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10 Tendências do entretenimento: dos superfãs ao poder das mulheres
Em sua terceira vez no SXSW, o CEO da Luminate, Rob Jonas, apresentou dez tendências do mundo do entretenimento, análise que faz com dados sobre os segmentos de streaming de vídeo e áudio, eventos de música e gaming. Esse olhar sobre a indústria revelou quão intenso foi o ano passado.
No painel “Top Entertainment Trends for 2024: What the Data Says”, Jonas destacou que, em 2023, vimos o aumento contínuo do consumo de streaming, a proliferação de conteúdo em música, cinema e TV - em um nível sem precedentes -, greves que afetaram Hollywood e debates da indústria em torno dos efeitos da IA e do impacto do pagamento de royalties a artistas.
Com base nos dados capturados da indústria e na análise contextual do mercado, a Luminate preparou dez tendências para observamos neste ano. São as seguintes:
1.It was all stream
2.Growing global
3.Audience discovery
4.Super fans & their superpower
5.The longer lifespan of content
6.The power of female artists
7.The circle of live
8.Cleaning the mess of metadata
9.Mindfulness & music
10.The head, the tail... the whole thing
Confira mais detalhes de cada um dos itens na sequência.
1. No caso da primeira tendência, os números mostram como o consumo de streaming explodiu. O volume de conteúdo de áudio via streaming cresceu globalmente 22,3% de 2022 para 2023. Parte desse crescimento se deve ao consumo de gêneros específicos. Os streams de world (que incluem K-pop e Afro beat) tiveram alta de 26%. E os de música latina, 24%. Alguns artistas latinos atingiram, nos EUA, mais de um bilhão de streams: Bad Bunny, Peso Pluma, Eslabon Armado, Karol G, Junior H e Fuerza Regida. Em relação ao streaming de vídeo, a Netflix se mantém soberana, com alguns dos conteúdos mais populares. Mas a concorrência está avançando na preferência popular. Na parte de séries, Prime Vídeo e Paramount+ vieram na sequência com produções que entraram no Top 10. Já em filmes, depois da Netflix, no top 10 de títulos favoritos, Prime Video, Apple TV+ e Disney+ se destacaram.
2. O consumo de conteúdo global impulsiona o mercado de streaming. Podemos esperar um crescimento ainda maior à medida que a indústria ampliar a presença de produções de outros locais. Nos EUA, o público tem visto mais produções em outros idiomas. Houve aumento de 22% na participação de filmes estrangeiros entre os conteúdos mais vistos nas plataformas - em 2023 foram lançados 191 longas internacionais nos serviços de streaming de vídeo.
3. Com a expansão contínua dos conteúdos de música, artistas e consumidores enfrentam desafios na descoberta. Quem é multilíngue encontra música por meio de vários canais, como filmes, programas de TV e games. Contam ainda com plataformas sociais focadas em comunidades, caso do Discord e Reddit. O WhatsApp é também uma ferramenta popular para a garimpagem de conteúdo. As trilhas sonoras, especialmente as de filmes populares como os do Aranhaverso, são mais uma forma de introduzir novos artistas e gêneros para o público. Plataformas que exploram vídeos curtos, entre elas, o TikTok, estão se tornando fontes cada vez mais importantes para esse tipo de achado. Um “detalhe” interessante: a participação das aplicações de vídeos curtos na descoberta de musicas se diferencia em função da geração. Para os GenZ, o primeiro lugar fica com o TikTok (64%), seguido de Snapchat e Reels (Instagram). Para a geração Alfa, a liderança é também do TikTok (72%), mas depois estão YouTube Shorts e Snapchat.
4. Os superfãs estão em ascensão na indústria da música. Nos EUA, 18% dos ouvintes se encaixam nesse conceito, definido pela pessoa que se envolve com artistas ou bandas e seu conteúdo de cinco diferentes maneiras, que vão do consumo via streaming à compra de álbuns físicos. Os superfãs têm efeito significativo sobre o crescimento de receitas. Isso quer dizer que eles gastam substancialmente mais com música e mercadorias associadas ao artista em comparação com o ouvinte médio de música. As vendas diretas ao consumidor por meio de e-commerce dos artistas e das gravadoras estão aumentando, indicando uma tendência de cantores, cantoras artistas e grupos venderem diretamente aos fãs. Um ponto é que a música de catálogo tem presença importante no streaming, com faixas de décadas passadas gerando fluxos substanciais, particularmente alimentados por vídeos feitos no TikTok.
