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SXSW 2024

Roku: como crescer no mercado de streaming

10.03.24

Fundador, chairman e CEO da Roku, Anthony Wood compartilhou com o público do SXSW sua vocação empreendedora e sua visão sobre o presente e o futuro do streaming. Entrevistado por Bill Gurley, sócio da Benchmark, empresa de capital de risco do Vale do Silício, ele contou um pouco da história do sistema de streaming de TV que criou e que, em fevereiro, chegou a 80 milhões de contas ativas no mundo.

No painel “Streaming Into the Future: Anthony Wood on the Evolution of Digital Entertainment”, o fundador da Roku lembrou das cinco startups que abriu antes de lançar a sua empresa mais famosa. Seis em japonês se diz “roku”. A quinta companhia foi a Replay TV, que era um serviço de DVR, que Wood criou porque estava frustrado por ter perdido episódios da série “Star Trek: The Next Generation”. Ela foi vendida em 2002 por US$ 42 milhões, mas Wood não tirou a TV da cabeça. Ou mais do que isso. Como disse no painel: “Eu sempre quis fazer streaming”.

A Roku surgiu em 2008 como um meio de transformar as TVs fabricadas antes da explosão do streaming em aparelhos que poderiam acessar as novas plataformas. Ou, na época, a Netflix, que acelerou esse mercado. O dispositivo é inserido no equipamento e, dessa maneira, ele permite que a televisão também fique conectada.

Os consumidores pensam na gente como uma empresa que fabrica TVs e players de streaming, mas não ganhamos dinheiro com isso. Perderíamos se fosse só por esse lado. Ganhamos com serviços, o que significa basicamente publicidade e distribuição de streaming”, explicou.

Distribuir, no caso, envolve plataformas como Prime Video, YouTube e Pluto TV, que servem para demonstrar a variedade de modelos de plataformas. “Distribuímos serviços de streaming e somos pagos por isso. A publicidade é também um grande negócio para nós. Somos uma das principais plataformas de publicidade por streaming (dos EUA) e há muito conteúdo gratuito que licenciamos e disponibilizamos para nossos usuários”, acrescentou.

Entre os competidores da Roku estão Google e Amazon. Mas outros cenários estão se desenhando. Em fevereiro, o Walmart anunciou a compra, por US$ 2,3 bilhões, da Vizio, outra empresa que fabrica TVs e que conta com um sistema operacional, o Smart Cast. Com isso, a varejista pretende impulsionar a área de TVs conectadas e publicidade, com destaque para o retail media (leia mais aqui).

Sobre esse movimento, Wood disse que eles têm de lidar com o novo negócio do Walmart, mas salientou que a rede continuará a vender suas TVs.E venderemos muito mais neste ano”, emendou. Em 2023, a Roku aumentou as contas ativas em 10 milhões. Foram comercializados 20 milhões de seus dispositivos para streaming e 10 milhões de TVs.

Ampliar a presença fora dos EUA é uma prioridade - e Wood salientou que ainda existem muitas TVs com antenas pelo mundo. E isso vale para diversas empresas do setor, vide a Max, que acabou de chegar na América Latina.

Publicidade é outra aposta importante do mercado. Wood afirmou que 60% da audiência total de TV nos EUA está no setor. Porém, apenas 30% dos orçamentos dirigidos para a televisão vão para o streaming. Ele acredita que uma parte do dinheiro que vai para a TV linear irá migrar para os novos serviços. “É um dos nossos focos”, disse.

O CEO da Roku abordou mais um segmento que está agitando o setor: o de transmissões de jogos e competições. “Os direitos esportivos estão fragmentados em todo o ecossistema de streaming. As pessoas não sabem onde encontrar jogos”, comentou.

Segundo Wood, uma das estratégias do mercado foi o lançamento de mais serviços de streaming por parte das grandes empresas de mídia. O “detalhe” é que elas não estão ganhando receitas com os serviços. “Só Netflix e YouTube estão conseguindo”, emendou. Com isso, diversas fusões foram acontecendo. Sem conseguir equilibrar as finanças, um dos caminhos das plataformas é oferecer pacotes de assinatura com publicidade.

Três anos atrás, observou Wood, falava-se de uma nova “golden age” da TV, com produções que demandavam altos investimentos. Ou seja, as empresas apostavam fortemente no conteúdo. Mas o fato é que as plataformas estão precisando buscar mais receita.

Wood falou ainda dos “fast channels”, que chamou de streaming de TV linear. E criticou pelo “nome ruim”, dizendo depois que, de todo modo, é “uma maneira muito melhor de ver TV”. E a prova é que o modelo está crescendo. E outro assunto que entrou em discussão foi o recente plano de se formar uma nova plataforma de streaming dedicada a esportes nos EUA, unindo ESPN (Disney), Fox e Warner Bros. Discovery (leia aqui).

De acordo com o projeto, a joint venture reunirá redes lineares (14 canais) e a ESPN+, com transmissão de jogos de ligas como NFL, NBA e WNBA, mais as concorridas partidas de tênis que formam o Grand Slam, corridas da Fórmula 1 e a Copa do Mundo de futebol, entre outras competições. É um negócio que, na opinião de Wood, será bom para os consumidores.

Sobre IA, ele afirmou que a tecnologia pode ser importante no lado operacional do negócio, mas também pode ser útil no apoio da produção de roteiros, como séries – a Roku tem a Roku Channel (com conteúdo original e de terceiros). “Ela vai mudar processos. Temos um time que usa a IA no desenvolvimento de scripts”.

Para fechar, a Roku vem chamando atenção por algo inusitado: seu protetor de tela. Trata-se de uma série de imagens criadas segundo um conceito. Elas formam a Roku City, que se transformou em um fenômeno cultural que conquistou espaço até no New York Times. As cenas retratadas, que trazem o tom magenta em evidência, geraram comentários nas redes sociais do tipo “quero viver na Roku City”.

Esse protetor ficou tão popular que, no ano passado, a empresa decidiu que o espaço seria comercializado. E, assim, a companhia obteve mais uma fonte de receita, negociando projetos com marcas. “Adicionamos prédios em toda a cidade e começamos a vendê-los”, contou Wood.

A cobertura do SXSW 2024 pelo Clubeonline é um oferecimento exclusivo da Corazon Filmes (@corazonfilmes).

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