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ONU reage e poucas marcas se manifestam sobre o caso Vini Jr.
O jogador Vinicius Jr., do Real Madrid, vem mobilizando a sociedade contra o racismo no esporte. Além de atletas mundo afora, entidades e do governo federal (leia aqui), a ONU condenou os ataques racistas sofridos pelo brasileiro no campeonato espanhol e alertou para a falta de medidas eficazes para combater o problema.
Pelo lado das marcas, poucas se posicionaram de modo público. Uma que se manifestou foi a Nike, patrocinadora do atleta há quase uma década. A empresa publicou post se solidarizando com o jogador e exibindo uma imagem com a frase “Stop looking the other way”, remetendo à expressão que significa ignorar deliberadamente algo que pode ser desagradável, imoral ou ilegal.
Atingido por palavras racistas da torcida do Valencia e agredido por um adversário com um mata-leão em partida no domingo 21, Vini Jr. foi às redes e denunciou mais um caso de que foi vítima, o décimo na Espanha entre 2021 e 2023, como ele mesmo demonstrou em vídeo que publicou na mídia social.
O atacante, que tinha sido expulso no final do jogo contra o Valencia, teve o cartão vermelho anulado e poderia enfrentar o Rayo Vallecano nesta quarta-feira, 24. Mas ele não foi relacionado para a disputa (estaria se recuperando de dores no joelho). Apesar disso, fala-se que o atleta deverá comparecer ao estádio Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid.
O embate será exibido pelos canais ESPN 2 e Star+ a partir das 14h30 (horário de Brasília). São aguardadas manifestações contra o racismo, como aconteceu nas primeiras partidas depois do jogo de domingo. A entidade que organiza o principal campeonato de futebol na Espanha, La Liga, também exibiu mensagens contra o racismo nas imagens que transmite.
ONU
Nesta quarta-feira, 24, em Genebra, o alto comissariado da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, declarou que as medidas tomadas até agora pelas organizações esportivas para combater o racismo no esporte não se mostraram suficientes. Para ele, é essencial que as vítimas e demais atletas afrodescendentes devam ser consultados para a elaboração de formas mais eficazes de conter o problema e acabar com a discriminação racial no esporte.
Turk afirmou que pediu que seu time preparasse um relatório com políticas para agir contra o racismo e chamou atenção das organizações que promovem eventos esportivos. "Precisamos olhar com atenção para os direitos humanos e para os esportes e com uma ampla gama de perspectivas. Deve ficar absolutamente claro que o racismo é totalmente inaceitável”, disse.
Ele apontou que casos de discriminação envolvem outros públicos, como os praticados contra mulheres e pessoas LGBTQIA+. E fez referência à Copa do Mundo do Qatar.
Marcas
A Nike, que é patrocinadora da seleção brasileira de futebol, manifestou publicamente seu apoio a Vini Jr. nesta terça-feira, 23, no Twitter e no Instagram. O jogador agradeceu com dois emojis. O atacante estaria rompido com a marca esportiva desde antes da Copa do Qatar. A Nike tem vínculo com Vini Jr. desde que ele tinha 13 anos – o atleta está hoje com 22.
Supostamente insatisfeito com o tratamento que recebia da empresa norte-americana, Vini Jr. deixou de usar as chuteiras mais recente da marca, o que é algo determinado por contrato. Nas partidas, o jogador usa calçados de outra coleção e uma chuteira chegou a ser pintada de preto.
Vini Jr. foi procurado pelas maiores concorrentes da marca e teria deixado para fechar novo acordo apenas após o campeonato espanhol. A mensagem da Nike, além de prestar apoio ao atacante, deixa margem para se pensar que a empresa e o atleta estão voltando a conversar.
Entre as marcas esportivas que rondam o jogador está a Puma, que é patrocinadora da La Liga. Ela foi uma das companhias cobradas pelo público e por autoridades (veja todas aqui) – como o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania – a respeito dos casos de ataques racistas no futebol espanhol.
A marca divulgou um comunicado para a imprensa em que diz não tolerar o racismo. “Condenamos a discriminação de qualquer forma e nos solidarizamos com Vinicius Junior e toda a comunidade do futebol". O perfil Puma Football republicou no Instagram um Stories de Vini Jr. com ícones de apoio.