5. Houve um declínio de quase 21% na quantidade de estreias de filmes e programas de TV nos EUA, o que se associa às greves de 2023 e também à queda nos investimentos na produção, em comparação ao pico dos anos anteriores. Mas há muito conteúdo para as pessoas consumirem, seja na música ou no audiovisual, em diversas plataformas. Em geral, a produção atual atrai mais a atenção, mas, para certos gêneros, o conteúdo de catálogo importa bastante. No caso de rock, por exemplo, o consumo do que se chama deep catalog (músicas que foram lançadas há mais de 36 meses) tem grande participação versus conteúdo atual (até 18 meses do lançamento).
6. Em 2023, alguns nomes foram prevalentes no mundo do entretenimento: Taylor Swift, Beyoncé, Barbie. Na música e no cinema, as mulheres deram as cartas. No ano passado, houve um aumento notável no consumo de música de cantoras, reforçando uma tendência que se nota desde 2019. O impacto de Taylor Swift na indústria, evidenciado pelas vendas de ingressos em seus shows e de seus álbuns, além dos números de streaming, comprova esta tendência. Beyoncé também demonstrou esse poder: seu filme-concerto “Renaissance: A Film by Beyoncé” arrecadou US$ 22 bilhões no primeiro mês do lançamento. Nos cinemas, “Barbie” bateu recorde de bilheteria: quase US$ 1,5 bilhão no ano passado.
7. Os eventos de música ao vivo estão cada vez mais robustos, com o setor se recuperando do efeito da pandemia de covid sobre os negócios. Os Millennials demonstram ser consumidores ávidos de shows e festivais, gastando significativamente mais por mês em eventos em comparação a outros grupos demográficos. O impacto dos eventos de música ao vivo no mercado local também merece atenção. Turnês e festivais impulsionaram os acessos ao streaming, movimento que aumenta, por tabela, os royalties dos artistas. O consumo de músicas nas plataformas servem como indicativo de vendas de ingressos, indicando as preferências do público.
8. O termo “metadados” vem ganhando peso nas discussões da indústria de entretenimento. Com o aumento na criação de conteúdos facilitado pela inteligência artificial, o mercado enfrenta um desafio importante para a identificação dos legítimos detentores de direitos. Vale observar a proliferação de artistas que têm nomes idênticos ou semelhantes para dar a dimensão do problema. Existe uma variedade muito grande de artistas que se apresentam como Drake, repetindo o nome do rapper de modo igual ou parecidos. Essas variações representam um obstáculo significativo ao pagamento preciso de royalties. A questão abrange compositores, roteiristas e outros profissionais, complicando a tarefa de identificar os verdadeiros donos dos direitos. A complexidade do rastreamento de metadados é agravada por discrepâncias entre as bases de dados sobre gravação e produção e lançamento do conteúdo. À medida que a indústria debate as implicações da IA na criação de conteúdos, enfrentar os desafios dos metadados surge como uma preocupação urgente, exigindo esforços colaborativos entre vários players para garantir transparência e compensação justa. Para uma indústria global e dinâmica, será necessário ter uma melhor cobertura dos dados identificadores.
9. O conceito de mindfulness tem se expandido. Ele também envolve a música. Sons para dormir, barulho do mar, piados de passarinhos, ruídos de toques suaves em objetos, gerando efeitos sonoros suaves que entram num conceito tratado por N.E.A.R.S (Nature Noise, Effects, Ambient, Relaxation & Sounds). Os serviços de streaming estão tentando descobrir como esse tipo de áudio vem evoluindo nas plataformas.
10. No ano passado, o estudo já havia reportado um crescimento recorde de códigos ISRCs, um padrão internacional para identificar de modo único gravações de áudio e de vídeo. O número de ISRCs que “subiram” nas plataformas de streaming diariamente aumentou 11% em 2023, comparado a 2020. Isso significa que no ano passado mais de 103 mil tracks entraram nas plataformas a cada dia. Apesar dessa alta, o impacto das faixas individuais varia significativamente, com mais de 45 milhões de faixas recebendo zero streams e quase 80 milhões de faixas obtendo 10 streams ou menos. Essa disparidade ressalta os desafios enfrentados pelos artistas emergentes para ganhar visibilidade e reconhecimento no meio de um enorme volume de conteúdo. Um ponto importante é que a distribuição independente de música está se fortalecendo. Quase 26% dos artistas que geram entre 10 milhões e 15 milhões de streams de áudio recorrem a distribuidores independentes. Isso mostra que indústria musical está evoluindo com mais abertura para os artistas independentes.
O relatório pode ser baixado aqui.
A cobertura do SXSW 2024 pelo Clubeonline é um oferecimento exclusivo da Corazon Filmes (@corazonfilmes).