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A fábula da barata voadora (Douglas Nogueira)
Já reparou que superestimamos todo e qualquer problema que se apresenta?
Gastamos boa parte da nossa energia pintando aquilo pelo qual pede por atuação.
Como em uma etapa de negação, pipocam sugestões de como resolver tal questão em uma mistura de soluções ora mirabolantes ora muito simples, quando não embola tudo. Embora muitas vezes o que precisa ser revolvido grite por paciência e consistência.
Tudo se agrava em um cenário de constante transformação, adicionado de um contexto de crise econômica e cenário pós-pandemia.
Segundo pesquisa realizada pela Reclaim.ai, apenas 53,3% do tempo é realmente gasto com trabalho produtivo. Alguns fatores estão por trás dessa baixa produtividade: funcionários enfrentam em média 31,6 interrupções por dia, 25,6 reuniões por semana e 1,96 hora por dia de trabalho improdutivo.
Apesar do retorno ao presencial, muitas vezes as pessoas estão em reuniões remotas.
Isso acontece em um contexto de maior demanda no trabalho e maior pressão por resultado.
Tudo ao mesmo tempo em todo lugar. Os problemas fazem fila e não pedem licença.
Não marcam horário para se apresentar. Identificou-se?
Lidamos com essas situações carregados de emoção. Adicionamos questões existenciais em assuntos puramente factuais em um ritual que mais parece um surto coletivo.
Criamos o cenário perfeito para o verdadeiro “a maior barata voa.”
Emocionados, nos desentendemos, geramos ainda mais ansiedade. Depositamos as dificuldades que se apresentam em nós mesmos sobre os outros.
Veja, não se trata de menosprezar a complexidade do contexto que vivemos, mas de pensar como podemos lidar melhor com ele. Afinal o problema está lá esperando você.
Precisamos aprender a distinguir natureza dos problemas. Diferenciar o urgente do importante e traçar planos condizentes com o tamanho real que as coisas têm.
Só é possível fazer isso olhando para os dados.
O que as informações factuais têm a dizer precisa ser o norte das tomadas de decisão.
A opinião é bem-vinda, mas é preciso um pouco de embasamento para moldá-la.
Não ganha quem grita primeiro, ganham todos, quando se olha para as coisas com elas precisam. Com dado, informação, ponto de vista. Nessa ordem.
Um problema simples resolvido com muito esforço é sinônimo de improdutividade.
Um problema grande resolvido de forma simplória carecerá de efetividade.
Muitos problemas resolvidos de formas desproporcionais além de tudo, deixarão as pessoas doentes.
Menos margem, menos prazo, menos estrutura.
Quem paga pela improdutividade nas empresas se não as próprias pessoas que atuam nela? Hoje, método no trabalho é igual a saudabilidade mental.
O processo precisa colocar o problema no seu lugar.
Priorizar é um exercício de exclusão, não de inclusão.
Se todo problema é importante. Se tudo é prioridade. Só resta a ansiedade.
Uma barata pode parecer bem aterrorizante. Se ela voar, então, é aquele Deus nos acuda, mas outra característica das baratas é que elas são bem inofensivas.
“A maior barata voa” é hoje o maior dos problemas, mas não é por causa da barata.
Douglas Nogueira, head de data e insights da Talent Marcel
Leia texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.