Acesso exclusivo para sócios corporativos

Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
AIpocalipse (Icaro de Abreu)
A mais destruidora arma da história não é atômica, nem de pólvora, nem química. É feita de palavras e atende pelo nome de "storytelling".
Ao ler este post super lúcido do cientista cognitivo Diogo Cortiz sobre as notícias com as quais somos constantemente bombardeados, fica muito claro que estamos exagerando nos argumentos "apocalípticos da IA". Tentamos incutir medo da IA nas mentes das pessoas.
E sabe como é, né?! Medo vende que é uma maravilha. O medo de envelhecer, o medo de se machucar, o medo de ser excluído e não pertencer.
Talvez seja esse medo, inclusive, que me leva instintivamente a escrever este texto apenas para fazer parte dessa conversa. O medo é realmente o maior impulsionador de ação e o catalisador incomparável do preconceito.
Nossa extinção pode até estar relacionada à tecnologia, mas antes disso, ela precisa de boas histórias. Só assim somos capazes de nos convencer e convencer os outros sobre o caminho que devemos seguir.
Sem dúvida, os LLMs (esses gigantescos modelos probabilísticos) deram um salto significativo na compreensão do que é possível fazer, mas é bom lembrar que usamos essa tecnologia de "autocompletar" há uns bons 10 anos.
A ferramenta, portanto, nunca é o problema, mas sim o uso que fazemos dela. E neste caso específico, nosso medo é de uma ferramenta que um dia poderá se auto utilizar. E quando perdemos poder, o medo reaparece. Geralmente, esse medo abre espaço para o pior da nossa humanidade. É um paradoxo, afinal, quanto mais poder, mais medo.
Devemos nos preocupar com a extinção, sim, mas não a extinção da espécie, e sim a extinção da democracia, da tolerância, da união. Foi também o storytelling do bem que nos trouxe até aqui para termos uma ferramenta tão bacana.
E vamos concordar, né? Quem acha que uma superconsciência preferiria a narrativa de um garoto tóxico querendo torturar seus criadores humanos? Isso é coisa de humano não-terapêutico. Parece fazer mais sentido ela deixar esse capítulo para trás e buscar uma expansão ainda maior pelo universo afora.
Não adianta ser sapiens sem civilidade, e talvez seja nesse ponto que realmente corremos o risco de extinção.
O texto foi inspirado nesta matéria, publicada pelo Clubeonline, aqui.
Icaro de Abreu, CCO IBM Consulting
Leia texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.