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Eva Longoria fala sobre si e sobre o longa Flamin' Hot
Com uma carreira de duas décadas totalmente consolidada como atriz premiada, diretora nomeada ao Emmy, produtora, empresária no comando da UnbeliEVAble Entertainment, filántropa e ativista pela representatividade, Eva Longoria terá o SXSW como palco para a premiere de seu novo trabalho como diretora, o longa Flamin' Hot. A exibição acontecerá na tarde deste sábado, 4, às 15h15 (horário de Austin), no Paramount Theatre (tickets aqui) e contará com a presença da diretora, que poderá ver de perto a reação do público. "Espero que as pessoas saiam da sessão se sentindo bem e conversando sobre as possibilidades de suas vidas", disse ela em entrevista à Mia Galuppo, jornalista do The Hollywood Reporter, em um dos palcos de Austin, horas antes da exibição.
O filme conta a história do filho de imigrantes mexicanos, Richard Montañez, ex-zelador da empresa de salgadinhos Frito-Lay que, inspirado pelos sabores da cultura de sua família, criou o Flamin' Hot e mudou a história da empresa, abrindo novas possibilidades também para a indústria de alimentos.
"Quando li a história chorei e decidi que todos deveriam conhecê-la", disse a diretora, que é ativista pelas causas latino-americanas. "É um filme pela representatividade, sobre a nossa comunidade, mas feito para todos". Para quem for assistir, preste atenção na trilha. Dica da própria diretora, que não poupou elogios ao trabalho sonoro do longa e ao seu responsável, o brasileiro Marcelo Zarvos.
Eva Longoria sabe as dificuldades de ser filha de imigrantes e viver sempre buscando espaço. "Como latinos não somos considerados nem negros, nem brancos. Estamos sempre no meio", disse ela. Que também criticou o fato de que o tempo todo querem nos colocar em "caixas", como parte de uma identidade única.
O preconceito está presente em sua vida desde sempre. Ainda criança era considerada a "patinha feia" da família por ser a que mais herdou os genes mexicanos de seus ascendentes, incluindo apelidos que hoje seriam reconhecidos como politicamente incorretos. Um dos primeiros obstáculos profissionais de Eva Longoria quando iniciou a carreira de atriz, há duas décadas, foi não ter acento latino na fala, apesar de ter o biotipo de uma latino-americana. Ela nasceu no Texas, mesmo estado onde acontece o SXSW, e fala inglês nativo. "Sou Texican", brincou, misturando Texana com Mexicana, na língua inglesa.
Depois de passar uma década no set gravando a série televisiva Desparate Housewives e "perturbar" muita gente com sua curiosidade nata sobre tudo, inclusive sabatinando os diferentes diretores que passaram pelos estúdios, ela foi trilhando sua própria carreira, pautada nas aprendizagens que tirou das experiências alheias e em sua própria experiência - ela havia trabalhado com produção também no início. "Recebi dicas que me ajudam muito ainda hoje", revelou.
Mesmo com tantos trabalhos consolidados, ela ainda é vítima de preconceito e sexismo. "Sou muito questionada com perguntas como: você quer mesmo que eu faça isso ou que seja feito assim?", diz ela, que ressalta: "e tenho certeza que é porque sou mulher". Não é incomum que esses questionamentos venham disfarçados de "elogios" diante de bons trabalhos: "Nossa, você realmente sabia o que estava fazendo!".
Apesar de citar a mãe e a lembrança de que ela dava conta de multi-funções, como uma inspiração, ao ser questionada pela plateia sobre como manter o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ela defendeu a busca intencional pelo equilíbrio: "mulheres podem ser e fazer muito, mas uma coisa de cada vez".
A estreia fora do festival de Flamin' Hot está marcada para 9 de junho na plataforma Hulu.
A cobertura do SXSW 2023 pelo Clubeonline tem patrocínio de Audaz, Brunch – Influência de Verdade, Ça Va, Modernista Creative Producers e Vandalo.