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Um pouco + sobre o Web Summit 2022 (Rui Piranda)
SHEIN, fast fashion e conexões
Nesta quinta, 3, no Web Summit, Donald Tang, executive vice chairman da SHEIN, teve 20 minutinhos para fazer sua apresentação: Technology powering the fashion evolution. A SHEIN, um site/app que é um dos maiores shoppings do mundo, se orgulha de ser um espaço de conexão entre consumidores com os mais diferentes produtores de moda. Essa interação traz soluções para ambos os lados. Para os consumidores, avisa quando os produtos estão sumindo da prateleira, traz sempre ofertas e… tem um espaço exclusivo para você vender as roupas usadas que comprou na SHEIN para outros amantes da moda. Sim, o app traz uma loja online só para seus consumidores interagirem.
E para os produtores de moda? Bem… a navegação pelo site denuncia o que está sendo mais visto e procurado. A SHEIN avisa aos produtores que fornecem as peças certas para vendas. Todos saem ganhando. Tanto o site quanto o app têm um estoque mínimo, às vezes dois produtos de cada item.
A SHEIN foi fundada na China em 2008. Hoje, sua comunicação está em todas as redes sociais e sua entrega acontece em mais de 195 países. Segundo Donald Tang, sua maior força está em usar a tecnologia para equilibrar a oferta e a demanda. O sonho de todo produtor e varejista. Mas convido você a imaginar outros impactos: menos desperdiço de mátria-prima, foco na produção correta, entendimento do desejo do consumidor just in time. E, se conjugada à AI, uma precisão muito maior para os próximos passos.
A conexão entre consumidores e produtores é o que impulsionará a Fast Fashion em todo o mundo. Algo extremamente importante neste momento de pós-pandemia, que afetou diversas economias e, claro, a todos nós.
Sabe quem foi mais chamada para uma conversa no último ano? Alexa
O principal palco do Web Summit abriu nesta quinta, 3, com Rohit Prasad, senior vp & head scientist da Amazon. E ele afirmou nos primeiro minutos que a interação com Alexa cresceu 30% no último ano. Por quê? Porque tudo o que a Amazon quer é que Alexa seja vista como algo mais do que uma Inteligência Artificial. Alexa está sendo pensada e evoluindo dia a dia para ser percebida como uma companhia, algo que faça parte da vida das pessoas. Hoje, crianças já brincam e estudam com ela. Fazem as lições acessando diferentes fontes de consulta. E se divertem.
Falando em crianças, sabe como estar presente na vida delas? Grave sua voz por mais ou menos um minuto e meio. Alexa põe sua voz nos livros de estória. Esta tem sido uma grande interação entre a família. Prasad falou que avós e avôs adoram fazer isso para poder “estar” a noite com seus netos contando estórias na hora de dormir.
Os desafios para a Inteligência Artificial continuam os mesmos: a melhor interpretação do que está sendo dito para que a relação seja direta, sem a interrupção por equívocos. Para isso, Alexa entende o seu tom de voz. Se a sua entonação muda, a dela muda também. Seu time ganhou? Você está vibrando? Ela fica mais animada. Se perdeu, ela fica mais neutra. As unidades de última geração entendem que você está conversando com outra pessoa. E, sensivelmente, reconhecem as vozes e podem, se você permitir, participar da conversa. Achou estranho? Mas a voz é justamente o que deixa tudo mais relacional, pessoal e inclusivo. E, claro, o que facilita o acesso para todos.
Prasad afirma que tornar Alexia conectada a todos os aparelhos que nos cercam é seu segundo principal desafio. Porque, assim, Alexa estará sempre à disposição para interagir, quando quisermos, para facilitar a vida e, cada vez mais, participar dela. Você aceita essa nova companhia?
Web 3, Inteligência Artificial e Metaverso assustam você? Desencana, é tudo humano
Todas, absolutamente todas as palestras que assisti sobre esses assuntos começam por derrubar essa desconexão entre a tecnologia e o humano.
Se estamos falando de marcas, a primeira pergunta que se faz é: qual o propósito da sua? O que faz sua empresa acordar (ou permanecer acordada) e trabalhar? Quando você sabe essas respostas, construir seu percurso na Web 3 e no metaverso vai ficar mais fácil. Principalmente se você souber usar sensivelmente o que a Inteligência Artificial pode oferecer.
Mas antes de falar de marcas, vamos falar de pessoas. Por quê a Web 3 está sendo tão aguardada? Porque todos nós queremos ter liberdade para navegar sem ser rastreados. A Web 3 descentraliza o poder que hoje está nas mãos de alguns grupos e nos permite acessar livremente os conteúdos que queremos. Vou dar um exemplo comparativo que vi aqui na palestra do fantástico James Vincent, que foi consultor de Steve Jobs. Lembra quando lançaram o iPod e você pode acessar milhares de músicas em um único device? Esta ruptura com todo um mercado estabelecido está para acontecer com a tal da web da terceira geração.
E o metaverso? Bem, responde pra mim: você consegue ser no mundo real o que sempre sonhou? Se você parou para pensar antes de responder, veja estes números compartilhados pela R/GA. 68% das pessoas entrevistadas disseram que o avatar delas expressa um lado que é impossível representar no mundo físico; 65% dizem que o avatar é a extensão da sua personalidade. Vou além, estar no metaverso traz para 78% das pessoas a sensação de pertencer a uma comunidade e 50% se sentem mais confiantes ao participar do mundo virtual. Essa liberdade de ser quem você quer ser e se expressar da sua melhor forma é o que move essa geração.
Agora vamos falar da Inteligência Artificial. Ela já está nas nossas vidas, nos suportando em nossas tomadas de decisões e participando de tudo (mesmo quando não queremos). Então, não conseguimos mais viver sem ela. Mas o ponto importante: ela também não pode viver sem nós. Muitos têm medo de perder o emprego para o “sistema”. Na palestra “In the fight between AI & Creativity why not back both?”, Alex Collmer, CEO da Vidmob, foi explicito: quem vai perder o emprego para a Inteligência Artificial é quem não souber lidar com ela. Forte, né? Mas absolutamente verdadeiro. Os dados são um fato. Mas o que você criativamente faz com eles é o que pode fazer toda a diferença no seu futuro.
Mas e as marcas? Bem... costumo dizer que precisamos parar de ‘objetificar” as marcas. Elas são humanas. Volto ao ponto da abertura deste texto. O que motiva a sua marca a acordar ou permanecer acordada para oferecer o que ela tem de melhor? Então, use a AI a favor dela, lide com as informações como uma fonte de inspiração e, não, como um decreto lógico a ser aplicado sem qualquer interação. Use a liberdade que a Web 3 vai trazer para todos para ser um ponto de referência relacional. Sabe o que o AirBnB faz? Nos mostra o mundo, nos dá a possibilidade de interagir com todos e exclusivamente com os donos das locações. Então, este senso de comunidade vai fazer diferença nessa nova fase descentralizada. E o tal do metaverso? Um dos exemplos de apropriação que vi aqui e me fez pensar em muitas possibilidades foi o da Samsung. Ela entrou num ambiente do metaverso como uma heroína, um personagem, e sua pele era feita do “material” da nova tela do celular Samsung. Isso ofereceu inúmeros poderes e conexões para todos os que faziam parte desse mundo virtual.
O Web Summit não decreta o fim de nada. Apenas aponta novos percursos que a tecnologia traz para as marcas e governos. Porque este percurso está associado a evolução e ao desejo humano. Ao seu desejo. E ao meu.
Rui Piranda, sócio-fundador da agência de comunicação integrada ForAll - direto de Lisboa.
Leia texto anterior aqui.