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‘Máquina oculta’

Ministério Público pede esclarecimentos ao iFood

19.04.22

A reportagem da Agência Pública, site de jornalismo investigativo, que faz uma denúncia contra o iFood, que seria responsável por uma campanha às escondidas para esvaziar movimentos dos entregadores, atraiu a atenção do Ministério Público Federal (MPF). Em despacho assinado no sábado 16 e revelado na segunda-feira 18, a instituição pediu esclarecimentos para a foodtech e para as duas agências relacionadas na matéria, Benjamim Comunicação e Social Qi.

O MPF destaca que a reportagem mostra que a ação envolveu “fanpages e perfis falsos no Facebook e no Twitter para a disseminação de conteúdos supostamente produzidos por motofretistas”. Mas, de acordo com a Pública, os materiais foram elaborados pelos profissionais das agências a pedido do cliente, o iFood, para atacar a pauta dos entregadores, que buscavam melhores remunerações e condições de trabalho.

Esses e outros detalhes estão no despacho. O MPF quer que o iFood preste informações em até 15 dias sobre o teor da reportagem, intitulada “A máquina oculta da propaganda do iFood”. Os procuradores pedem também que, no mesmo prazo, a Benjamim e a Social Qi apresentem cópias de documentos e contratos firmados com a empresa “e se abstenham de manipular ou excluir perfis eventualmente utilizados nas ações de marketing, para que se evitem prejuízos à investigação do caso”, informa a assessoria de imprensa da instituição.

A apuração poderá demonstrar, segundo o Ministério Público, se “a campanha violou o direito constitucional de acesso à informação ao manipular a compreensão de fatos, por entregadores e consumidores, simulando participações espontâneas no debate público na internet”.

O despacho indica que o caso já estaria em análise em CPI na Câmara dos Vereadores de São Paulo e seria objeto de trâmite no Ministério Público do Trabalho.

No dia 11, o Conar divulgou em seu site que abriu “processo investigatório sobre campanha em redes sociais atribuída ao iFood, conforme denúncias publicadas na imprensa”. De acordo com o conselho, o procedimento tem o objetivo de apurar “eventual cometimento de infração ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária e identificar a autoria da campanha”.

A Pública afirma, na reportagem, que acessou mais de 30 documentos, de relatórios de entrega a trocas de mensagens, e entrevistou pessoas que trabalharam nas duas agências. Na matéria, o iFood diz que sua atuação nas redes se dá “estritamente dentro da legalidade, não compactuando com o uso de perfis falsos, geração de informações falsas, automação de publicações por uso de robôs ou compra de seguidores”.

Leia mais aqui.

Acesse o despacho do MPF aqui.

‘Máquina oculta’

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