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TikTok: coincidência na TV e conteúdo disfarçado
O mundo anda tão complicado que mesmo uma alegada coincidência pode gerar ruídos, no mínimo, desagradáveis. Na semana retrasada, o TikTok passou a entrar em intervalos da TV Globo com conteúdos acertados com a área comercial da emissora. Trata-se de uma campanha criada para “manter a segurança da comunidade e da plataforma” e tem como objetivo levar “informações para pais, mães, responsáveis e educadores” sobre ferramentas dirigidas para jovens entre 13 e 17 anos.
Acontece que um dos intervalos escolhidos foi o do Jornal Nacional. Na terça-feira 24, em um dos breaks, foi ao ar um dos programetes. No vídeo, Pedro Bial aparece no cenário de seu programa (“Conversa com Bial”) entrevistando o psiquiatra Jairo Bouer. Eles falam sobre o impacto das redes sociais na autoestima dos adolescentes. Bouer respondeu a uma pergunta do jornalista sobre se há uma idade em que os jovens podem entrar nas plataformas. O psiquiatra mencionou o TikTok, dizendo que a empresa orienta o uso a partir de 13 anos de idade.
No final desse intervalo, quando o JN retomou a programação, a reportagem que entrou se referia a acusações que a Meta, concorrente do TikTok, enfrenta nos EUA. A big tech foi acionada na Justiça por mais de 40 estados sob alegações de que suas plataformas (Facebook e Instagram) estão prejudicando a saúde mental de crianças e adolescentes.
Vale observar que a reportagem em questão não fez referência ao fato de o estado de Utah ter entrado com processo contra o próprio TikTok no mesmo mês (no dia 10), acusando a plataforma de prejudicar crianças por meio de algoritmos poderosos e “recursos de design manipulativos”, chegando a imitar recursos de caça-níqueis. Com isso, os jovens permaneceriam conectados no aplicativo por tempo excessivo, afetando a saúde.
Da maneira como aconteceu a transição entre o break e a volta do jornal, algumas pessoas ficaram com a sensação de que tudo foi combinado: o programete pró-TikTok e o retorno do JN com conteúdo negativo sobre um dos concorrentes da plataforma de vídeos curtos.
Para a coluna “Na Telinha”, do UOL, a Globo respondeu: “Não há qualquer relação entre a matéria exibida no 'Jornal Nacional' e a veiculação do programete de TikTok na terça-feira (24). A ação é parte de um grande projeto da marca sobre segurança e equilíbrio no uso de redes sociais, previamente programado, e que inclui entregas nos intervalos comerciais e ações de conteúdo no 'Conversa com Bial', 'Altas Horas' e 'É de Casa'."
Ao Clubeonline, o TikTok reforçou os argumentos já apresentados pela Globo, salientando que foi uma coincidência esse encontro entre o programete e a reportagem.
Além de abordar as ferramentas de segurança para jovens, a campanha pretende ressaltar “a importância dos acordos que se fazem em família sobre a utilização da plataforma e comportamento online”. A estratégia negociada com a emissora contempla ações como “parcerias com figuras públicas como Negra Li, em continuidade ao trabalho já realizado anteriormente na campanha ‘Segurança Tamanho Família’, Fátima Bernardes, Dráuzio Varella e Jairo Bauer; publicidades e publieditoriais na programação da Rede Globo, eventos e ativações in-app, entre outras iniciativas”.
O caso evidencia o quão fundamental é haver um claro alerta, uma clara indicação, de "conteúdo pago" nestes programetes encomendados por empresas anunciantes. O que, inexplicavelmente, não há. Além disso, faria diferença se houvesse um maior entendimento entre as partes (emissora e cliente), para que fossem detectadas situações como essa que podem afetar a credibilidade de ambas as marcas.
Pesquisa sobre nazismo
Dias depois, um estudo chegou a público colocando o TikTok mais uma vez na berlinda. A Folha de S. Paulo revelou no dia 28 que conteúdos nazistas e com discurso de ódio têm se alastrado na plataforma, por meio de um estratagema para disfarçar as postagens. Desse modo, os usuários podem driblar o monitoramento feito pela rede, fazendo com que seus vídeos alcancem mais gente dentro do app.
Para isso, essas pessoas usam expressões e ícones que parecem banais – como “well, well, well” –, mas que disfarçam o teor do conteúdo, impedindo que ele seja detectado como associação ao nazismo. Símbolos com clara vinculação, caso da suástica, são trocados por códigos nos apelidos. Há outros sinais, no entanto, que vão ganhando visibilidade, como o sol negro.
Questionado pelo Clubeonline se os resultados desse estudo ligaram algum sinal de alerta internamente – o que talvez pudesse aprimorar as ferramentas de monitoramento –, o TikTok apresentou dados e informações sobre a segurança da plataforma.
- “Trabalhamos constantemente para garantir que o TikTok seja um ambiente em que todos se sintam acolhidos e seguros. Para isso, nossas Diretrizes da Comunidade deixam claro o que pode e o que não pode ser publicado na nossa plataforma, incluindo organizações ou indivíduos que propagam violência e ódio”.
- “Quando um conteúdo é identificado como uma potencial violação, ele pode ser removido por meio da tecnologia ou marcado para análise adicional por nossa equipe de moderação. Das remoções, 96.5% são proativas. Isso quer dizer que vídeos são removidos antes de serem denunciados. Além disso, 90.8% das remoções são realizadas dentro de 24 horas após a publicação na nossa plataforma. E 80.9% dos vídeos são removidos antes mesmo de qualquer visualização”, explica o documento.