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‘IA nos faz mais humanos’, diz a OpenAI
A OpenAI é hoje uma das empresas mais populares do mundo. Apesar de ser jovem e do ChatGPT ter pouco mais de um ano, ela gera muitas expectativas em torno de suas ferramentas e dos impactos que exercerão sobre o mundo do trabalho e também sobre nossas vidas. Por isso, é natural esperar da OpenAI respostas para algumas perguntas que perturbam a sociedade, como as relativas ao perigo das deep fakes e à proteção de direitos autorais. Mas no SXSW 2024 ela não saiu da superfície.
O painel “AI and Humanity’s Co-evolution with OpenAI’s Head of ChatGPT” foi conduzido pelo jornalista Josh Constine, sócio de uma venture capital (SignalFire) e ex-editor do TechCrunch. Ele entrevistou Peter Deng, vice-presidente de consumo da OpenAI e líder de produtos, engenharia e design do ChatGPT. O executivo tem passagens pela Uber e pela Meta, onde atuou por quase dez anos. Em resposta para Constine, Deng decidiu entrar na empresa por querer fazer parte do time de desenvolvimento dessa tecnologia que considera a mais impactante com a qual pode trabalhar.
Constine começou perguntando sobre o papel da humanidade na era da inteligência artificial. “Acredito que a IA nos faz mais humanos. Se a olharmos como uma poderosa ferramenta, ela libera habilidades que nos permitem ir mais a fundo nas coisas sobre as quais queremos saber”, afirmou Deng. Ele deu como exemplo a possibilidade de estudantes lerem mais Shakespeare.
Em seus tempos de colégio, ele tinha dificuldades para entender as palavras usadas pelo bardo inglês. Com o ChatGPT, argumentou, os alunos podem compreender melhor o conteúdo e fazer perguntas para a ferramenta, tornando mais fácil a compreensão a respeito de algum personagem.
Para Deng, a IA generativa abre a mente para novos insights e em momentos em que nem todos estão disponíveis. “O ChatGPT é um professor incansável”, comparou.
Em sua visão, o mundo precisa de ferramentas flexíveis que removam barreiras para que as pessoas atinjam de forma mais fácil seus objetivos. E deu como exemplo um médico que recorreu à IA generativa para obter resumos de pesquisas recentes e que ajudariam a nortear seu próximo estudo.
Um advogado poderia, em um caso hipotético, contar com a IA como assistente, como integrante de uma equipe jurídica. “Imagine que você foi falsamente acusado de um crime. A IA é um assistente que ouve depoimentos e, em tempo real, verifica os fatos. Sendo capaz de analisar toda a jurisprudência e precedentes, ela poderia sugerir ao advogado humano uma pergunta a ser feita no julgamento. É um julgamento absolutamente humano, mas que tem esse assistente super poderoso”, disse o executivo da OpenAI.
É claro que a tecnologia nos permite obter dados de modo mais rápido. Mas Constine questionou se isso diminui nossa carga de trabalho ou se abre mais horas para continuarmos trabalhando em outras coisas? Deng respondeu que a ferramenta dá aos indivíduos a oportunidade de definir isso.
Por outro lado, apontou que a tecnologia melhora a produtividade. Um estudo publicado pela Harvard Business Review fez uma comparação com três grupos. Um deles não usou IA em suas atividades, outro recorreu ao ChatGPT e o terceiro adotou a ferramenta, mas teve treinamento. Segundo Deng, a IA reduziu em 25% o tempo para a realização das tarefas do dia.
O vp da OpenAI não entrou em polêmicas recentes, como as decisões do board a respeito de Sam Altman, sócio que foi destituído do cargo de CEO e depois retomou o posto, e as acusações sobre o impacto que redes sociais, como o Instagram, têm sobre a saúde de crianças e adolescentes. Basicamente ele respondeu que andava muito ocupado com seu time (para poder falar mais a respeito do board) e que os produtos da OpenAI são diferentes das plataformas sobre as quais caem as suspeitas.
Quanto às deep fakes, ele disse que trabalham com muita cautela nas APIs antes de lançar produtos. A medida visa diminuir os riscos desse problema, que é algo que preocupa a empresa. "A maneira como liberamos nossa tecnologia é cautelosa", reforçou.
Mas houve momentos em que Deng deu respostas que geraram um contraponto. Perguntado se deveria haver uma indicação de quando algo é feito pela IA, o head do ChapGPT demonstrou descrença quanto à relevância desse tópico para a sociedade no futuro. “No curto prazo, esse é um assunto que importa. Estamos em ano de eleição e é realmente importante termos certeza da autenticidade das coisas. No futuro não sei se as pessoas vão se preocupar com isso. Acho que vamos descobrir depois”.
Para Deng, quem iria ligar se um e-mail passou por um auto corretor ou se foi submetido a uma ferramenta de IA para ter um tom mais adequado ao receptor? E acrescentou: “quantos se importam se o anúncio de outdoor passou por Photoshop?”. No auditório se ouviram murmúrios indicando que, sim, há quem queira essa informação discriminada em uma campanha.
Já para Constine ter algum tipo de certificação é fundamental para ao menos três situações: comunicação pessoal, arte e política. “Acho que precisamos de algumas regras”, defendeu. Para uma campanha de e-mail marketing, ele não se importaria quanto ao uso de IA generativa. “Mas se minha mulher enviar para mim um poema, eu gostaria de saber se é obra dela ou da IA”, declarou, em tom bem humorado.
Diante disso, Deng afirmou que, se para as pessoas isso for uma necessidade, então, será criado algum tipo de certificação de criação humana ou por IA. Mas que isso depende da sociedade.
Outro momento em que Deng viu reações da plateia foi quando o jornalista elogiou a facilidade de se criar imagens por meio das IA generativas e, na sequência, perguntou como ele se sentiria se fosse um artista tendo sua obra utilizada para treinar a máquina.
“Acredito que artistas precisam fazer parte do ecossistema tanto quanto possível. A exata mecânica para isso, eu não sei”. Questionado se os artistas deveriam ser remunerados, Deng deu a entender que tem dúvidas quanto a isso. Mas o público se manifestou em favor dos artistas.
Veja como foi o painel com Greg Brockman, cofundador da OpenAI, no SXSW 2023 aqui.
A cobertura do SXSW 2024 pelo Clubeonline tem patrocínio exclusivo da Corazon Filmes (@corazonfilmes).