Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
O Poder dos Jingles e da Marca Sonora na Publicidade (Rodrigo Tigre)
Músicas e sons têm um poder inegável quando se trata de criar conexões emocionais, memória e identificação em relação a campanhas publicitárias. Ao contrário da linguagem verbal, que muitas vezes requer um processamento conceitual, a música atinge diretamente nossas emoções, agindo como um portal direto para nossos sentimentos.
Essa conexão emocional é algo poderoso e inesquecível. Basta relembrar anúncios icônicos, como o da Faber Castell, que utilizou a música de Toquinho. É provável que muitos, da minha geração, imediatamente nos recordemos não apenas do anúncio, mas também da cativante canção que tocou nossos corações e continua a fazê-lo até hoje.
A música tem o poder de transcender o intelecto e alcançar o âmago de nossas emoções, tornando-se facilmente memorável, mesmo quando não estamos conscientemente tentando lembrar. Ela afeta nossos sentidos de maneira profunda, sendo traduzida pelo cérebro e, em seguida, fixada profundamente em nosso inconsciente. Quem nunca ficou o dia inteiro com aquela música (ou marca) chiclete na cabeça?
Na publicidade, a música e os sons desempenham um papel especial, e têm a capacidade de transmitir emoções que se conectam às marcas e aos produtos que estão sendo promovidos. No entanto, escolher a trilha sonora certa para criar essa conexão e evocar o sentimento desejado no anúncio é tanto um diferencial quanto um desafio.
A história dos jingles no Brasil remonta à década de 1930, e minha família tem uma conexão especial com esse legado. Em 1934, meu bisavô, Manoel Bastos Tigre, que também é o autor do lendário slogan "Se é Bayer, é bom", criou a letra do primeiro jingle brasileiro da história, "Chopp em Garrafa", para a Brahma, musicada por Ary Barroso e cantada por Orlando Silva. Para garantir a qualidade e uniformidade na transmissão da marchinha em todas as rádios da época, a música foi gravada em disco, tornando-se o primeiro fonograma publicitário nacional.
Foi por meio do rádio e dos jingles que a publicidade se popularizou no Brasil, tornando-se parte integrante da cultura popular. Antes disso, a publicidade se limitava a anúncios em revistas e jornais, atingindo apenas uma parcela restrita da população. Os jingles também serviram como base para a criação publicitária na televisão e vem contribuindo para a construção das grandes marcas até hoje.
Em resumo, o poder dos jingles e das marcas sonoras na publicidade é inegável. A música é uma ferramenta poderosa que, quando utilizada estrategicamente, pode criar laços emocionais duradouros entre as marcas e seus consumidores, tornando-se uma parte fundamental da experiência publicitária. Como a história demonstra, essa conexão entre música e publicidade tem raízes profundas e impactantes na história da comunicação comercial.
Para quem deseja conhecer um pouco sobre nossa história publicitária, convido você a ouvir o mais recente trabalho da Adsmovil em parceria com a APRO (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais). Em comemoração aos seus 50 anos, produzimos uma série de 10 episódios em formato de podcast, que explora a memória da publicidade brasileira por meio das narrativas de pessoas que fizeram parte dessa história. O primeiro episódio, ambientado na década de 1970, também faz uma viagem às origens dos jingles publicitários.
Escute o programa Whext: conhecendo a produção publicitaria em sua plataforma de podcast preferida ou neste link.
Rodrigo Tigre, Head de Áudio da Adsmovil e professor do curso Áudio 360º do IAB Brasil
Leia o texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.