O Santander, patrocinador máster da La Liga, que não renovará contrato com a entidade (algo anunciado em julho do ano passado), informou, em nota também para a imprensa, que o banco “repudia veementemente qualquer manifestação de preconceito ou racismo”. A instituição, porém, não publicou nenhum post a respeito nas redes sociais, onde La Liga chegou a ter compartilhada uma imagem em que está mixada com o capuz que simboliza a Ku Klux Klan.
Desde a temporada 2016/2017, o Santander detinha o naming rights da La Liga. Quem assume a propriedade é a EA Sports, que já é apoiadora do campeonato espanhol. A desenvolvedora de jogos passa a ser a patrocinadora máster na temporada 2023/2024. Oficialmente, a companhia não se pronunciou a respeito do caso de Vini Jr., nem mesmo por comunicado à imprensa.
O contrato da EA Sports tem duração de cinco anos e está calculado em € 30 milhões anuais. O Santander pagava € 20 milhões.
Outras duas patrocinadoras da La Liga se posicionaram. A Socios.com divulgou comunicado que diz o seguinte: "Igualdade e inclusão estão no centro de tudo o que a Socios.com representa. A Socios.com se opõe veementemente a todas as formas de discriminação e apoia toda a comunidade do futebol ao pedir tolerância zero em relação ao racismo. O esporte é para todos".
O Grupo Disney, que tem direitos de transmissões do campeonato por meio dos canais ESPN e Star+, teve um editorial lido na programação da ESPN: "Nesta semana, após os lamentáveis episódios no estádio do Valencia, nossos programas aqui na ESPN trataram do assunto com prioridade máxima. Nossos repórteres na Espanha foram para a rua, mergulharam no assunto, entrevistaram dezenas de pessoas.
Nós falamos com autoridades dos dois países, incluindo ministros e embaixadores. Os nossos comentaristas aqui na ESPN tiveram total liberdade para comentar sobre o assunto. Cobramos soluções para o odioso racismo que mancha o futebol espanhol.
Como detentores exclusivos dos jogos em LaLiga, temos a missão de seguir exibindo os jogos da competição com o mesmo espírito crítico que sempre foi a marca dos canais ESPN. Foram graças às imagens distribuídas pela ESPN para emissoras de todo o país, que o brasileiro ficou sabendo do racismo que Vinicius Júnior tantas vezes sofreu na Espanha.
Seguiremos cobrando o fim do racismo no esporte e levando, para você, fã de esportes, o que acontece nas partidas, com a esperança de que o racismo acabe de vez nos estádios da Espanha e também em todo o mundo."
Respostas dos patrocinadores da La Liga estão sendo cobradas em espanhol pelo Sleeping Giants Brasil. A iniciativa marcou as empresas em posts que pedem um posicionamento a respeito do que aconteceu com Vini Jr. Também estão sendo convocadas outras companhias, como El Corte Inglês, para apoiar o movimento que pede medidas eficazes da La Liga contra o racismo.
La Liga
A entidade que organiza o campeonato espanhol informou que se uniu ao Conselho Superior de Esportes (CSD) e à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) em uma campanha contra o racismo, na qual as três instituições desejam "mostrar de forma unânime a rejeição absoluta e inequívoca de qualquer manifestação racista".
A ação destacará as frases "Racistas, fora do futebol" e "Juntos contra o racismo". Segundo La Liga, a medida tem o objetivo de unir instituições, clubes, atletas e torcedores com o fim de erradicar completamente o racismo e aqueles que o protagonizam no futebol.
Criticada pela postura de seu presidente, Javier Tebas, logo após a primeira manifestação do atacante brasileiro depois dos atacantes da torcida do Valencia, a liga esportiva comunica que a campanha será exibida em todas as transmissões dos jogos, o que inclui as exibições internacionais. Ela estará presente também nos estádios por meio de folhetos para os torcedores. E será vista nas faixas que os times titulares vão carregar nas próximas partidas, bem como nas braçadeiras dos capitães.
Nesta quinta-feira, 25, Tebas se pronunciará em coletiva de imprensa que receberá jornalistas na sede da La Liga e também será realizada de forma virtual.