teor, que pode ter sido alvo de edições, manipulações e adulterações de um ex-funcionário, por exemplo”. A agência confirma que fez diversos trabalhos em parceria com a Benjamim e que foi contratada em 2021 para fazer monitoramento nas redes sobre o mercado de delivery de refeições. Ela assegura que uma “possível proposta de trabalho” sugerida para a Benjamim não foi aprovada pela agência e, portanto, não foi realizada.

A reportagem da Agência Pública pode ser lida aqui.

‘Máquina oculta’

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