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Rio2C

O futuro do BBB, segundo Boninho

27.04.22

O BBB22, enfim, terminou. Na noite desta terça-feira, 26, o ator e cantor Arthur Aguiar foi anunciado como vencedor, para alegria e tristeza de muitos – os sentimentos são perfeitamente possíveis, dada a divisão das torcidas. A votação da final bateu, em números, a decisão do BBB21, com a vitória de Juliette Freire, um dos maiores fenômenos do reality. Foram computados 751.366.679 votos neste BBB22. No ano passado foram 633.284.707. O recorde de votação de todos os BBBs pertence à edição 20, no paredão entre Manu Gavassi, Felipe Prior e Mari Gonzalez, que bateu 1,5 bilhão de votos.

Mas o que se pode esperar do futuro do BBB? As respostas são de Boninho, diretor da TV Globo e responsável por alguns dos programas mais populares da emissora. Em painel da Rio2C, em que foi entrevistado por Sergio Gordilho, copresidente e CCO da Africa, o executivo falou das mudanças que o reality sofreu ao longo dos anos, adaptando-se aos tempos.

Ideias surgem de várias pessoas, contou. Uma conversa que teve recentemente com o diretor de comunicação da Globo, Manuel Falcão, inspirou uma possível alteração nos planos. “A premiação do ano que vem pode ser diferente”, disse, sem entrar em mais detalhes. Ele revelou ainda que os preparativos do BBB23 começaram dois meses e meio atrás.

Mais para frente, daqui a dez anos, talvez o BBB possa ser dobrado, imaginou Boninho, que tem hoje 60 anos. Ele sugeriu um reality digital, no metaverso, e outro físico. Nesta edição, Arthur Aguiar e o atleta Paulo André Camilo, o vice-campeão desta edição, participaram de uma experiência de metaverso que foi exibida na TV.

Máquina

Independentemente das transformações, o BBB manterá sua conexão com as marcas. A primeira prova patrocinada do programa ficou a cargo da Fiat. A partir daí, disse Boninho, ficou claro que o reality poderia ser uma máquina de entretenimento e também de vendas. Gordilho concordou: “Uma prova do BBB sem patrocínio não tem cara de BBB”.

O BBB22 teve recorde de marcas, com algumas repetindo o apoio e outras estreando na atração. No Instagram, no último dia do programa, Boninho publicou um post com agradecimento às marcas. “Coloquei mais de 25 arrobas”, brincou, referindo-se aos perfis das empresas que fizeram parte do reality neste ano: @avonbrasil, @above.oficial, @embelleze, @fiatbr, @searabrasil, @spotifybrasil, @tiktokbrasil, @azulseguros, @neosaldina, @engov_oficial, @americanas, @chillibeansoficial, @voude99, @picpay, @samsungoficial, @mcdonalds_br, @cea_brasil, @pantenebrasil, @vickbroficial, @oralb_br, @quintoandar, @piraque, @cocacola_br, @amstelbr, @ademicon, @oticascarol e @lactaoficial.Foi uma diversão ter essa parceria com vocês”, escreveu.

Lembrando da história do BBB, o executivo da Globo disse que, na hora em que recebeu o projeto, ele tinha cerca de 45 dias para colocá-lo em prática. Naquela ocasião, a proposta era de um programa com duração de cerca de 60 dias e com a participação de 12 pessoas (o atual teve 22 jogadores e 100 dias de duração).

No papel com as diretrizes do programa original, havia orientações para a escolha do elenco, coisas como um nerd e um “loirinho bacana”. Mas, como ressaltou, aquilo não tinha a cara do Brasil. “Rasguei o roteiro de seleção”, comentou. E decidiu que iria “entrevistar e se encantar” para poder escolher os futuros ex-BBBs.

Para selecionar o elenco, Boninho conta com uma equipe composta por 20 pessoas. Esse grupo o acompanha desde a primeira edição. O time faz a pré-seleção. Depois da imensa leva de candidatos que chegam via inscrição, eles indicam 150 pessoas. O time analisa por 3 a 4 dias os nomes e aí se monta uma relação de candidatos. “Meu voto vale dez. Eu falo: ‘vou botar esse daqui e vai dar merda’. Eu costumo acertar”, declarou, entre risos.

Isso se refere aos pipocas, apelido dado aos participantes anônimos. Os BBBs já conhecidos são chamados de camarote. Essas nomenclaturas se baseiam nos trios elétricos da Bahia, revelou Boninho. A razão é que no Carnaval todos se divertem: quem está na pipoca e quem está no camarote.

O diretor da Globo declarou que eles convidam “um monte de gente estranha para uma festa louca”. A decisão de quem fica, até a grande final, é do público, reforçou, como se eximindo da permanência de alguns participantes, que muitas vezes geram controvérsias nas redes sociais. “Algo que vivo ouvindo é que fulano é o novo sicrano. Mas nenhuma pessoa é igual a outra”, ressaltou. Não há uma fórmula certa para se montar o elenco, acrescentou. “Mas erramos pouco”, afirmou. Segundo ele, o BBB não cria pautas. São os participantes que geram essas pautas.

Boninho comentou que mesmo o time de edição vive emoções semelhantes às que o público experimenta, com profissionais “amando e odiando” alguns dos participantes. “O BBB é uma máquina que fala com todo mundo. É bom ter um programa que todo mundo comenta”. Mesmo quando sobram críticas, indicou, ao fazer menção a programas de emissoras concorrentes.

Apesar do sucesso, o programa sempre pode mudar. “Nós nunca estamos satisfeitos com o que a gente faz. Não dá para a gente parar. Dessa maneira, a gente se provoca”, explicou. Para ele, criatividade envolve muito disso. “Você tem de se libertar. Não pode reprimir ideias. Pode ser que ela seja algo grande ou pode ser algo menor, mas que se junta a outras”, emendou.

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