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Filme mostra como uma marca é capaz de fazer história
Produção da Amazon Studios, “Air – A verdade por trás do logo” promete atrair ao cinema gente interessada em ver o primeiro filme a colocar juntos, de novo, a dupla Ben Affleck e Matt Damon – ganhadores do Oscar de roteiro original por “Gênio Indomável” (1997). Também promete conquistar a atenção dos fãs de Michael Jordan e do modelo Air Jordan, da Nike. Poderia levar aos cinemas ainda quem gosta de saber como surge uma marca icônica.
Dirigido por Affleck, o longa traz referências da publicidade e do marketing, o que pode passar despercebido para boa parte dos espectadores – em um dos diálogos iniciais, Dan Wieden é citado (para os curiosos, tem spoiler desse trecho mais abaixo). Também estão lá campanhas que o mercado de comunicação vai reconhecer: “1984”, da TBWA\ Chiat \ Day para a Apple, e um comercial da marca esportiva Head, com a lenda do tênis Arthur Ashe (veja aqui).
O roteiro, assinado por Alex Convery, é ambientado em 1984 e mostra a disputa por um território cobiçadíssimo: o do basquete. Ou melhor, o da NBA. E nessa briga a Nike estava distante da ponta. Bem distante.
Para dar ideia do desafio que ela tinha pela frente, a participação das marcas, no segmento de basquete, estava distribuída assim: Converse, com 54%; Adidas, 29%, e Nike, 17%. Outro ponto importante: quem calçava a seleção olímpica de basquete dos EUA naquele tempo? Converse. A Nike era vista mais como um tênis para corredores. A companhia queria, portanto, ter uma estrela das quadras para impulsionar sua divisão.
Executivo que estava encarregado de transformar o basquete em um negócio grande dentro da Nike, Sonny Vaccaro (Matt Damon) tinha experiência em descobrir talentos no esporte. Sua missão naquele ano estava em fechar acordos com três jovens promessas. A verba não permitia sonhar com jogadores que já brilhavam na NBA.
Inconformado com as sugestões que vinham de seus colegas da Nike, entre eles o vice-presidente de marketing Robert Strasser (Jason Bateman), Sonny fez a sua aposta (ele gostava de apostar): Michael Jordan, que tinha sido o destaque da competição universitária (de onde saíam os futuros astros das quadras) e que ainda iria estrear na liga, contratado pelo Chicago Bulls.
O detalhe: ele queria fechar um contrato com Jordan com a verba toda reservada para a Nike ter três jovens promessas usando seus modelos. Qual a chance de isso dar certo quando, nos bastidores do basquete, todos sabiam que o jovem Michael gostava da Adidas?
“Air” conta essa história. Revela em detalhes o processo que resultou em um contrato que transformou a marca e impactou o esporte.
O filme tem Affleck no papel do CEO Phil Knight. Chris Tucker interpreta Howard White, um ex-jogador que atua como conselheiro de Sonny e que hoje é vice-presidente da Jordan Brand. O agente de Michael Jordan, David Falk, é vivido por Chris Messina – que demonstra como convencer o atleta a assinar com a Nike seria um jogo duro.
A volta de Affleck e Damon já é um trunfo do filme. A atuação de Viola Davis como a mãe de Michael Jordan é outro – foi o próprio Michael quem sugeriu a atriz para o diretor, conforme revelou Affleck. A ambientação da década de 80 é também destaque. Na tela, desfilam sucessos do cinema como “Ghostbusters” e “Um Tira da Pesada” e também as fontes verdes dos computadores da era pré-cambriana. E a trilha sonora traz canções oitentistas que a geração Z pode não saber da existência, mas que devem elevar na hora o nível de saudosismo dos espectadores.
Spoilers
Para quem já viu o filme ou para quem não se incomoda com spoilers, vale falar de algumas cenas:
- Sonny Vaccaro e Howard White conversam sobre o novo slogan da Nike. Vaccaro comenta que gostou, sem mencionar qual é. White, então, conta para ele que a frase surgiu de um homem preso e condenado, prestes a ser executado. Antes da hora fatídica, lhe perguntaram se gostaria de dizer algo e ele responde: “Just do it”. Vaccaro se surpreende e, incrédulo, questiona: “Quem te falou isso”. White afirma apenas: “Dan Wieden”. O detalhe importante é que “Just do it” surgiu em 1988.
- O nome “Air Jordan” é apresentado em duas situações. Sonny e David Falk estão discutindo porque o agente não tem disposição de marcar uma reunião entre a Nike e Michael Jordan. O motivo é que Jordan teria dito que aceitaria negociar com qualquer marca que apresentasse um contrato de US$ 250 mil, menos a Nike. Entre frases ácidas e ataques quase infantis, David faz ironia dizendo “Air Jordan”, fazendo referência à linha Air da fabricante. Tempos depois, o designer que criou o protótipo do tênis hoje famoso, Peter Moore (Matthew Maher), sugere o nome “Air Jordan”. Depois, ele desenvolveu a silhueta de Jordan saltando no ar (“Jumpman”) que se tornaria um ícone do novo tênis de basquete.
- Phil Knight conta para Sonny que pagou US$ 35 pela criação do Swoosh e que essa ideia representa um som. Sonny pergunta qual e Phil confessa que nunca soube qual era. Segundo a designer Carolyn Davidson, que criou o símbolo, o Swoosh foi inspirado nas asas da deusa grega Nike.
Lena Castellón