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Digit, novo robô da Amazon

Modelos humanóides geram questões: precisamos deles?

07.11.23

Ele está em testes, mas já faz muito barulho. Digit, um robô bípede de 1m75 da Amazon, foi apresentado há algumas semanas. Porém, continua a repercutir, a ponto de a empresa que o construiu, a Agility Robotics, celebrar nas redes sociais que a máquina ainda esteja aparecendo na imprensa. A companhia, que tem parceria com a Amazon, repostou no Facebook e no LinkedIn nesta segunda-feira, 06, uma reportagem que trazia a seguinte pergunta: "precisamos de robôs humanóides?".

Os modelos Digit estão em fase de testes em armazéns da Amazon em Seattle, nos EUA. O destino desses robôs é trabalhar em manuseios repetitivos, como nos processos de reciclagem de sacolas, liberando os funcionários humanos para tarefas mais complexas, explicou a big tech, em comunicado. Ao menos, por enquanto, já que eles ainda têm muito a evoluir.

Mas sindicatos de trabalhadores não estão simpáticos à presença desses modelos. Representantes de entidades declararam para a BBC que a Amazon há muito tempo “trata seus empregados como robôs” e que a automatização é o primeiro passo para a perda de empregos.

Garantir que a robótica seja colaborativa e apoie os funcionários é fundamental para Amazon, alegou a companhia, que, junto do Digit, apresentou a Sequoia, um robô que não se parece em nada com um humano, mas que promete ser um recurso valioso, sobretudo na temporada de compras, com Black Friday e Natal. Nesse período, a gigante tecnológica entrega 13,5 milhões de encomendas por dia nos EUA. A Sequoia, um sistema robótico que se assemelha a um carrinho, ajuda a acelerar as entregas numa taxa de 25%.

Nos últimos 10 anos, implementamos centenas de milhares de sistemas robóticos e, ao mesmo tempo, criamos centenas de milhares de empregos nas nossas operações. Isso inclui 700 categorias de novos tipos de trabalho, em funções qualificadas, que não existiam anteriormente na empresa”, afirmou a companhia, no comunicado.  Com esses aportes na tecnologia, a Amazon declarou que está equipando seus funcionários com mais recursos para desenvolverem suas carreiras, além de treiná-los para adquirirem novas habilidades.

A big tech informou ainda que a Agility Robotics é uma das empresas em que investiu como parte do seu Fundo de Inovação Industrial.Acreditamos que há uma grande oportunidade de dimensionar uma solução de manipulador móvel, como o Digit, que pode atuar de forma colaborativa com os funcionários”.

Outros robôs humanóides estão sendo desenvolvidos no mundo: Figure 01 (da Figure AI Robotics), Eve (da 1X), Apollo (da Apptronik) e Optimus, que está sendo construído pela divisão de robótica da Tesla. São máquinas capazes de carregar caixas, subir escadas e andar por terrenos irregulares. Até o momento, no entanto, as habilidades demonstradas no geral os qualificam para assistentes com nível de agilidade inferior ao dos humanos.

Diante da pergunta se precisamos mesmo de um robô humanóide, o cofundador e CEO da Agility Robotics, Damion Shelton, afirmou para o site ABC News que o Digit não é exatamente isso, e sim um modelo “human-centric(veja abaixo um vídeo da empresa a esse respeito). A ideia, segundo Shelton, não está em criar algo que se pareça com um homem, mas que possa ocupar espaços onde humanos trabalham, vivem, transitam.

Ou seja, as máquinas precisam de estruturas semelhantes para se locomoverem nesses ambientes e cumprirem suas tarefas. Tanto que uma das preocupações dos especialistas em robóticas é aprimorar os movimentos de dedos, em vez de tornar o caminhar mais parecido com o nosso.

O modelo "human-centric", no entender de Shelton, pode fazer parte do nosso cotidiano em dez, 20 anos. Digit seria o primeiro de uma geração de robôs que o CEO da Agility espera que sejam abraçados, e não temidos. O desafio está em fazer com que essas máquinas possam compreender comandos dados por humanos, transformando esse entendimento em ação. Pelo lado dos humanos, a questão está em ter certeza que haverá emprego, ainda que as empresas digam hoje que sim. O futuro mostrará se as expectativas vão corresponder à realidade.

Digit, novo robô da Amazon

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