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Prêmio recusado

Fotógrafo alemão chama atenção para imagens geradas por IA

18.04.23

Uma imagem está provocando polêmica entre artistas e fotógrafos em meio ao debate sobre a Inteligência Artificial e seu impacto no mundo. A razão disso tem um nome: “Pseudomnesia | The Electrician". Trata-se de um retrato mostrando duas mulheres que parecem terem vivido em outra época. Mas é uma imagem extremamente atual. É produto de IA.

Seu autor, o fotógrafo e artista alemão Boris Eldagsen, diz que a imagem não é uma fotografia. E, por isso, recusou o prêmio que conquistou no Sony World Photography Awards. O trabalho concorreu na categoria “Creative” e foi anunciado como ganhador em 13 de março. No dia seguinte, Eldagsen escreveu aos organizadores explicando o motivo de recusar a honraria. Ao menos, é o que alega.

O prêmio e a recusa geraram, no mínimo, desconforto entre a organização e o fotógrafo. Eldagsen afirma que tinha esclarecido na tal mensagem que se tornara um “artista fotomedia” no ano 2000, quando passou a explorar as possibilidades da IA generativa.

O trabalho que tinha enviado era resultado de uma “interação complexa entre engenharia rápida e pintura interna e externa baseadas em seu conhecimento de fotografia”. Com a tecnologia, escreveu, ele considerava ter havido uma cocriação da qual ele era o diretor.

Um porta-voz da World Photography Organisation, ligada ao prêmio, declarou para a BBC que a categoria em questão "recebe várias abordagens experimentais" (nesse caso, é uma competição aberta). Com base no que obtiveram de informações do fotógrafo alemão, o trabalho preenchia os critérios da categoria. É o que se argumenta.

A organização teria se sentido ludibriada. Por outro lado, informou que estava disposta a iniciar um debate sobre o assunto.

Eldagsen contestou os organizadores. Segundo ele, inscrever seu trabalho foi uma forma de avaliar se as competições de fotografias estão preparadas para a IA – e o artista alemão assegura que não.

Na categoria em que concorreu, havia um item que lhe deu a certeza de que poderia entrar na disputa. Como as regras permitiam fotografias feitas com qualquer dispositivo, e não havia mais detalhes do que isso, então, a imagem foi inscrita. Eldagsen não mencionou que ela tinha sido gerada por ferramentas de IA generativa.

Com o prêmio ganho, o autor escreveu várias vezes aos organizadores, conforme publicou em seu blog, para que isso servisse de base para um debate, o que não foi concretizado.

Na noite das premiações, ele declarou o seguinte: “Obrigado por selecionar minha imagem e fazer deste um momento histórico, pois é a primeira imagem gerada por IA a vencer em uma prestigiosa competição internacional de fotografia.

Quantos de vocês sabiam ou suspeitavam que a imagem era gerada por IA? Isso não parece certo, não é? Imagens e fotografia de IA não devem competir em um prêmio como este. São entidades diferentes. IA não é fotografia. Portanto, não aceitarei o prêmio.

Eu me inscrevi como um macaco atrevido para descobrir se as competições estão preparadas para a entrada de imagens geradas por IA. Elas não estão.

Nós, do mundo da fotografia, precisamos de uma discussão aberta. Uma discussão sobre o que queremos considerar fotografia ou não. O guarda-chuva da fotografia é grande o suficiente para permitir imagens feitas por IA ou isso seria um erro?

Com minha recusa ao prêmio, espero acelerar esse debate”.

Os ganhadores do Sony World Photography Awards

A polêmica promete se estender por mais tempo. Os organizadores do Sony World Photography Awards disseram reconhecer a importância da IA e seu impacto na criação de imagens hoje, como mostra a BBC. Eles enfatizaram, porém, que os prêmios "sempre foram e continuarão a ser uma plataforma para defender a excelência e a habilidade de fotógrafos e artistas que trabalham com esse meio".

O prêmio Photographer of the Year foi atribuído ao português Edgar Martins pela série "Our War", uma homenagem a um amigo, o fotojornalista Anton Hammerl, que foi assassinado durante a Guerra Civil do Líbano em 2011.

Já na disputa aberta o título The Open Photographer of the Year foi para a mexicana Dinorah Graue Obscura pelo trabalho "Mighty Pair", que entrou na disputa da categoria "Natural World & Wildlife".

O italiano Alessandro Cinque conquistou o primeiro Sustainability Prize pela série "Atrapanieblas". E a peruana Angela Ponce foi escolhida como melhor profissional da América Latina pela série "Guardians of the Glaciers".

Veja esses e outros resultados e as fotografias ganhadoras aqui.

Prêmio recusado

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