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Após 8 edições

T4F e Lollapalooza encerram ciclo; festival vai para Rock World

30.03.23

A Time For Fun (T4F), que se tornou a responsável pelo Lollapalooza Brasil em 2014, não é mais a promotora do festival no país. O contrato que tinha com os sócios internacionais do evento, C3 Presents e Perry Farrell (vocalista da banda Jane’s Addiction e um dos fundadores do Lolla), foi encerrado. Dona de 51% da C3 e acionista controladora da Rock World (organizadora do Rock in Rio e do The Town), a Live Nation resolveu concentrar a operação de todos os seus festivais no Brasil com a Rock World.

O comunicado da T4F, emitido na noite desta quarta-feira, 29, aponta que, desde que assumiu o evento – que foi trazido para o Brasil pela extinta Geo Eventos, que realizou o festival em 2012 e 2013, no Jockey Clube – foram promovidas oito edições com “sucesso absoluto de público, de experiência e de patrocínios”. Foi da empresa a decisão de levar o LollaBR para o Autódromo de Interlagos.

A T4F consolidou o formato do festival e ainda colocou o autódromo na rota de grandes shows e ações de entretenimento para além do setor de competições de automobilismo, tornando o espaço na verdadeira cidade da música”, assinala o documento. Vale observar que o The Town, do Rock World, e o Primavera Sound, organizado pela Live Nation, serão realizados neste ano no Autódromo de Interlagos.

A companhia acrescenta que, “mesmo com resultados excepcionais ao longo de todos esses anos, em uma decisão de estratégia de negócios global”, a Live Nation resolveu encerrar o contrato.

A parceria da T4F com o Lollapalooza Brasil revolucionou o mercado de festivais no nosso país. Estamos muito orgulhosos do caminho que percorremos juntos e por termos transformado o LollaBR em uma marca amada pelos brasileiros. Foi um prazer liderar essa marca e contribuir para o seu crescimento. Agradeço a Perry Farrell, criador do festival, Charlie Walker e Charles Attal, gestores da C3 Presents, com quem sempre tivemos uma relação profissional, mas também de amizade e de respeito. Desejo sucesso para eles e para o Lollapalooza Brasil nesse novo modelo”, declarou Fernando Alterio, fundador e CEO da Time For Fun, no comunicado.

Segundo a T4F, a empresa seguirá com atuação intensa no setor de festivais. Além de marcas próprias, ela afirma que irá fazer novas parcerias.

A edição 2023

O LollaBR deste ano, que aconteceu entre os dias 24 e 26 de março, esteve envolto em acusações de trabalhos irregulares e desistências de artistas. Às vésperas da abertura dos portões, auditores da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, encontraram cinco pessoas trabalhando na montagem do evento em condições análogas à escravidão (leia aqui).

A T4F foi notificada e a empresa responsável pela contratação dessas pessoas (Yellow Stripe) teve seu acordo com o Lolla 2023 rompido. Houve pagamento de multa. O caso segue sendo acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho.

Outra denúncia surgiu na sequência, revelada pelo site Repórter Brasil, o mesmo que trouxe a público o resgaste dos trabalhadores escravizados segundo a Superintendência Regional do Trabalho. A situação envolveu cerca de 800 pessoas trabalhando nos bares do Lolla de forma irregular. Elas foram contratadas pela Team Eventos, que entrou no lugar da Yellow Stripe. Houve nova notificação.

A história motivou diversas críticas nas redes sociais. Algumas empresas patrocinadoras divulgaram posicionamentos demonstrando que cobraram a T4F a respeito de medidas que preservem direitos trabalhistas na organização do festival (veja aqui). Além disso, um grupo de parlamentares de São Paulo protocolou medida cautelar pedindo o veto a novas edições do festival pelo uso de mão de obra em condições análogas à de escravo.

Entre as desistências, destaque para dois headliners da edição 2023. No início de março, a banda Blink-182, muito aguardada por sua estreia no país, cancelou sua apresentação no Brasil e no restante da América do Sul por motivos de saúde. E, 12 horas antes da apresentação de Drake, o público foi informado que o rapper cancelou seu show por “imprevistos”.

Ainda assim, o evento teve recorde de público. Segundo a organização, 302.600 pessoas estiveram no festival (soma dos três dias). A melhor marca pertencia à edição de 2022, que atraiu 302.235 mil pessoas.

Não foi a primeira vez que um grande festival enfrenta desistências de artistas já anunciados no line-up. Em 2017, o Rock in Rio ficou sem Lady Gaga, que alegou estar sentindo fortes dores de fibromialgia. Mas o cancelamento de Drake causou bastante buzz negativo nas redes.

Em 2022, no LollaBR, uma tragédia impediu outro headliner de tocar no festival: o Foo Fighters suspendeu seus shows em virtude da morte repentina de seu baterista, Taylor Hawkins, ocorrida dois dias antes da apresentação da banda em São Paulo. Neste ano, o grupo volta à capital paulista. O Foo Fighters é headliner do The Town no dia 09 de setembro.

Início e expansão do Lolla

Criado pelo vocalista da banda Jane’s Addiction, Perry Farrell, junto com seu agente na época (Ted Gardner), o Lollapalooza foi concebido como uma turnê de despedida do grupo, em 1991. Era, portanto, um festival itinerante pelos EUA, que aconteceu até 1997. Em 2003, ele foi retomado, em outro formato, e ganhou mais um sócio, a hoje C3 Presents. Definiu também uma sede fixa: Chicago.

O Lolla foi o primeiro festival a unir artistas de diferentes gêneros musicais em um mesmo evento. Foi ainda o primeiro a ter um segundo palco e a colocar artistas de música eletrônica no palco principal (em um evento não focado no gênero) e o primeiro a expandir internacionalmente. Em 2011, a marca foi para o Chile. No ano seguinte, foi para São Paulo. Hoje, o Lolla tem presença nos EUA, no Chile, no Brasil, na Argentina, Alemanha, França, Suíça e Índia.

Por aqui, o Lollapalooza renovou o setor e logo se tornou uma referência para o público e para as marcas. Desde o início, o festival prezou por demonstrar como os patrocinadores e apoiadores fazem parte do evento. No Autódromo de Interlagos, ele conquistou mais espaço, ocupando uma área de 600 mil metros quadrados. A T4F diz que, em 2014, quando assumiu a organização o evento passou a ser neutro em carbono.

Um levantamento da prefeitura de São Paulo em 2018 indicou que os três dias do festival geraram um impacto de mais de R$ 152 milhões na economia da capital paulista.

Em 2022, no ano da retomada depois da pandemia, o festival teve um público de 302.235 pessoas e atraiu 21 marcas. Nesta edição, o Lolla BR contou com 19 - confira as marcas presentes no evento deste ano e o que programaram para suas ativações aqui.

Lena Castellón

Após 8 edições

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